Ex-motorista de Sócrates já está
em casa com pulseira electrónica
MARIANA OLIVEIRA
23/12/2014 - PÚBLICO
Advogado de João Perna diz que saída do cliente da cadeia é uma
"grande vitória" e que este "está muito satisfeito" por
voltar a casa.
O ex-motorista do
antigo primeiro-ministro José Sócrates, João Perna, saiu nesta terça-feira da
cadeia e já se encontra em casa, no Samouco, concelho de Alcochete, onde chegou
pelas 17h40. Pouco depois, o seu advogado, Ricardo Candeias, explicou, em
declarações à comunicação social, que o cliente saiu da prisão porque o
tribunal aceitou que o perigo de fuga "diminuiu consideravelmente, assim
como o perigo de perturbação da prova", apelidando esta alteração como
“uma grande vitória".
À chegada a casa,
João Perna — que estava preso preventivamente há um mês — foi aplaudido por
alguns vizinhos quando saiu da carrinha celular dos serviços prisionais. Entrou
rapidamente na porta do prédio, sem prestar declarações nem mostrar a cara.
Perna passará o
Natal e o fim de ano em casa, em prisão domiciliária com pulseira electrónica. A
medida de coacção foi alterada na semana passada depois de o ex-motorista de
Sócrates, indiciado pelos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal e
posse ilegal de arma, ter sido sujeito a um segundo interrogatório judicial,
onde terá decidido colaborar com o Ministério Público.
“Factos
relevantíssimos”
Questionado sobre
esta questão, o advogado do ex-motorista insistiu que a colaboração é "um
pouco mistificada". E acrescentou: "Na verdade, João Perna, numa fase
inicial, prestou declarações num determinado sentido e o que se fez agora, além
de esclarecimentos complementares, foi introduzir uma série de factos
relevantíssimos, na nossa opinião, que levaram o tribunal a ficar convencido de
que não se justificava a prisão preventiva".
Visivelmente
satisfeito, Ricardo Candeias escudou-se várias vezes no segredo de justiça para
não responder às perguntas dos jornalistas, recusando-se a esclarecer se o
cliente alguma vez foi fazer entregas a Sócrates em Paris. "No exercício
das suas funções, ele saiu várias vezes de Portugal", repetiu o advogado,
insistindo que não era relevante saber para onde. "Não compreendo tanta
celeuma, porque na verdade não é isso que está a ser discutido no presente
processo, são coisas muitíssimo mais relevantes ", comentou.
Ricardo Candeias
sublinhou que João Perna “nunca teve nada a esconder no âmbito deste
inquérito”, referindo que o cliente não cometeu nenhum crime e está disponível
para esclarecer as autoridades. O advogado adianta que já falou com o cliente
após o seu regresso a casa, afirmando que este se encontra bem. “Ele está muito
satisfeito e a família está muito satisfeita”, resumiu o advogado, que
assegurou que João Perna vai aguardar serenamente o desenrolar do processo. Ricardo
Candeias reconheceu que é preciso “trabalhar mais no processo” e que o seu
objectivo é que as imputações feitas ao cliente terminem arquivadas.
Técnicos da
Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais estiveram na última
segunda-feira na habitação de Perna, tendo considerado que a residência tinha
as condições necessárias para que o arguido fique em prisão domiciliária. O
relatório dos serviços prisionais foi entregue esta terça-feira ao juiz Carlos
Alexandre, que ordenou a saída de Perna da cadeia.
Na sexta-feira
passada, os serviços prisionais receberam o despacho de Carlos Alexandre para
se pronunciarem sobre as condições existentes na habitação. Em casos comuns, os
técnicos têm cinco dias para emitir o parecer, mas fonte dos serviços
prisionais garantiu que o processo foi considerado urgente face à proximidade
do Natal.
Ainda na cadeia
de Évora, o antigo primeiro-ministro recebeu nesta terça-feira a visita do
líder da bancada parlamentar socialista, Eduardo Ferro Rodrigues, que recusou
fazer qualquer comentário sobre o encontro.
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