ASSEMBLEIA MUNICIPAL COMEÇA AMANHÃ A DEBATER COLINA DE
SANTANA
In blog “O Corvo” / 09/12/2013 / http://ocorvo.pt/2013/12/09/assembleia-municipal-comeca-amanha-a-debater-colina-de-santana/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=assembleia-municipal-comeca-amanha-a-debater-colina-de-santana
A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) vai começar a
debater, amanhã, o polémico projecto imobiliário para a Colina de Santana,
envolvendo os terrenos de cinco hospitais (Desterro, Capuchos, São José, Santa
Marta e Miguel Bombarda), na primeira de um conjunto de cinco sessões, que se
prolongará até 11 de Fevereiro. “O ponto em que nos encontramos” é o tema do
debate inaugural, a decorrer a partir das 18h, no edifício sede da assembleia,
na Avenida de Roma. Na sessão far-se-á a “apresentação da situação actual e das
propostas pendentes”, por um painel composto por Manuel Salgado, vereador com
pelouro do Urbanismo, Francisco Cal, presidente do conselho de administração da
Estamo – empresa estatal dona dos imóveis -, Inês Lobo, arquitecta que liderou
a equipa responsável pelo Estudo Urbano da Colina de Santana, e Luís Cunha
Ribeiro, presidente da Administração Regional de Saúde Lisboa e Vale do Tejo. O
debate será moderado por Helena Roseta, presidente da AML.
Os nomes dos participantes nos painéis das restantes sessões
ainda estão por anunciar. A segunda sessão decorrerá a 14 de Janeiro de 2014 e
terá como tema o “Impacto das propostas no acesso da população a cuidados de
saúde”. A terceira, “Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”,
a 21 de Janeiro, terá como moderador o deputado da AML Vítor Gonçalves, presidente
da comissão permanente de Ordenamento do Teritório, Urbanismo, Reabilitação
Urbana, Habitação e Desenvolvimento Local. O quarto debate, “Impacto das
propostas na memória e identidade histórica da Colina de Santana, será moderado
por Simoneta Luz Afonso, presidente da comissão permanente de Cultura,
Educação, Juventude e Desporto e acontecerá a 4 de Fevereiro. A última sessão,
a 11 de Fevereiro, terá como mediador o deputado socialista Rui Paulo
Figueiredo, e será dedicada às conclusões e propostas a submeter à assembleia.
Texto: Samuel Alemão
Fotografia: João Paulo Dias
Projectos para a Colina de
Santana em debate na Assembleia Municipal de Lisboa
INÊS BOAVENTURA 09/12/2013 - in Público
"É uma das sete colinas
de Lisboa e prepara-se uma alteração profunda, que ninguém discutiu",
afirma Helena Roseta, para justificar a pertinência desta iniciativa, que
começa na terça-feira.
A Assembleia Municipal de
Lisboa vai promover, por iniciativa da sua presidente, um conjunto de cinco
debates sobre os projectos urbanísticos previstos para a Colina de Santana. O
primeiro realiza-se nesta terça-feira e pretende dar a conhecer “o ponto em que
nos encontramos”.
O vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado,
o presidente do conselho de administração da Estamo (a imobiliária de capitais
exclusivamente públicos que é proprietária dos terrenos em causa), Francisco
Cal, a arquitecta responsável pela elaboração do Estudo Urbano da Colina de
Santana, Inês Lobo, e o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa
e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, são os oradores convidados para esta primeira
sessão. O debate está marcado para dia 10 de Dezembro, às 18h, no Fórum Lisboa,
na Avenida de Roma.
Como o PÚBLICO noticiou em Julho, a Estamo submeteu à
apreciação da autarquia os pedidos de informação prévia sobre a viabilidade de
um conjunto de operações de loteamento, para os locais onde estão hoje
instalados os hospitais de São José, Santa Marta, Capuchos e Miguel Bombarda
(este último já foi desactivado). Está prevista a reconversão desses
equipamentos, dando lugar a um total de 640 fogos, dois hotéis, áreas
comerciais e de serviços, equipamentos e um parque de estacionamento
subterrâneo com mais de 300 lugares.
Os processos relativos a esses pedidos de informação prévia
estiveram disponíveis para consulta na Câmara de Lisboa durante parte do Verão,
tendo dado origem a muitas críticas, nomeadamente de especialistas ligados ao
património. Na sua página na Internet, a autarquia refere que, “face ao
interesse que estes projectos têm despoletado [sic] junto da população, a CML
[Câmara Municipal de Lisboa] decidiu que será de realizar uma 2.ª Fase de
Debate. Esta decisão permitirá promover uma discussão mais alargada sobre o
tema”.
O órgão que agora promove esse debate é a Assembleia
Municipal de Lisboa, por iniciativa da sua presidente. “É uma das sete colinas
de Lisboa e prepara-se uma alteração profunda, que ninguém discutiu. Estamos a
fazer aquilo que nos compete, que é promover um debate público das grandes
questões da cidade”, justifica Helena Roseta em declarações ao PÚBLICO.
A autarca, que nos últimos quatro anos foi vereadora da
Habitação, lembra que está em causa uma área de intervenção de “mais de 16 hectares ”, que além
dos equipamentos já mencionados incluirá também o Hospital do Desterro e o
Convento de Santa Joana. “Mexemos numa parte importante da cidade e não ouvimos
as pessoas?”, questiona Helena Roseta, sublinhando que “a prioridade” nestes
debates será “ouvir o público”.
Em cada uma das cinco sessões, a realizar entre 10 de
Dezembro e 11 de Fevereiro, está previsto um período de uma hora para as
apresentações dos membros da mesa, seguido de outra hora para as intervenções
do público e de meia hora para respostas às mesmas. Os debates serão moderados
por deputados municipais e terão dois relatores, também deputados municipais.
Helena Roseta sublinha que o Regimento da Assembleia
Municipal de Lisboa que está em vigor já prevê a figura do debate temático. A
principal novidade desta sua iniciativa, diz, é “o modelo” adoptado. A autarca
acredita que o debate em causa permitirá, ao contrário do que em seu entender
acontecia até aqui, “tirar resultados no fim”.
Dia 14 de Janeiro irá debater-se o “impacto das propostas no
acesso da população a cuidados de saúde”, no dia 21 de Janeiro o “impacto
urbanístico, social e habitacional” e no dia 4 de Fevereiro o “impacto na
memória e identidade histórica da Colina de Santana”. A 11 de Fevereiro haverá
um debate final, do qual se pretende que saia um relatório com propostas, que
será depois apreciado numa reunião ordinária da Assembleia Municipal de Lisboa.
Segundo Helena Roseta, nesta terça-feira deverá ser lançada
uma página na Internet (http://debaterlisboa.am-lisboa.pt/) na qual os interessados
em participar nestes debates temáticos e noutros que venham a ocorrer se
poderão inscrever. Aí será também possível submeter opiniões e perguntas sobre
os temas em análise. Depois da Colina de Santana, antecipa, os transportes
públicos poderão ser o próximo assunto em discussão.
No anterior mandato, o vereador Manuel Salgado explicou que
a intenção da Câmara de Lisboa era transformar esta zona da cidade numa “colina
do conhecimento”, garantindo ao mesmo tempo a “salvaguarda do património, que é
valiosíssimo”. Mas a garantia deixada pelo autarca, segundo quem “os edifícios
de valor patrimonial” seriam transferidos para o município, não impediu que se
levantassem inúmeras vozes de protesto contra as propostas da Estamo para a
Colina de Santana.
Não só dentro da própria Câmara de Lisboa - através da
Estrutura Consultiva da Carta Municipal do Património, que criticou algumas das
demolições previstas e questionou o impacto que as novas construções terão na
paisagem - mas também fora, por exemplo ao nível do Conselho Internacional dos
Museus, do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios, da Associação
Portuguesa de Arte Outsider e do Fórum Cidadania Lisboa. Durante a campanha
para as eleições autárquicas, também o PCP e o BE deram conta da sua oposição
aos projectos urbanísticos para a Colina de Santana.
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