segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Pequeno comércio em queda e grandes cadeias em alta no centro de Lisboa


Pequeno comércio em queda e grandes cadeias em alta no centro de Lisboa
ANDRÉ VIDAL 09/12/2013 – in Público

A oferta do pequeno comércio caiu 4% face a 2011. Contudo, ainda representa 40% dos negócios no centro da cidade, de acordo com estudo de mercado.
O comércio de rua do centro de Lisboa continua a ser constituído, maioritariamente, por pequenos negócios. A Baixa é o local onde se concentra a maior oferta e a moda é o principal sector de actividade observado.

São estas as principais conclusões, no que respeita a Lisboa, do estudo Business Briefing – Comércio de rua, Lisboa e Porto, da empresa de estudos de mercado Cushman & Wakefield, que analisa a oferta comercial nas zonas da Avenida da Liberdade, Restauradores, Rossio, Baixa e Chiado. Em relação ao tipo de lojistas, verifica-se que 40% da oferta é assegurada por comerciantes nacionais que têm uma loja ou um pequeno conjunto de lojas. Ainda assim, o peso destes diminuiu 4% face a 2011.

“Estas empresas não conseguem fazer face à quebra do consumo, ao aumento da carga fiscal e ao aumento das rendas, pelo que tendem a fechar”, argumenta Carla Salsinha, presidente da União das Associações do Comércio e Serviços (UACS). A mesma dirigente associativa realça, contudo, que nesta zona, devido à grande afluência de turistas, a diminuição do número de pequenos comerciantes “não é tão elevada como em outras áreas da cidade”.

Em contrapartida, o estudo revela que aumentou a presença de cadeias internacionais e nacionais, que representam, actualmente, 35% e 26% do total de oferta.

Baixa lidera, mas tem mais espaços desocupados
A Baixa é a zona abrangida pelo estudo onde o comércio de rua tem mais incidência, com 44% da oferta aí concentrada. Segue-se o Chiado (24%), a Avenida da Liberdade (17%) e os Restauradores e Rossio (15%).

O comércio de rua é constituído, sobretudo, pelo sector da moda, que representa 44% da oferta existente, apesar de este ter registado uma diminuição de 6% face a 2011. Segue-se a restauração (14%) e os artigos para o lar (10%).

O documento agora divulgado refere, ainda, que o espaço onde pode ser desenvolvido comércio nestas zonas da cidade e que se encontra vago diminuiu ligeiramente nos últimos dois anos, de 11,7% para 11,1%. De acordo com os autores, esta diminuição do espaço disponível pode, em parte, ser explicada pela áreas das lojas devolutas na Baixa (a zona onde se encontra a maior área à espera de ocupação), que são reduzidas e inadequadas para quem ali procura desenvolver actividades de retalho.

“As grandes cadeias internacionais ou nacionais normalmente instalam-se em grandes espaços, muito superiores aos normais. É natural que algumas entendam que esse espaço não é suficiente”, explica a presidente da UACS.

A Avenida da Liberdade, a Rua Augusta, a Rua dos Fanqueiros, a Rua do Outro e a Rua Garrett são as principais artérias do comércio de rua do centro de Lisboa, representando 65% da oferta. O destaque vai para a Avenida da Liberdade, que reúne 17% da oferta. Esta valor deve-se, em muito, à presença de marcas internacionais, que hoje representam 72% do comércio de rua na avenida, um aumento de 13% face a 2011. Este valor é justificado, principalmente, pelo surgimento de 18 novas marcas nos últimos dois anos, entre elas a Gucci, a Max Mara e a Cartier.

Áreas reabilitadas têm melhores resultados
O Chiado continua a ser a zona mais cara da cidade, sendo que o valor de arrendamento se situa, em média, nos 90 euros por metro quadrado. Em segundo lugar nesta lista está a Avenida da Liberdade, onde esse valor chega aos 80 euros.

Segundo este estudo, tem-se verificado uma evolução positiva do sector do retalho em Lisboa, para a qual contribuem alguns factores, como a alteração à lei do arrendamento, que permite aumentar a oferta disponível no mercado; a crise e o reconhecimento por parte dos comerciantes de que esta é a altura de concretizar bons negócios; e, por fim, o aumento do turismo em Portugal.

“É claro que, nestas zonas da cidade, tem-se registado uma evolução positiva do sector porque são áreas que têm sido reabilitadas”, refere Carla Salsinha, dando como exemplo a Avenida da Liberdade, que “há cinco anos, tinha vários espaços devolutos e hoje tem novas marcas internacionais”. Porém, a presidente da UACS ressalva que estas conclusões não devem ser estendidas às restantes zonas da capital, como a Almirante Reis, Campo de Ourique, Guerra Junqueiro ou a Avenida da Igreja. “Este estudo não analisa a cidade como um todo e esquece outras zonas de comércio em Lisboa”, conclui.

Método utilizado
O estudo Business Briefing – Comércio de rua, Lisboa e Porto faz um levantamento, unidade a unidade, de toda a oferta comercial, centrando-se, no caso de Lisboa, nas zonas da Avenida da Liberdade, Restauradores, Rossio, Baixa e Chiado. Em cada unidade comercial é apurada a área que ocupa, o sector de actividade a que se dedica e o tipo de comerciantes que detém o espaço. Estes últimos dividem-se em três categorias: independentes, de origem nacional que têm apenas uma loja ou um pequeno conjunto de lojas; múltiplos, marcas integradas numa cadeia de lojas de origem nacional; e internacionais, marcas integradas em cadeias de lojas de origem internacional.


Em Lisboa, foram avaliadas 845 lojas, a que corresponde uma área comercial de 141.700 m2.

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