domingo, 1 de dezembro de 2013

O "(det) ... estado" secretário ironiza ...

"A esquerda grega chama-me 'alemão'. Oh, não!".
Só os grandes de Mente, Carisma e Presença se podem permitir tal distanciamento irónico.
Tudo na sua grandiosa presença emana ...
Tal como outra "Éminence Diplomatique" afirmava:  

« Si les gens savaient par quels petits hommes ils sont gouvernés, ils se révolteraient vite.  »
  Talleyrand


Jornais na Grécia dizem que Bruno Maçães é "o alemão"
Dois jornais gregos publicaram, a 22 de Novembro, artigos de opinião onde consideravam que o secretário de Estado dos Assuntos Europeus português é "mais troikano que os troikanos". Os textos saíram um dia depois de Bruno Maçães ter rejeitado em Atenas uma posição comum dos países do Sul contra a austeridade defendida pela Alemanha. O governante reagiu com ironia nas redes sociais: "Oh, não!", escreveu.

O secretário de Estado esteve na Grécia para participar numa mesa-redonda sobre "governância económica e crise europeia". No final, foi questionado sobre as mais-valias de uma posição comum entre os países do Sul da Europa, mas Bruno Maçães terá sido peremptório na rejeição dessa posição - à semelhança daquilo que já tinha defendido, dias antes, em entrevista ao "Jornal de Negócios". Aí, o governante disse "não [ver] especialmente" benefícios em uniões com a Grécia, Espanha, Itália ou mesmo França, no contexto da defesa de interesses comuns.

Em Atenas, os diários destacaram o que consideraram ser uma "falta de solidariedade" do secretário de Estado para com "um país com problemas semelhantes ao seu", a Grécia.

A reacção de Bruno Maçães fez-se dias depois da publicação dos artigos de opinião, através das redes sociais. Em tom irónico, no Twitter, ainda na sexta-feira - e depois de o i ter solicitado uma posição sobre o assunto, por email -, o secretário de Estado escreveu de forma concisa em inglês: "A esquerda grega chama-me 'alemão'. Oh, não!".


"Ficámos verdadeiramente desiludidos porque tínhamos a expectativa de encontrar um amigo da periferia europeia, que se revelou um rigoroso académico sem qualquer solidariedade", disse um jornalista grego ao i.

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus rejeitou a entrada numa frente do Sul contra a crise e reabriu o debate sobre possíveis alianças
A posição expressa pelo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, na Grécia, ao rejeitar uma frente unida dos países do Sul da Europa contra o ajustamento económico assente na austeridade - e que encontra na Alemanha o seu principal defensor -, reanimou a discussão sobre a posição que Portugal deve adoptar no contexto europeu. O PS reitera aquilo que tem vindo a defender, em nome da conjugação de esforços que contrabalance com a posição germânica. Mas do lado do PSD, e apesar da posição expressa pelo secretário de Estado em Atenas, há uma semana e meia, a questão não é unânime. A assertividade do governante na capital helénica valeu-lhe o epíteto de "o alemão".
Portugal tem merecido frequentes elogios de Berlim pelo processo de ajustamento em curso, e o próprio ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, chegou a destacar os esforços lusos para atingir esse objectivo. No mesmo período, o governo tem sublinhado que Portugal não é a Grécia, procurando com isso afastar qualquer semelhança que possa ser traçada entre os dois países.


Militantes do PSD contra ideia de “Portugal alemão”
Por Pedro Rainho
publicado em 2 Dez 2013 in (jornal) i online
O secretário de Estado dos Assuntos Europeus rejeitou a entrada numa frente do Sul contra a crise e reabriu o debate sobre possíveis alianças

A posição expressa pelo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, na Grécia, ao rejeitar uma frente unida dos países do Sul da Europa contra o ajustamento económico assente na austeridade - e que encontra na Alemanha o seu principal defensor -, reanimou a discussão sobre a posição que Portugal deve adoptar no contexto europeu. O PS reitera aquilo que tem vindo a defender, em nome da conjugação de esforços que contrabalance com a posição germânica. Mas do lado do PSD, e apesar da posição expressa pelo secretário de Estado em Atenas, há uma semana e meia, a questão não é unânime. A assertividade do governante na capital helénica valeu-lhe o epíteto de "o alemão".

Portugal tem merecido frequentes elogios de Berlim pelo processo de ajustamento em curso, e o próprio ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, chegou a destacar os esforços lusos para atingir esse objectivo. No mesmo período, o governo tem sublinhado que Portugal não é a Grécia, procurando com isso afastar qualquer semelhança que possa ser traçada entre os dois países.

Para António Rodrigues (PSD) isso não significa que o país seja um mero "seguidista" da posição alemã. O deputado até admite que, "neste momento", a ideia de uma aproximação aos países em situações semelhantes às de Portugal "não repugne". Pelo simples facto de que "todas as alianças que se vierem a criar na Europa são relevantes". Mas essas alianças não se esgotam nessa possível "frente" a sul com que Bruno Maçães foi confrontado na capital grega (ver texto ao lado).

Mais do que uma união entre os países que têm mostrado maiores debilidades económicas, António Rodrigues entende que Portugal "deveria apostar numa aliança com toda a orla ocidental da Europa, realizando uma certa viragem a Ocidente". Acima de tudo, o país deveria reforçar um "sentido estratégico", o que lhe permitiria acautelar aquilo que são "os seus interesses" não se fechando sob uma aliança única. "A nossa estratégia não pode ficar confinada aos países do Sul", diz o deputado. Deve, defende António Rodrigues, ser dinâmica, "alinhada em função dos países que melhor servem os interesses nacionais" em cada momento.

Se optasse por se juntar exclusivamente a países como a Espanha, a Itália ou a França - que têm defendido soluções para a crise económica europeia diferentes das da Alemanha -, Portugal seria "o elo mais fraco" desse naipe de críticos, alerta o social-democrata.

O tema da esquizofrenia europeia - austeridade vs. crescimento económico - não é novo, e vários líderes europeus têm, de resto, multiplicado ensaios de vias alternativas, justamente para tentar contrabalançar com o peso germânico na condução dos destinos da zona euro. A união com esses países poderia ajudar Portugal a conseguir melhores condições para o seu ajustamento, na opinião de Mário David, secretário de Estado dos Assuntos Europeus no governo de Durão Barroso. "Os países que têm dificuldades comuns e que têm objectivos comuns devem tentar unir os seus esforços", diz o eurodeputado social- -democrata ao i.

Tem sido essa a posição defendida pelos socialistas, liderados por António José Seguro. "A resposta à actual crise deve passar por uma solução europeia, e não pelo somatório de soluções nacionais", vem reforçar Capoulas Santos.

Para lá da posição expressa por Bruno Maçães em Atenas - uma visita de cujas consequências Capoulas Santos não soube -, o eurodeputado socialista vê no discurso do governo português "o expoente máximo do seguidismo e da subserviência" aos interesses alemães na gestão da crise europeia.


Daí que uma posição diferente daquela que o país tem expressado no panorama europeu só possa passar por uma nova equipa à frente do país. "Não tenho esperança de que este governo mude, só tenho esperança de que se mude de governo para que se consiga mudar a posição de Portugal na Europa", resume o euro-deputado. 

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