A Grã Bretanha fecha-se sobre si mesma.
Prelúdio anunciador de futura Europa dividida em
“castas” determinadas pelo PIB ?
Início do fim do Sonho Europeu baseado numa
unidade Cultural e de Solidariedade entre os Povos? A eclosão de Nacionalismos
separatistas baseados em ressentimentos e temores excitados por populismos,
assimilados pelos Partidos “Clássicos”?
A Europa Social e Humanista não acompanhou a Europa Económica.
A Obsessão financeira/contabilista, e a sua
reduçào da muito mais vasta Ciência Económica a um especialismo Neo-Liberal,
está a destruir o tecido social e o sonhado Projecto Europeu.
OVOODOCORVO / António
Sérgio Rosa de Carvalho
"All three mainstream parties are
terrified of Ukip, and aware of the state of public opinion. Next September's
referendum on whether the people of
Cameron Seeks Welfare Restrictions for EU Migrants
Net Long-Term
Migration to
By NICHOLAS WINNING
Updated Nov. 27, 2014 11:00 p.m. ET / http://www.wsj.com/articles/cameron-pressured-by-immigration-1417088447
And in a veiled threat to the rest of
Europe that his support for Britain’s membership in the EU has its limits, Mr.
Cameron plans to say that if his demands fall on deaf ears, “then of course I
rule nothing out,” according to extracts released in advance of a speech due
Friday morning in the U.K.
The move is an effort by Mr. Cameron to
toughen his stance on immigration, which is shaping up to be a key issue in the
Mr. Cameron is due to say EU migrants would
have to live in
“My objective is simple: to make our
immigration system fairer and reduce the current exceptionally high level of
migration from within the EU into the
Many lawmakers from Mr. Cameron’s
Conservative Party and other proponents of curbs argue the increase in
immigrants is straining public services, such as schools and housing,
particularly as the government is cutting spending on those services. But many
businesses and others argue that people from overseas help plug crucial gaps in
skills and that curbs would damage
Adding to the pressure on Mr. Cameron is
the small but growing rival U.K. Independence Party that is winning over some
traditional Conservative voters with its tough-on-immigration message. UKIP,
which has seen a large part of its support come from traditional Conservative
voters, could pose an electoral threat to the Conservatives at the general
election by draining votes in crucial seats.
Mr. Cameron must tread a careful path. He
has found some sympathy for his position within the EU, where many countries
would prefer the
“I say to our European partners…we deserve
to be heard, and we must be heard. Here is an issue which matters to the
British people, and to our future in the European Union,” Mr. Cameron plans to
say.
Mr. Cameron has pledged that if he wins a
second term next May, he will renegotiate
In his speech, he expects to say the issue
of free movement will be a key part of that negotiation, and if he succeeds, he
will campaign to keep
“If our concerns fall on deaf ears and we
cannot put our relationship with the EU on a better footing, then of course I
rule nothing out. But I am confident that, with goodwill and understanding, we
can and will succeed,” he will say.
The speech comes on the heels of official
statistics released Thursday that showed an estimated 260,000 more people came
to
More than half of the increase in people
coming to the
The numbers were a blow for Mr. Cameron,
who had pledged to cut net migration to below 100,000 by the May election. In
recent days, government ministers have acknowledged that is unlikely.
Analysts have noted that the British
government is unable to completely control immigration because its membership
in the EU means it can’t block migrants from other countries in the bloc from
coming to the
“People want grip. I get that. They don’t
want limitless immigration, and they don’t want no immigration. They want
controlled immigration. And they are right,” Mr. Cameron will say.
Mr. Cameron will say nationals from new
member states joining the EU in the future will be barred from getting a job in
“We want EU jobseekers to have a job offer
before they come here and to stop U.K. taxpayers having to support them if they
don’t…EU jobseekers who don’t pay in will no longer get anything out. And those
who do come will no longer be able to stay if they can’t find work,” he will
say.
The British prime minister also will
promise to abolish the system where EU migrants can bring family members from
outside the EU without any restrictions; impose tougher and longer re-entry
bans for the homeless and beggars from other EU countries; and institute
stronger arrangements for deporting EU criminals and stopping them from coming
back.
“So we do not want to destroy that
principle or turn it on its head. But freedom of movement has never been an
unqualified right, and we now need to allow it to operate on a more sustainable
basis in the light of the experience of recent years,” he will say.
Write to Nicholas Winning at
nick.winning@wsj.com
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O ano vivido por Diana Leite
: Por um job, pelo futuro
NATÁLIA FARIA /
28-12-2014 / PÚBLICO
“Não valia
a pena continuar em Portugal, sempre a bater na mesma tecla, à espera de
migalhas. Decidi tentar cá fora”
“82,5 mil
portugueses saíram do país, em média, por ano entre 2007 e 2012”
Diana, professora
de educação especial, foi um dos milhares de portugueses que, em 2014,
debandaram para o Reino Unido, actualmente o principal destino da emigração
nacional.
2014 foi o ano em
que Diana Leite lançou os dados da sua vida: professora desempregada há mais de
um ano, voou para Londres no dia 14 de Novembro. No bolso, três mil euros (ou
seja, o suficiente para viver cerca de três meses) e a esperança de encontrar
emprego como professora de educação especial. “Não valia a pena continuar em
Portugal, sempre a bater na mesma tecla, à espera de migalhas. Decidi tentar cá
fora”, sintetiza, numa conversa com o PÚBLICO via Skype.
Como ela,
milhares de portugueses trocaram um futuro que em Portugal ameaçava desemprego
e precariedade pela expectativa de uma vida normal no estrangeiro. Quando um
dia se escrever a história destes anos, Portugal surgirá nos compêndios como um
dos grandes exportadores de mão-de-obra (qualificada e desqualificada). Para a
Europa, mas também para países como o Brasil, Moçambique e Angola, embora a
crise pareça ter acentuado o carácter europeu da emigração portuguesa
Em 2010, foram
para a Europa mais de 85% dos emigrantes que nesse ano saíram de Portugal,
segundo o último relatório estatístico do Observatório da Emigração. Neste
documento recorda-se que Portugal é o país da União Europeia com mais
emigração, o que é só uma outra forma de lembrar que os portugueses emigrados
representam hoje mais de um quinto da população residente. Aos destinos
tradicionais, como a Alemanha, a França e o Luxemburgo, juntaram-se nos últimos
anos países como Suíça, Espanha e Reino Unido. “O Reino Unido é hoje o
principal destino da emigração portuguesa, seguido da Suíça, Alemanha e
Espanha”, concretiza o relatório, coordenado pelo investigador do ISCTE Rui
Pena Pires.
Ainda no
mapa-mundo da emigração portuguesa, impressiona ler-se que o conjunto dos
portugueses emigrados para o Reino Unido, Suíça e Espanha aumentou cerca de
600% (contra um aumento de 68% para a generalidade dos países europeus).
Entre 2007 e 2012
saíram do país, em média, 82,5 mil portugueses por ano, “mas em crescimento,
oscilando entre 70 mil e 95 mil ao longo do período” considerado. Os dados de 2013
apontam para um novo e substancial aumento. O mesmo relatório, que tomava o
pulso à emigração a partir da consulta aos registos de entrada dos portugueses
nos países de destino, falava em 110 mil portugueses emigrados no ano passado.
Mas as estimativas do Instituto Nacional de Estatística, baseadas no inquérito
permanente ao emprego que contém perguntas sobre emigração e elencadas há dias
pela base de dados Pordata, apontavam já para128 mil portugueses emigrados em
2013, contra os 121.418 mil de 2012 e os 100 mil de 2011.
Voltando ao Reino
Unido, para onde foi Diana Isabel Leite, este destino registou em 2013 um
aumento de 50% no número de novas chegadas. Mais de 30 mil portugueses
emigraram para o Reino Unido no ano passado, comparativamente com os 20,4 mil
portugueses que em 2012 tinham escolhido aquele destino para trabalhar.
Sobre o
substantivo feminino emigração, define o dicionário da Porto Editora: “Acto ou
efeito de emigrar; saída voluntária da pátria”. É verdade que ninguém lhe
apontava uma arma às têmporas, quando, aos 33 anos, Diana decidiu emigrar. Mas
não se poderá propriamente falar de uma opção livre, motivada pela vontade de
experimentar uma pátria alheia. “Quando fiquei desempregada, tive de voltar
para casa dos meus pais, para não gastar o meu subsídio de desemprego. Foi
bastante estranho, porque já estava habituada às minhas coisas e às minhas
rotinas, e na casa dos meus pais tive de voltar a cingir-me às regras deles. Se
me viam a pé à meia-noite, começavam a ralhar. Os meus pais são pessoas mesmo
espectaculares, mas têm as suas próprias regras”.
Para se voltar ao
momento em que Diana percebeu que o seu futuro não passaria por Portugal temos
de recuar alguns anos. Natural da Maia, nos arredores do Porto, acabou o curso
universitário em 2006. Tinha 26 anos, uma média de 14 valores e a certeza de
que queria passar o resto da sua vida profissional a dar aulas. “Não conseguia
arranjar trabalho e foi por isso que em 2007 decidi fazer uma pós-graduação em
educação especial. Terminei em 2009, mas, nesse intervalo, trabalhei em
part-time como professora de expressão musical em AEC [Actividades de
Enriquecimento Curricular] ”.
Aos 29 anos,
Diana Leite consegue finalmente colocação como professora de educação especial
numa escola de Loulé. “Estive sempre a trabalhar com contratos anuais, entre
2009 e Agosto de 2013” .
Foram quatro anos, sempre na mesma escola, sempre no ensino especial e sempre a
contrato. Apesar de a situação profissional não lhe permitir perspectivar o
futuro por períodos superiores a um ano, Diana instalou-se. Alugou casa.
“Recebia à volta de mil euros líquidos, pagava 400 de casa, tinha o meu carro…
Ia a casa uma vez por mês, para não gastar muito, e, desde que não me esticasse
nos gastos, dava para viver”, recorda.
Daria para viver
a prazo. Porque se na altura se pusesse a congeminar sobre o futuro, Diana
teria já então concluído aquilo que se lhe afigurou claro como água quando, a
31 de Agosto de 2013, não lhe renovaram o contrato. “Não tinha a mínima
hipótese de me vincular a uma escola. Via professores com seis e oito anos de
serviço a conseguirem vagas de um mês e depois a terem de esperar mais dois ou
três meses por um novo contrato de um mês." Portanto, a alternativa era
entre aceitar ter uma vida errante e precária ou conseguir uma vaga no ensino
privado em condições também muito precárias ou em estágios do IEFP, "e a
ganhar muito pouco”.
Mês de praia e
bolas de Berlim para muitos portugueses, Agosto foi um mês em que Diana Leite
decidiu dar uma segunda oportunidade ao país. “Na altura decidi ficar até
Dezembro, para ver se conseguia ou não emprego”. Preocupava-a já então a ideia
de uma velhice sem direito a reforma. “Estava com 34 anos. Se não começasse a
descontar, seria um futuro negro, nunca mais teria tempo de garantir uma reforma”.
Findo Dezembro,
Diana começou a vasculhar as redes sociais em busca de dicas sobre emigração
“segura”. “Inscrevi-me em dois grupos do Facebook, Professores de Português no
Reino Unido e o Como Dar Aulas em Inglaterra, o que me ajudou imenso em termos
de papelada e quanto ao que era preciso trazer”.
Foram vários
meses a tratar do registo criminal, do cartão europeu de saúde e do Qualified
Teacher Status — o documento que a habilita a dar aulas no Reino Unido. “Pedi
para continuar a receber o subsídio de desemprego cá, mas essa parte está a
revelar-se mais difícil”. Tudo reunido, Diana Leite mora agora na Forest
Hill, 37, zona de imigração, sobretudo
de africanos, marroquinos e indianos, mas também de alguns portugueses. “A irmã
de uma colega minha de Loulé vive cá com a filha e, como tinha um quarto vago,
aluguei-lho por 400 libras”.
Nas deslocações
por Londres, entre inscrições nos centros de emprego para os job match,
registos nas agências de recrutamento de professores e entrevistas de emprego,
Diana espantou-se com a quantidade de crianças na rua. “Há uma diferença abismal
em relação a Portugal, onde o envelhecimento se nota nas ruas. Aqui, quando vou
no autocarro, há sempre mães com duas, três, quatro crianças”.
“Há uma diferença
abismal em relação a Portugal, onde o envelhecimento se nota nas ruas. Aqui,
quando vou no autocarro, há sempre mães com duas, três, quatro crianças”
Outro pormenor
que a surpreendeu foi a obrigatoriedade de se vestir a rigor para as
entrevistas de emprego. “Não podemos ir a uma entrevista ou registarmo-nos numa
agência de emprego com calças de ganga ou sapatilhas. Temos de ir de fato ou
levar uma saia, camisa e blazer, com sapatos ou botas”.
Não fossem as
dicas colhidas antes via Facebook, poderia ter-se visto obrigada a despesas
extra para garantir a indumentária necessária. “Vim preparada com esse tipo de
roupa”, conta a rir. O que Diana não conseguiu ainda é agilidade suficiente no
inglês para não perder o fio dos telejornais. “Nas news falam muito depressa,
não os consigo acompanhar, é estranho; mas, lendo as notícias, não tenho
dificuldades”.
Durante os 30
minutos de Skype com o PÚBLICO, Diana Leite reconstitui com clareza o dia 14 de
Novembro de 2014. Fomos às sete horas da manhã para o aeroporto, os meus pais
foram comigo e um casal de amigos da universidade também lá foi sem eu estar a
contar, foi espectacular. Mas acho que na altura não estava a sentir o peso do
que estava a fazer. Só me ‘caiu a ficha’ depois do check-in, quando entrei
mesmo no avião. Fiquei chorar e a minha mãe, que não é de deitar lágrimas,
também estava com os olhos rasos de água. É difícil”. Era isso ou nada.
O ano de 2014 foi
assim aquele em que Diana cortou os laços. “Fiquei sem os meus pais, o meu
sobrinho de três anos que eu adoro, sem emprego, sem o namorado que foi para a
Dinamarca…” Tudo em nome de uma promessa de futuro. “Acredito que, se lutar, as
coisas acontecem. É difícil, mais agora no Natal, porque, como não sabia se por
esta altura já teria emprego ou não, não arrisquei comprar uma viagem para
Portugal”.
O ano de 2015
será aquele em que o futuro se decidirá. “Acho que já podia estar a trabalhar
num berçário mas, com a poupança que tenho, decidi esperar um bocadinho mais
para ver se consigo trabalhar como professora de educação especial, onde terei
mais possibilidades de avançar na carreira”. Se os dados jogarem a seu favor,
apesar do frio em Londres e das saudades da comida e do sol português, o
regresso será, “em princípio, só para férias, porque os reformados em Portugal
só têm cortes e mais cortes e nenhumas regalias”.
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