Henrique Neto vai exigir
respostas dos partidos para questões estratégicas
MARIA LOPES
27/04/2015 - PÚBLICO
Candidato presidencial reuniu-se
com o PSD e tem encontro marcado com o PS para terça-feira. O empresário
critica a proposta socialista para a TSU.
Se de um candidato
presidencial se esperam respostas e promessas para quando for eleito, Henrique
Neto considera que o mesmo candidato tem o direito de saber o que pensam e vão
prometer os partidos sobre os temas que dominam a vida nacional antes das
legislativas.
Por isso, nos
próximos meses e antes das eleições para a Assembleia da República, os partidos
políticos serão confrontados por Henrique Neto sobre as suas opções para uma
estratégia de desenvolvimento sustentável e o candidato avisa que terão que ser
“respostas concretas” para dar a conhecer aos portugueses. “Isso constituirá o
meu contributo para que os partidos valorizem o debate eleitoral e digam a
verdade sobre o país”, escreve o candidato numa declaração política que esta
segunda-feira entregou ao PSD, onde foi recebido por Marco António Costa, José
Matos Correia e José Matos Rosa.
À saída,
questionado pelos jornalistas sobre se daria posse a um executivo minoritário,
o candidato não deu uma resposta directa. Mas avisou: "Se um Governo
minoritário, comigo na Presidência, não correspondesse ou não resolvesse os
grandes problemas nacionais, ou se não estivessem pelo menos bem anunciados ou
não tivessem sido discutidos na campanha eleitoral, eu teria de tirar daí as
necessárias consequências." E sobre as alianças ou compromissos, Henrique
Neto defendeu ser “desejável um consenso entre os partidos, dependendo dos
resultados das eleições”.
Ao PSD, Henrique
Neto deixou um conjunto de documentos sobre o sistema político, a sua visão
estratégica para o país nos próximos 15/20 anos e ainda outra sobre o
crescimento económico. “É uma visão integrada de desígnio nacional que devia
interessar a todos os partidos”, resumiu ao PÚBLICO.
Na declaração
política, Henrique Neto defende a necessidade de os partidos serem capazes de
oferecer uma “perspectiva séria e positiva sobre o futuro”, consensualizando
uma “estratégia de desenvolvimento” partilhada para o país e definindo
políticas sectoriais que promovam o investimento privado para aumentar as
exportações para, pelo menos, 60% do PIB em cinco anos.
O candidato
pretende também uma reforma no funcionamento do sistema político que privilegie
a estabilidade das políticas. A que soma a urgente necessidade de alteração das
leis eleitorais – como por exemplo a substituição das listas fechadas dos
partidos pela possibilidade do voto nominal, para que os deputados
“representem, de facto, os eleitores” -, do reforço dos mecanismos de prevenção
e combate à corrupção, a incompatibilidade entre o exercício da actividade
política e a gestão de interesses económicos.
Nessa filosofia
da transparência e do compromisso público com os eleitores, Henrique Neto vê
com bons olhos o facto de o PS ter anunciado com tempo um esboço do seu
programa que é o documento Uma Década para Portugal, assim como o Plano de
Estabilidade e o Plano Nacional de Reformas do Governo PSD/CDS – que irá
condicionar o seu programa eleitoral conjunto.
“São um passo
positivo no caminho do esclarecimento dos eleitores até às eleições. No passado
não havia papéis tão quantificados e tendencialmente rigorosos.” Porém, avisa,
“este tipo de documento não se deve ficar pela contabilidade do deve e do
haver, porque isso restringe o debate sobre a economia e o crescimento
económico. Os dois partidos fizeram uma métrica sobre défice e PIB, uma
contabilidade. Mas para que haja crescimento da economia tem que se mexer no
modelo económico. O crescimento da economia tem que vir de novos factos, de
mudança - mas não está nos dois documentos como se cresce.”
Críticas à TSU do PS
Esta terça-feira
Henrique Neto reúne-se com o presidente do PS, Carlos César. Para além destas
questões estará também outra mais específica: a da descida da TSU, propostas
pelos socialistas no seu cenário macroeconómico “Uma Década para Portugal”.
“Não concordo como
modelo de redução da TSU do PS. A redução da TSU deve ser feita para empresas
de mão-de-obra intensiva, de sectores de bens transaccionáveis. E aumentada em
valor equitativo para as empresas de capital intensivo, que empregam menos
pessoas. Ou seja, devemos usar a TSU como instrumento de política económica e
melhorar a competitividade dos sectores necessários para a exportação”, defende
Henrique Neto. Porque “reduzir para todos é, em princípio, bom para a economia,
mas é mau para a Segurança Social”.
“O sector dos
bens não transaccionáveis tem sido o parente rico da economia portuguesa, com
rendas e contratos vantajosos com o Estado. Seria uma forma de recuperar para a
Segurança Social dinheiro que andaram a receber do Estado estes anos todos”,
remata o empresário.
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