sábado, 6 de dezembro de 2014

Sócrates sozinho, por VASCO PULIDO VALENTE

“Soares agraciou o sítio e largou umas tantas brutalidades, que espantaram quem não o conhece e deram para uns minutos de falatório. No fim, Guterres lá se atreveu a mostrar o nariz, visivelmente contrariado, e, como não gosta, nem nunca gostou de tomar decisões, reduziu a cerimónia a vinte minutos e a duas frases. Hoje, com o saco de celebridades vazio, suponho que não irá ninguém e que o acampamento em frente da prisão, para grande desgosto do café do sítio, voltará a pouco e pouco para Lisboa.”
VASCO PULIDO VALENTE

Sócrates sozinho
VASCO PULIDO VALENTE 06/12/2014 - 01:46
Sócrates não percebeu que para fabricar uma polémica precisava de quem se dispusesse a discutir com ele.

Como aqui disse, Sócrates decidiu transformar um processo puramente jurídico num processo público e político. Não mediu bem as consequências. Verdade que desde 21 de Novembro até hoje quase não se falou de outra coisa.

Houve primeiro simples surpresa de o ver detido e, depois, preso, que seria a mesma com fugas de informação ou sem elas. Houve, a seguir, o congresso do PS e a curiosidade de saber se Costa conseguia meter as tropas na ordem. Entretanto, a televisão e os jornais, com ou sem notícias, não se calavam. Apareceram acampamentos à porta do tribunal e, quando já não estava lá ninguém, levantaram a tenda em menos de meia hora. Agora, era Évora e o centro de operações e a informação mais “sensacional” a do próprio Sócrates, que, de resto, não se poupou.

Vieram também visitas. Ao princípio do círculo mais próximo, como se esperava. Com o tempo (duas semanas) notabilidades caducas do PS, para chamar a atenção sobre si próprias, também decidiram fazer uma peregrinação, supostamente de amizade e de camaradagem. Soares agraciou o sítio e largou umas tantas brutalidades, que espantaram quem não o conhece e deram para uns minutos de falatório. No fim, Guterres lá se atreveu a mostrar o nariz, visivelmente contrariado, e, como não gosta, nem nunca gostou de tomar decisões, reduziu a cerimónia a vinte minutos e a duas frases. Hoje, com o saco de celebridades vazio, suponho que não irá ninguém e que o acampamento em frente da prisão, para grande desgosto do café do sítio, voltará a pouco e pouco para Lisboa.


Não vale a pena perder tempo com a violência do manifesto do eng. Sócrates, anteontem publicado no Diário de Notícias. Toda a gente que ele ataca não abriu a boca. Os políticos não comentaram, os jornalistas não comentaram, os professores de Direito não comentaram e “as pessoas decentes” com certeza que não leram aquela diatribe de autopiedade e fúria. Ainda por cima, Sócrates não percebeu que para fabricar uma polémica precisava de quem se dispusesse a discutir com ele. Não basta que ele se torça de raiva ou que insulte este mundo e o outro, se não tiver resposta; e ele já anda pelas páginas “mortas” dos jornais. Claro que o “animal feroz” não se calará. Mas não me cheira que o país se rale com isso, nem que o PS se ache no dever de o carregar por muito mais tempo.

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