Autoridades prendem cabecilhas de rede de imigração
ilegal
ANA HENRIQUES 17/12/2013 – in Público
Imigrantes ilegais já
residiam em países europeus e vinham a Portugal obter documentação falsa.
O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decretou a prisão
preventiva para sete suspeitos detidos no âmbito das investigações de uma rede
criminosa que arranjava documentação falsa a imigrantes ilegais já residentes
no espaço europeu.
“Os quatro cabecilhas da organização criminosa foram detidos
em Portugal”, refere uma nota informativa do Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras (SEF), que adianta que foram igualmente feitas outras sete detenções
em França. Ainda segundo o SEF, a investigação criminal decorria há um ano, sob
o comando da Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do Departamento de
Investigação e Acção Penal de Lisboa, em coordenação com as autoridades
francesas e a colaboração da polícia espanhola. Objectivo: apanhar “um grupo de
pessoas que se dedica ao transporte de imigrantes em situação ilegal de vários
países da União Europeia para Portugal, com vista a que aqui se regularizassem,
recorrendo a documentação falsa ou obtida fraudulentamente”.
Denominada Batedores, a operação policial foi desencadeada
no sábado, simultaneamente em Portugal e em França, tendo sido recolhidas
“provas abundantes da actuação do grupo, que tinha uma hierarquia própria e que
auferia grandes rendimentos colhidos do pagamento dos ‘serviços’ por parte dos
imigrantes ilegais que angariavam”. Foram apreendidos 30 telemóveis, cinco
aparelhos de GPS, computadores e documentação diversa, incluindo a prova da
transferência de dezenas de milhares de euros provenientes da actividade
criminosa, tendo ainda sido encontrados mais de 30 mil euros em dinheiro.
As viagens faziam-se por via terrestre, em carros ligeiros e
em monovolumes, tendo como origem e destino a França, a Alemanha, a Suíça, a
Bélgica e a Itália. “As viaturas que transportavam os imigrantes ilegais
seguiam separadas e em permanente comunicação e na passagem das fronteiras a
coluna era precedida por uma viatura com um só ocupante, que alertava as
restantes para eventuais controlos policiais”, refere a mesma nota informativa.
Cinco dos detidos em território português são estrangeiros.
Um comunicado de imprensa do Departamento de Investigação e
Acção Penal de Lisboa dá conta de alguns dos valores pagos pelos clientes à
rede criminosa: desde 200 a
300 euros por uma viagem ida-e-volta entre Portugal e Espanha até 1200 a 1500 pelo trajecto
Portugal-Dinamarca ou Portugal-Áustria. Um inspector do SEF envolvido na
investigação assegura, porém, que estes montantes dizem apenas respeito à
viagem, não incluindo os valores pagos pelos imigrantes pela documentação
destinada à sua regularização na Europa.
Associações criminosas exploravam mulheres
Em 2012, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)
desmantelou apenas duas redes de de auxílio à imigração ilegal e tráfico de
seres humanos, segundo dados do mais recente Relatório Anual de Segurança
Interna. Num dos casos, tratava-se de uma rede romena de lenocínio que
angariava jovens do sexo feminino naquele país, e, no noutro, de um grupo de
nacionalidade chinesa que se dedicava igualmente ao tráfico de mulheres da
mesma nacionalidade para exploração sexual em território nacional. Dos crimes
associados ao tráfico de seres humanos registados mais frequentemente em
Portugal, destacam-se, além do auxílio à imigração ilegal, os casamentos de
conveniência. Trata-se, diz o mesmo relatório, de um fenómeno que se tem vindo
a intensificar, em particular por causa dos casamentos fraudulentos de mulheres
portuguesas com cidadãos indostânicos a residir ilegalmente noutros países
europeus, com o objectivo de lhes permitir a legalização.
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