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Temperaturas máximas vão subir oito graus a partir de sábado
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LUSA / PÚBLICO /15/05/2015
As temperaturas
máximas vão subir oito graus Celsius a partir de sábado, em
especial nas regiões do Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo, disse
Ricardo Tavares, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera
(IPMA).
“Vamos ter uma
subida da temperatura máxima na ordem dos oito graus, que será mais
significativa em algumas regiões do país, como o Alentejo e o
Algarve”, adiantou o meteorologista.
De acordo com
Ricardo Tavares, para esta sexta-feira prevê-se céu pouco nublado,
vento fraco a moderado do quadrante norte e moderado a forte, por
vezes com rajadas da ordem dos 70 quilómetros por hora no litoral
oeste e nas terras altas.
“Hoje vamos ter
uma descida da temperatura mínima, em especial no interior na ordem
dos 2 a 5 graus e uma pequena subida da máxima na região do norte e
interior centro na ordem dos dois a quatro graus”, afirmou.
Segundo o
meteorologista, no sábado o estado do tempo muda, prevendo-se
temperaturas acima dos 30 graus em Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e
Algarve.
“A tendência é
para que esta situação se mantenha no domingo”, disse, adiantando
que estão previstos 33 graus em Beja e Setúbal, 32 em Santarém, 31
em Lisboa, Évora e Beja e no resto do país vão entre os 25 e os
30.
Ricardo Tavares
disse ainda que a tendência a partir de segunda-feira é para uma
descida das temperaturas.
Incêndios
em Portugal podem ser até três vezes piores no futuro
Gravidade
dos incêndios pode vir a ser muito mais condicionada pela
meteorologia do que pela capacidade de os combater
RICARDO GARCIA
08/05/2015 - PÚBLICO
Novo estudo sobre o
impacto das alterações climáticas nos fogos sugere cenários
preocupantes para toda a Península Ibérica.
Se acredita que mais
meios de combate e melhor prevenção vão ser suficientes para
controlar a praga dos fogos florestais em Portugal, não vai gostar
de ouvir o que estes cientistas têm a dizer. No futuro, a área
ardida em toda a Península Ibérica poderá duplicar ou triplicar em
relação ao que já é hoje. E isto por duas razões inescapáveis:
o mundo estará mais quente e a meteorologia é quem manda nos fogos.
Uma nova estatística
sobre o impacto das alterações climáticas nos incêndios ibéricos
é o resultado de um estudo de investigadores portugueses e
espanhóis, recentemente publicado na revista Agricultural and Forest
Meteorology.
Usando diferentes
modelos de simulação climática, os cientistas testaram novas
metodologias para antecipar como podem vir a ser os verões, em
termos de temperatura, chuva e fogos. No Noroeste da península, que
abrange cerca de um quarto de Portugal e onde está concentrada uma
parte importante dos incêndios, os termómetros poderão subir dois
a três graus Celsius até 2075, em Julho e Agosto. Na prática, a
temperatura média ao meio-dia poderá aumentar dos 24,9 graus
Celsius registados entre 1980 e 2005 para os 27,9 graus Celsius
dentro de seis décadas, segundo um dos modelos.
Para a região
Sudoeste da península, onde se encontra o resto do país, o
termómetro pode saltar de uma média de 28,4 graus Celsius até 32,6
graus Celsius – uma subida de mais de quatro graus.
“Isto é a média
para todo o Verão. Uma subida de três a quatro graus em todos os
dias já é muito significativo”, afirma o autor principal do
estudo, Pedro Sousa, do Instituto Dom Luiz, da Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa. Esta média pressupõe uma maior
frequência de dias de calor extremo, que são o alimento dos
incêndios florestais, explica o investigador.
A complicar a
situação, os modelos sugerem uma redução de 50% na precipitação
no Noroeste da Península Ibérica, com 25% menos dias de chuva em
Julho e Agosto. A Sudoeste, os resultados apontam para poucas
mudanças na quantidade de precipitação entre Fevereiro e Maio –
um período importante para a formação da biomassa que pode vir a
arder no Verão.
Com estes cenários,
os fogos prometem ser ainda piores do que agora. “Até 2075, as
áreas ardidas [na Península Ibérica] podem ser duas a três vezes
maiores do que no presente”, conclui o estudo.
“Não é um
resultado totalmente surpreendente, tendo em conta estudos
anteriores”, afirma Pedro Sousa. Num artigo publicado em 2010,
investigadores da Universidade de Aveiro estimaram que, num mundo com
o dobro de dióxido de carbono na atmosfera em relação à era
pré-industrial, a área ardida em Portugal poderá aumentar 478%, ou
seja, quase cinco vezes.
O país já lidera a
lista europeia dos incêndios florestais da última década e meia.
Um estudo publicado no final do ano passado, de investigadores das
universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e de Lisboa, contabiliza
1.564.400 hectares ardidos no país entre 2000 e 2013, cerca de 30%
de tudo o que foi transformado em cinzas em toda a Europa. A seguir
vem Espanha, com pouco mais de um milhão de hectares, a Grécia, com
593.000 hectares, e a Itália, com 531.000.
O que deixa pouca
margem para grandes optimismos é o facto de a gravidade dos
incêndios ser muito mais condicionada pela meteorologia do que pela
capacidade em combatê-los ou preveni-los.
Os números recentes
de Portugal são um sintoma disso. Depois dos anos catastróficos de
2003 e 2005, quando arderam 426.000 e 339.000 hectares
respectivamente, várias medidas estratégicas para prevenir e
combater os fogos foram postas em prática. Nos anos seguintes, a
área ardida baixou consideravelmente. Mas em épocas com verões
quentes e secos voltou a subir acima dos 100.000 hectares – em 2010
(133.090), 2012 (110.232) e 2013 (152.758), segundo dados do
Instituto da Conservação da Natureza e Florestas. No ano passado,
com um Verão relativamente frio, os fogos foram mais calmos, com
cerca de 20.000 hectares ardidos.
Um modelo
desenvolvido pelo climatologista Carlos da Câmara e outros
investigadores da Universidade de Lisboa, para a previsão da
severidade da época dos incêndios, identifica uma combinação
dupla que pode ser fatal ou redentora. Muita chuva com pouco calor em
Março e Abril, seguida de pouca chuva e muito calor em Maio e Junho,
é a receita ideal para um Verão com muita área ardida. Já um
princípio de Primavera seco, seguido de meses frios, promete o
contrário, menos fogos.
Seja como for, o
grande factor que irá ditar a existência de grandes incêndios é o
estado do tempo no Verão. “A variabilidade interanual da área
ardida total é sobretudo controlada pelas condições
meteorológicas, apesar dos esforços actuais de supressão e
controlo do fogo”, refere o estudo agora publicado sobre destino
dos incêndios na Península Ibérica.
Pedro Sousa chama a
atenção para o facto de os cenários do estudo não levarem em
conta outros factores que podem ter influência sobre os incêndios
no futuro, em particular as alterações no uso do solo. Mas tudo
indica que o melhor é estar preparado para o pior. “A ideia
principal aqui é a da adaptação”, refere o investigador. “Sem
isso, vai ser complicado.”
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