Para que serve uma comissão
de inquérito?
As comissões de inquérito no
Parlamento foram transformadas num palco de luta política
Editorial/Público
As comissões de inquérito, tal como se pode ler no site do
Parlamento, têm, ou deveriam ter, “como missão vigiar pelo cumprimento da Constituição
e das leis e apreciar os actos do Governo e da administração”. Como tal, os
deputados que dela fazem parte ganham poderes adicionais, nomeadamente poderes
de investigação das autoridades judiciais. Mas no nosso Parlamento,
infelizmente, e salvo raras excepções, a maior parte das comissões de inquérito
são transformadas em arenas de luta política, e as conclusões das
investigações, muitas vezes, variam em função da cor política do relator do
documento.
A comissão de inquérito aos swaps contratados pelas empresas
públicas apresentou ontem as suas conclusões preliminares. Desta vez, e como
mandam as regras do Parlamento, a relatora das conclusões da comissão foi uma
deputada do PSD, Clara Marques Mendes.
O relatório é bastante crítico e não poupa em adjectivos
para caracterizar o comportamento dos gestores públicos, da banca e do Governo
socialista. Mas quando chega à parte de analisar o papel do actual Governo, o
relatório é completamente acrítico e com um grau de escrutínio próximo de zero.
Em 434 páginas, o documento pouco ou nada diz sobre a demora do actual Governo
em avançar com uma solução e o envolvimento neste processo da ex-secretária de
Estado do Tesouro e actual ministra das Finanças.
Já quando chega a altura de escrutinar responsáveis do Governo
anterior, a relatora não se coíbe em usar frases adjectivadas, tais como
“ignorou ostensivamente as recomendações técnicas”. Claro está que os partidos
da oposição não concordam. E claro está que vão apresentar as suas propostas de
alteração. E claro está que a maioria não vai aceitar. E no final, claro está,
cada um fará o seu próprio relatório, cada um com a sua verdade.
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