José Sócrates terá recebido um milhão de euros em dinheiro vivo – com 40
entregas feitas no último ano
Miguel Santos / 19/12/2014,
OBSERVADOR
Ex-primeiro-ministro terá recebido mais de um milhão em dinheiro,
transportados por Carlos Santos Silva, João Perna e Gonçalo Ferreira. Só no
último ano foram 400 mil euros em 40 entregas, diz o Sol.
O antigo
primeiro-ministro, José Sócrates, terá recebido mais de um milhão de euros em dinheiro
vivo, de meados de 2011 até 21 de novembro, momento em que foi detido no
aeroporto de Lisboa. As quantias terão sido transportadas ora por Carlos Santos
Silva, ora por João Perna, de acordo com o que escreve o jornal Sol.
Só no último ano,
as autoridades portuguesas terão registado 40 entregas de dinheiro no valor
total de 400 mil euros, uma média de 33 mil euros por mês, segundo a mesma
publicação.
O dinheiro terá
sido levantado da conta de Carlos Santos Silva, amigo de infância e, alegado,
testa-de-ferro do ex-primeiro-ministro, e depois seria entregue em envelopes a
José Sócrates, através do próprio empresário ou, como mais tarde se veio a
tornar mais frequente, pelo motorista João Perna. Gonçalo Trindade Ferreira, o
advogado que foi detido, terá também participado no esquema, segundo diz o Sol
constar da investigação do Ministério Público: na ausência de Carlos Santos
Silva, terá sido ele a levantar os cheques nos balcões do BES.
José Sócrates
terá sido confrontado durante o interrogatório com estas informações e terá
respondido apenas que se tratava de um empréstimo de Carlos Santos Silva, que
iria saldar depois. O empréstimo serviu para pagar a sua estadia em Paris, onde
se fixou para estudar Filosofia, depois de deixar o cargo de primeiro-ministro
em 2011.
João Perna terá
assumido um papel determinante no, alegado, esquema de branqueamento de
capitais. Carlos Santos Silva, por ser forçado a ausentar-se do país em viagens
de negócios, terá depositado em João Perna a missão de ser ele o principal
intermediário de José Sócrates: terá cabido ao motorista o transporte do maior
volume do dinheiro.
Estas versões dos
acontecimentos são contraditadas pela defesa de Sócrates. Ainda na quinta-feira
o advogado de defesa do ex-primeiro-ministro, João Araújo, disse que o
motorista do ex-primeiro-ministro, João Perna, “nunca foi a Paris” nem “levou
malas de dinheiro” para a capital francesa: “Irritou-me profundamente o
espetáculo, o folclore, em torno da audição do senhor João Perna” e “as
aldrabices, as mentiras, que foram produzidas, presumo que sopradas pela
investigação”, afirmou o advogado, à saída do Estabelecimento Prisional de
Évora, onde reuniu com o seu constituinte, em prisão preventiva.
Investigação apanha 40 entregas
de dinheiro a Sócrates
Felícia Cabrita |
19/12/2014 / SOL
José Sócrates recebeu, entre meados de 2011 e 21 de Novembro passado,
quando foi detido, mais de um milhão de euros em dinheiro vivo, que depois
utilizou exclusivamente para pagar viagens, incluindo as deslocações a Paris,
almoços e outras despesas que compunham a vida de luxo que exibia.
Dinheiro
era levantadoda conta onde estavamos 20 milhões de euros
Segundo o SOL apurou,
só no último ano a investigação da Operação Marquês acompanhou e registou 40
entregas de dinheiro, que totalizaram 400 mil euros – ou seja, uma média de 33
mil euros por mês.
O dinheiro era
levantado da conta no BES titulada pelo amigo Carlos Santos Silva, o empresário
que é suspeito de ser o testa-de-ferro dos cerca de 20 milhões de euros que o
ex-primeiro-ministro terá recebido em ‘luvas’ durante os dois mandatos em que
liderou o Governo. Sócrates foi confrontado com essas entregas de dinheiro durante
o interrogatório pelo juiz de instrução criminal, que o questionou sobre a
origem dessas quantias – tendo respondido tratar-se de um empréstimo do amigo
empresário, que iria pagar depois.
O dinheiro em
numerário chegava às mãos de Sócrates em envelopes, através dos seus agora
co-arguidos Carlos Santos Silva, Gonçalo Ferreira e João Perna, o motorista que
o ex-primeiro-ministro contratou quando saiu do Governo, em Junho de 2011, e,
sem emprego, decidiu ir estudar Filosofia Política para Paris.
Foi ao motorista,
aliás, que coube fazer o maior volume de entregas, uma vez que a vida
empresarial de Santos Silva o levava a ausentar-se muitas vezes do país. Nessas
alturas, era Gonçalo Ferreira, advogado de Santos Silva, quem, com cheques
passados pelo patrão, se dirigia ao balcão do BES para fazer os levantamentos
em numerário. Por diversas vezes, ainda, João Perna chegou a depositar esse
dinheiro na sua conta e a pagar ele próprio as despesas de Sócrates.
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