Em muitos casos o “VoodoCorvo” insere imagens “associativas/contextualizadoras”
que não fazem parte do artigo original.
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O tiquetaque do relógio de Paulo Portas
Mais do que o fim da o relógio marca o tempo que ainda resta
para ter uma ideia para o país
Estamos habituados a ver um relógio gigante em contagem
decrescente em lugares como Times Square a marcar as horas que ainda faltam para
eventos como a passagem de ano. Mas é uma surpresa ver um relógio desses no
Largo do Caldas. Paulo Portas foi ontem inaugurar um relógio que regista, em
contagem decrescente, os dias, horas, minutos e segundos que faltam para a
troika sair de Portugal. O relógio foi apresentado no congresso da juventude
popular e vai ser transferido para a sede do partido.
O líder do CDS continua com uma visão afunilada do que é a
Europa e continua com o discurso de que Portugal se transformou num
protectorado, tendo recuperado o espírito do discurso de que em Junho de 2014
vamos “viver uma espécie de 1640 financeiro”. Veremos se em Junho Portas não
terá de voltar a dar corda ao seu relógio, caso Portugal venha a necessitar de
um programa cautelar. Esperemos que não.
Mas os seis meses e qualquer coisa que marcam o relógio do
Largo do Caldas, mais do que servir para festejar a partida dos “senhores da
troika”, devem servir como uma espécie de ampulheta para o novo ciclo político.
Durante três anos, os partidos quase que se dispensaram de ter ideias para o
país. Era tudo importado de Washington, Bruxelas e Frankfurt. Em Junho, os
partidos, já sem a desculpa do “foi a troika que mandou”, terão de explicar as
ideias que têm para a economia. A austeridade é para continuar? Os impostos vão
descer? A aposta na industrialização vai sair do papel? O que queremos nas
energias? Como vamos cumprir o pacto orçamental? Estes e outros temas vão
exigir, além de ideias, um nível de compromisso que durante a estadia da troika
pouco ou nada se viu. A votação esta semana da reforma do IRC é um bom teste
para saber o que se vai passar quando o relógio no Largo do Caldas marcar zero
horas.
Começa a faltar a paciência em Kiev
Na Ucrânia continuam as manifestações. Na Praça da
Independência mais de 200 mil pessoas juntaram-se para pedir a demissão do
Governo e uma aproximação de Kiev à Europa ocidental. Também na capital, no
Parque Mariinsky, 20 mil pessoas defenderam “o regresso da estabilidade”, numa
manifestação de apoio a Viktor Ianukovich. Este tem sido o dia-adia em Kiev e
em Bruxelas já se começa a perder a paciência.
A União Europeia suspendeu ontem as conversações por “falta
de compromisso claro” e, no Twitter, o responsável pelo processo de
alargamento, Stefan Füle, veio dizer aquilo que já se sabia: a Europa está a
falar sozinha. Entretanto, Ianukovich vai rumar esta semana ao Kremlin, no que
deverá ser o primeiro passo para a adesão à união aduaneira de Putin. O Governo
da Ucrânia parece já ter feito a sua escolha. Falta os ucranianos.
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