RELATÓRIO OCDE
Lisboa.
Pode envelhecer-se aqui?
30/4/2015,
OBSERVADOR
Os
números de 2014 indicam que 24% da população que habita em Lisboa
tem mais de 65 anos. A OCDE quis saber que medidas estão a ser
tomadas para que a população mais idosa não viva isolada.
As conclusões são
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE) e revelam que a população nas cidades mais desenvolvidas
economicamente está a envelhecer mais rapidamente do que a população
das zonas rurais. Em números: 14% das pessoas que vivem em grandes
cidades tem mais de 65 anos quando, há dez anos, esta percentagem
era de 12%. A OCDE baseou-se nas estatísticas demográficas de nove
cidades, entre elas Lisboa – onde 24% dos residentes tem mais de 65
anos.
Além da capital
portuguesa, os números somados no relatório “Ageing in Cities”
são de Toyama e Yokohama , no Japão, Calgary no Canadá, Colónia,
na Alemanha, Brno na República Checa, Manchester no Reino Unido,
Philadelphia nos Estados Unidos e em Helsínquia , na Finlândia.
Consequentemente, todas estas cidades terão que repensar as suas
infraestruturas e as suas políticas sociais. A OCDE foi ver como
cada cidade está a lidar com o envelhecimento da população e
concluiu que Lisboa está a tomar medidas para se tornar mais
atrativa, a apostar na reabilitação urbana e que, até, tem um
plano de acessibilidade pedonal.
De acordo com as
conclusões da OCDE, baseadas em informações da Câmara Municipal
de Lisboa, há vários organismos públicos e privados interessados
em transformar a capital portuguesa, onde vivem segundo as
estatísticas de 2011, 552 700 pessoas.
“Lisboa está
empenhada em ajudar os mais velhos, de forma a que permaneçam
independentes através de estratégias não só na área da saúde,
mas também na acessibilidade física”, conclui o relatório.
Por outro lado, a
autarquia está também empenhada em atrair famílias mais jovens e
estudantes, para que contribuam para a economia e, consequentemente,
para o desenvolvimento de políticas de apoio aos mais idosos. Para
tal, a autarquia está a apostar na reabilitação urbana para atrair
novas pessoas. Há ainda voluntários a fazer levantamentos de
quantas pessoas idosas vivem sozinhas e em que condições.
Os problemas que
Lisboa enfrenta
O maior desafio para
a cidade e para a população mais envelhecida é a recuperação
económica. A taxa de população empregada com mais de 45 anos está
nos 49,9%, abaixo da média nacional, o que significa uma redução
nos impostos entrados assim como uma redução da capacidade laboral.
Além dos desafios
económicos, há desafios sociais: a acessibilidade aos serviços.
Promover a acessibilidade, diz o relatório da OCDE, não é só
promover formas de as pessoas se deslocarem diariamente na sua rotina
diária, mas prevenir o isolamento social. “O uso dos transportes
públicos é baixo”, conclui a OCDE. Números de 2011 dão conta de
que 17 das pessoas mais idosas usam transportes públicos, 43% usam
carro e 39% andam a pé. Desde então, os números de quem anda de
transporte público desceram, porque as reduções de preços para
mais de 65 anos eram de 50% e passaram a 25%. Por outro lado, os
idosos também têm dificuldade em perceber a rede de transportes
públicos, o que os demove. Acresce a falta de cobertura de
transportes nalgumas zonas de Lisboa. Estas mudanças, diz o
relatório, estão nas maus do Governo. Andar a pé em Lisboa também
não é fácil. Há poucos passeios e poucas zonas pedonais.
Acresce a pobreza.
Em 2011, 7,3% da população idosa vivia na pobreza – tendo em
conta os rendimentos serem menos de metade que a média nacional. A
falta de condições económicas e a falta de mobilidade conduz ao
isolamento das populações mais envelhecidas, alerta a OCDE.
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