Primeiro-ministro Samaras quer
fazer das eleições gregas “referendo” sobre a Europa
JOÃO MANUEL ROCHA
30/12/2014 - PÚBLICO
“É particularmente a permanência da Grécia na Europa que está em jogo”,
disse, num encontro com o Presidente
O
primeiro-ministro cessante da Grécia, Antonis Samaras, quer fazer das eleições
legislativas antecipadas previstas para 25 de Janeiro uma espécie de referendo
à “permanência da Grécia na Europa”.
“Nesta batalha,
não são os partidos políticos que vêm em primeiro lugar, mas a nação, é
particularmente a permanência da Grécia na Europa que está em jogo”, disse,
citado pelo diário Ekathimerini, num encontro com o Presidente da República,
Karolos Papoulias, a quem pediu, nos termos constitucionais, a dissolução do
Parlamento e a convocação de eleições.
Sem que desta vez
o tenha dito explicitamente, Samaras, líder do partido conservador Nova
Democracia, entende que uma vitória do principal partido da oposição – o Syriza
(Coligação de Esquerda Radical), que tem liderado as sondagens, põe em causa a
permanência da Grécia na zona euro. O partido de esquerda tem repetido que é
favorável à permanência da Grécia na União Europeia e na zona euro, embora
defenda uma renegociação da dívida.
“As eleições não
eram necessárias”, disse também Samaras, lamentando a falta de apoio dos
deputados à eleição de Stavros Dimas, candidato único do campo governamental à
sucessão de Papoulias na chefia do Estado – facto que determinou a antecipação
das legislativas.
A possibilidade
de saída da Grécia da zona euro foi várias vezes invocada por Samaras,
designadamente nas legislativas que o levaram ao poder, em 2012. Mas analistas
ouvidos pela AFP consideram que a Grécia não está na mesma situação financeira
de há dois anos e que o Syriza moderou as suas posições.
As legislativas
deverão ser muito polarizadas, opondo a Nova Democracia de Samaras - partido
liderante da actual coligação governamental com os socialistas do Pasok - ao
Syriza. Os mais recentes estudos de opinião dão uma vantagem da ordem dos três
por centro ao partido de esquerda.
Mas é improvável,
qualquer que seja o vencedor, que consiga uma maioria parlamentar suficiente
para formar Governo, o que obrigará a alianças com partidos de menor expressão
cujos resultados são, nesta altura, imprevisíveis. “A paisagem política actual
continua opaca porque não se sabe quais dos pequenos partidos terão
representação no Parlamento e quem poderá participar numa coligação”, disse à
agência o sociólogo Manolis Alexakis, da Universidade de Creta.
Após as
legislativas, em Fevereiro deverá ser eleito pelo futuro Parlamento um novo
Presidente da República.
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