Três decisões europeias que irão
ditar o rumo da economia portuguesa nos próximos meses
SÉRGIO ANÍBAL
11/12/2014 – PÚBLICO
Eleições na Grécia, conflito
entre França e Bruxelas e definição da política do BCE vão influenciar economia
e política orçamental em Portugal.
A Europa vai
entrar, nos primeiros meses do próximo ano, num período de grandes decisões que
irão influenciar de forma muito significativa a evolução da economia e da
política orçamental em Portugal.
São três os
acontecimentos a que é preciso estar atento. Em primeiro lugar, a resolução da
crise grega. O primeiro-ministro Antonis Samaras decidiu arriscar tudo e
antecipou a eleição para a presidência da República que é feita no parlamento. Para
conseguir eleger um novo presidente (o candidato que apresentou é o antigo
comissário europeu Stavros Dimas) precisa de conseguir recolher pelo menos 180
votos, mas os dois partidos que formam o Governo – o Nova Democracia e o Pasok
– têm 25 votos a menos. Precisam por isso de convencer alguns dos pequenos
partidos da oposiçãoa viabilizar esta candidatura à presidência. Se não o
conseguirem, de acordo com a lei grega, têm de ser imediatamente marcadas
eleições legislativas.
Esta incerteza
política está já a ser vista com grande nervosismo pelos mercados. Neste
momento, à frente nas sondagens está o Syrisa, um partido que é contra o
programa da troika e que tem na reestruturação da dívida uma das soluções para
o problema da economia grega. Um cenário em que não se consiga formar uma
maioria parlamentar estável é também provável.
Uma vez que o
empréstimo das autoridades europeias no final deste mês termina no final deste
ano (devendo ser aprovada uma extensão de apenas dois meses), a confirmação de
um cenário de eleições legislativas antecipadas poderia resultar numa reacção
ainda mais negativa dos mercados. Em primeiro lugar em relação à Grécia e à sua
dívida pública. Depois, possivelmente, em relação aos países com mais risco de
serem contagiados, como Portugal. Uma nova subida das taxas de juro da dívida
pública portuguesa seria negativa quer do ponto de vista orçamental como
económico, já que a confiança das empresas e dos consumidores sairia afectada.
O segundo momento
decisivo na Europa será a resolução do conflito entre Bruxelas e os governos francês
e italiano em relação ao orçamento. A Comissão Europeia e o Eurogrupo deram aos
dois países (e também à Bélgica) até Março para tomarem medidas que corrijam o
défice público previsto para 2015. No caso da França, existe mesmo a ameaça de
imposição de multas, em caso de incumprimento.
Para já, Paris
apresentou um conjunto de medidas destinadas a pôr a economia a crescer mais,
incluindo a liberalização dos horários do comércio ou a abertura de acesso a
profissões reguladas. Mas está ainda por saber se em França e na Itália existe
a vontade de satisfazer os pedidos de Bruxelas, que são vistos como instruções
dadas por Angela Merkel directamente de Berlim.
Portugal, que
também tem de demonstrar aos seus parceiros europeus que as suas previsões para
o orçamento estão correctas, será certamente influenciado pelo desfecho desta
disputa. Uma posição mais flexível em relação à França e Itália poderá
significar também menos exigência no que diz respeito a Portugal, evitando que
novas medidas de austeridade venham a ser adoptadas.
A terceira grande
decisão será tomada em Frankfurt. Com a economia europeia perto da estagnação e
em risco de deflação, o Banco Central Europeu tem de decidir se segue o exemplo
da Reserva Federal norte-americana e do Banco de Inglaterra e começa a fazer
compras de títulos de dívida pública.
Até agora, a sua
acção contra a inflação baixa limitou-se à compra de dívida do sector privado. Esta
foi a solução encontrada por Mario Draghi para começar a injectar estímulos na
economia europeia sem ir definitivamente contra o Bundesbank, que se mantém
contra a compra de dívida pública, argumentando que seria um financiamento aos
Estados que não os incentiva a realizar as reformas de que precisam.
Mas agora, com a
inflação a continuar próxima de zero, o tempo começa a escassear. O problema
para Draghi é que encontrar um consenso no BCE parece ser uma tarefa cada vez
mais difícil. De acordo com notícias de jornais alemães, dentro do Conselho
Executivo do banco, composto por seus elementos, existe uma divisão ao meio
entre os que apoiam a compra de dívida pública e os que se opõem.
Para Portugal, a
diferença entre o BCE cumprir as expectativas dos mercados ou não pode ser
substancial. Se a linha mais ortodoxa vencer em Frankfurt, são de esperar subidas
das taxas de juro nos países periféricos e um andamento menos favorável da
procura interna em vários países clientes das exportações portuguesas.
The euro is heading for disaster - what luck for David
Cameron!
The final unwinding of the disastrous single currency
could give Britain everything it wants from Europe
By Peter Oborne 10 Dec 2014 / http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/eu/11286161/The-euro-is-heading-for-disaster-what-luck-for-David-Cameron.html
As Karl Marx was one of the earliest to
point out, economics (though so much less interesting) is far more important
than politics.
Marx considered all political events as
epiphenomena. He viewed great men as blind instruments of irresistible forces
which they themselves could hardly comprehend.
The Marxist vision of society has been
disproved many times, always at epic human cost. However, his doctrine that
productive forces propel history has stood the test of time – and is invaluable
for an understanding of the current predicament of the European Union.
It elegantly explains why European Monetary
Union was destined to fail. The state socialists and former communists who
invented the euro never got to grips with this aspect of Marxist thought. Only
Conservatives with an intelligent appreciation of economics and history – an
enlightened congregation that included Margaret Thatcher, Oliver Letwin, Peter
Lilley, Tim Congdon, John Redwood, Nicholas Ridley and Alan Walters – grasped
that the EMU would collapse under the weight of its own contradictions, and
that it was folly to construct a single currency before the political
conditions were in place.
Meanwhile the European elite who advocated
the euro (British representatives included Michael Heseltine, Peter Mandelson,
Tony Blair, Ken Clarke, Nick Clegg and Danny Alexander, at the time only a cadet
member of the European political class, so perhaps the chief secretary can be
forgiven) ignored all warnings. Indeed, Lord Mandelson is still advocating
British membership!
It is impossible to exaggerate the
arrogance, the bone-headed stupidity and above all the brutality and
callousness of these Europhiles. Their demented attempt to impose a new
economic model on an unworkable political structure has already caused untold
suffering. At the heart of their project is an audacious attempt to prove the
primacy of politics over economics. Bear in mind that it is an experiment for
which the European elite personally do not have to pay a price.
Their experiment has caused depression (not
recession as inaccurately reported by pro-European journalists at the BBC and
elsewhere) across much of Europe .
This is getting worse. The Italian economy
is moribund, social cohesion has vanished and Italians are starting to turn
venomously on immigrants. The Greek economy has shrunk by 30 per cent, and one
quarter of the population is out of work. Youth unemployment in Spain stands at
an unspeakable 50 per cent.
We are talking about tens of millions of
ruined lives, and busted dreams. This reality has already brought about a
convulsion in Europe . Entirely new political
parties have emerged, from the far-Left and far-Right, brought into existence
by a common scream of despair against a broken system.
For the time being, the former political
class remains in charge. It has as much legitimacy as the ancien regime in
pre-revolutionary France ,
with the same moral bankruptcy, calculating venality and profound sense of
entitlement. This elite has the same distaste for democracy as 18th-century
lords, and over the long term the same chances of survival. In its dying
convulsions, Jean-Claude Juncker’s political class has abolished democracy. Italy has had
three consecutive unelected prime ministers since Silvio Berlusconi’s
scepticism about the euro caused the EU elite to recruit an unscrupulous cabal
of bankers to remove him (former US Treasury Secretary Tim Geithner gives a
gripping account of this unwholesome manoeuvre in his recent memoir).
That it has survived so far is thanks to a
series of financial confidence tricks, of which the latest example is Juncker’s
implausible scheme to convert €21 billion of equity into a €315 billion slush
fund to relaunch the European economy. This amounts to no more than wishful
ravings, though it would be financially disastrous if by some malign chance it
were put into effect.
Things cannot go on like this, and this
month we have witnessed a series of telling signs that the eurozone has turned
back into a danger zone. On Monday, we learnt that France
and Italy
will soon breach their fiscal limits. There are signs of disharmony at the
European Central Bank – yet more proof that no central bank can exert real
authority without a state behind it.
The ECB is racking up worthless sovereign
debt and bank loans in its doomed battle to save the eurozone: in due course
there will be an almighty row about who will pay up for the black hole.
Hopes that economic growth will float the
eurozone off the rocks have been extinguished by forecasts of stagnation from
the cruelly realistic ECB.
Meanwhile the eurozone has been plunged
into deflation, meaning that in real terms the value of debt will rise, a
chilling repeat of the European experience of the Thirties.
Most deadly of all is the resurrection of
the Greek debt horror. The country is ungovernable and on Tuesday the president
was (quite rightly) sacked, opening up the possibility of a spring general
election, and thus causing the biggest collapse on the Athens stock market in 27 years.
We are very close now to Karl Marx’s moment
of alignment. The political structure must be made to fit the economic reality,
or vice versa. Bear in mind that the single currency will only work with a
single economic policy, a single treasury, a single system of taxation and
spending, a single national parliament and single political identity.
I guess that two things will emerge, along
with a new social order, out of the chaos. Many countries – Greece and Italy among them – will abandon the
lunacy of the euro.
Consolidation will take place at the
centre. France, Belgium and
a few others will realise Jean Monnet’s dream and come together to form a new
state, which will have Germany
at its centre.
I admit that it is parochial and
self-regarding to consider the consequences for Britain , but they are promising. So
far, David Cameron’s campaign for a treaty negotiation to accommodate British
sensibilities has seemed selfish and hopeless. But the outlook would change
with a new European architecture based around a greater Germany . Expect
a two-tier Europe (of the kind advocated by
Jacques Delors in 2005) with a second group of countries enjoying looser trading,
foreign policy, defence and other arrangements with the centre.
This kind of European Union would be
consistent with promises made to the British people in the 1975 referendum. It
would be acceptable to all barring a handful of Ukip supporters and hardened
Lib Dem voters.
It is exactly the Europe
of nation states advocated by Margaret Thatcher – that far-sighted and
dangerously acute student of Karl Marx – in her famous Bruges Group speech in
1988. She understood the connection between politics and economics, which is
why she tried to prevent monetary union.
I have noted before that Cameron is a very
lucky Prime Minister. The looming eurozone crisis will have terrible
consequences for countless ordinary people, but will help to get the PM out of
a tight spot, and better still, may help realise Margaret Thatcher’s eternal
vision of a Europe of nations.
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