Luís
Raposo volta a analisar de forma pertinente o ilustrativo “casus”
do Novo Museu dos Coches.
Em
nota de rodapé, será também pertinente relembrar que neste momento
em França um dos livros mais lidos no que respeita a História da
Arquitectura é : “Le Corbusier: Un Fascisme Français”,( Ver em
baixo ) onde o autor Xavier de Jarcy, confirma definitivamente
através de sólida argumentação histórica, que a disponibilidade
de Le Corbusier em servir o Governo de Vichy não era apenas baseada
em puro oportunismo mas, em convicção ideológica “Petainista”.
( Aliás tal como Giuseppe Terragni em Itália com Mussolini / A
“Casa del Fascio” em Como, está lá para o comprovar e ilustra
a ambígua relação entre o Modernismo Vanguardista e o Fascismo
nesta época ).
Estes
constituirão factos incontestáveis mas difíceis de aceitar para
toda a geração de Arquitectos como Nuno Teotónio Pereira ( a que
Raposo se refere ).
Mas,
aqui trata-se de Le Corbusier como hábil auto-mistificador e criador
de a imagem do Arquitecto como Visionário semidivino e Ser Superior
que impõe a sua Obra, indiferente aos efeitos e consequências das
suas intervenções nos contextos Humanos e Naturais .
Neste
sentido, Le Corbusier foi o inventor do Star System na Arquitectura.
Ao
lermos o texto de Ana Vaz Milheiro no Público:
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/este-museu-nao-podia-ser-desenhado-por-um-arquitecto-europeu-1696361
verificamos
mais uma vez que a Crítica de Arquitectura é inexistente em
Portugal e constitui únicamente um simulacro / extensão dos
interesses corporativos da Classe / Lobby Arquitecta, que dominam
também o Mundo Académico.
A
autora que se intitula “crítica de Arquitectura”, produz apenas
um panfleto acrítico e mistificador, de descarado apoio.
Isto
só comparável à irreponsável apologia da elevação / “pilotis”
neo – corbusiana, precisamente, uma das principais características
entre outras, que tornam ( além da grave irresponsabilidade
financeira e vazio museológico ) este elefante branco num atentado
descontextualizado da envolvente e um insulto ao Povo Português na
presente crise.
O
lema deste projecto poderá ser reduzido à máxima formulada por Rem
Koolhaas, outro
demiurgo
do Star System, que num momento de suprema arrogância, abertamente
afirmou : “FUCK the CONTEXT” ou seja “Que se lixe o Contexto”
Volto
a publicar um artigo da minha autoria já publicado a 27/08/2011 no
Público.: “ Foi você que pediu uma garagem para coches antigos?”/
http://www.publico.pt/local-lisboa/jornal/foi-voce-que-pediu-uma-garagem-para-coches-antigos-22022842
António
Sérgio Rosa de Carvalho
Historiador
de Arquitectura
30-5-2015
/ OVOODOCORVO
|
Coches,
corporações e má política
LUÍS RAPOSO
30/05/2015 - PÚBLICO
O
novo Museu dos Coches aí está, celebrado por cortesãos, um pouco à
laia de órfão enjeitado.
“Decididamente,
nesta cidade embalada em lendas, tudo é fábula de museu.” José
Cardoso Pires, A República dos Corvos.
Consummatum est. O
novo Museu dos Coches aí está, celebrado por cortesãos, um pouco à
laia de órfão enjeitado, num ambiente de lenda ou fábula que faria
as delícias de um qualquer corvo taberneiro, segundo a narrativa em
que José Cardoso Pires dá conta de alguma da mais castiça
atmosfera lisboeta. Raquel Henriques da Silva (R.H.S.), em oportuno
texto de opinião neste jornal no dia mesmo da inauguração
(22.5.2015), disse praticamente tudo o que importava assinalar
naquela data. Observou nomeadamente como nesta ocorrência se junta o
pior da política com o pior das corporações, sobrelevando aqui a
dos arquitectos, sempre dispostos a usar metáforas eloquentes, a
falar em construção de cidade e cidadania, mas afinal sobretudo
precisados de clientes e por isso solícitos de todos os poderes. Nem
todos os arquitectos, é certo, mas neste caso alguns dos mais
celebrados pelo centrão dos interesses, incluindo responsáveis da
respectiva Ordem profissional, pelo menos na fase inicial do
processo.
A publicação de um
livro um tanto emproado, juntando arquitectos e políticos de turno,
sem esquecer o empreiteiro da obra, confirma o universo ficcional em
que tudo se move neste processo (cf. Museu Nacional dos Coches.
Lugar, projeto e obra, ed. Uzina Books). Não se comete aqui o erro
de encher quase uma centena e meia de páginas com fotografias mais
ou menos impactantes, belas por vezes, mas dedicadas apenas a formas
exteriores e espaços interiores vazios — como acontece
regularmente em revistas prestigiadas (cf. Arquitectura Ibérica, n.º
31, que consagra um extenso dossiê temático aos museus… sem
incluir uma única imagem de espaços preenchidos por colecções).
Não, aqui faz-se algum uso de coches e até de quem lhes confere
cuidados de última hora — cosméticos apenas, claro, porque o
estado de conservação deplorável de parte importante da colecção,
esse bem pode ficar à espera… Mas, percorridos textos e imagens, o
que mais ressalta é essa sensação profunda de que o conteúdo
possui dimensão meramente decorativa e, no fundo, se mantém a
estranha esquizofrenia de uma arquitectura que se compraz em
evidenciar volumes, procurando depois justificações funcionais
pseudo-elegantes… Na ocorrência, a ideia genial de que a frieza da
garagem dialoga com as colecções… pela ausência de diálogo, ou
seja, pela invocação do contraste — o que é particularmente
sublinhado pela falta de projecto de comunicação, senão de
projecto de museografia (de facto, a directora esteve quase que
ausente de todo este enredo e quando surgiu foi para assinalar que
também tinha sido mobilizada para ajudar a cobrar bilhetes… cf.
Diário de Notícias de 24.5.2015, sob o título Lindíssimo
mamarracho. O Museu dos Coches já abriu).
O foco posto
anteriormente na corporação dos arquitectos não deve confundir-se
nem com o apreço pelo ofício, nem muito menos com a admiração por
muitos dos seus oficiais. Como em todas as profissões, existem
pessoas que não apenas falam muito de, como efectivamente praticam a
cidadania. Foi o caso de Nuno Teotónio Pereira, que desde a primeira
hora se juntou aos opositores da opção política da construção de
um novo Museu dos Coches e, até, aos que denunciaram o processo de
convite sem concurso publico e criticaram o projecto adoptado. Não
nos deixemos, pois, submergir em guerras corporativas intestinas,
perpetuando relações de amor-ódio que, todavia, sempre existiram e
existirão, podendo ser saudáveis, se assumidas às claras.
Não, o cerne da
questão não está no projecto de arquitectura. Está em tudo o que
o precedeu, acompanhou e continuará depois da sua consumação.
R.H.S. contribuiu no seu texto com mais alguns dados sobre esta
autêntica saga, esclarecendo como se passou da ideia da ocupação
do espaço pela Escola da Arte Equestre, com pequena extensão do
Museu dos Coches, para a avassalante situação actual. Depois foi
uma sucessão de autismos, e mesmo autoritarismos, por parte de
políticos seduzidos pelos fumos dos capitais europeus e sedentos de
grandes obras públicas — daquelas de que ninguém sentia a falta,
a começar, no caso vertente, pelo presidente da Câmara Municipal de
Lisboa e actual líder do Partido Socialista. Começou por dar-se de
barato a inevitabilidade da destruição das preexistências do
local, onde, em respeito da história, chegou a ser proposta a
instalação de uma secção de viaturas mecanizadas da antiga Casa
Real, gerida pelo Museu dos Coches, ocupando o restante espaço com
uma nova centralidade de movida da arte urbana lisboeta. Ao longo de
anos, não se atendeu ao grito unânime e imenso de associações e
especialistas que disseram e dizem existirem outras prioridades na
política museológica nacional. E haver, mesmo em Belém, outras
necessidades, como as da gestão integrada e proactiva do riquíssimo
parque patrimonial da zona ou, querendo fazer-se obra nova, a criação
do Museu da Viagem (bem diferente de Museu dos Descobrimentos,
sublinhe-se), que faz realmente falta. A tudo os políticos de turno
fizeram orelhas moucas e agora têm, e temos todos, um verdadeiro
elefante branco entre os braços. Mais de 3 milhões de euros anuais
para manter portas abertas (ou 2,7 milhões como com curioso alívio
pretende o actual secretário de Estado da Cultura), numa situação
em que não surpreenderia continuar a haver mais visitantes às
velhas instalações, porque em mais de 4/5 são turistas, orientados
pelo critério da visita rápida em espaços encantatórios.
Poder-se-ia dizer,
como com sentido de humor observou Marcelo Rebelo de Sousa num dos
seus habituais comentários semanais, que tudo neste processo é
exemplar de como em Portugal se geram projectos que reúnem o centrão
político (desde Cavaco Silva primeiro-ministro até Cavaco Silva
Presidente da República, com intenso contributo de José Sócrates
pelo meio), sem que verdadeiramente ninguém lhes sinta a falta.
Ninguém, não. Prova disso foi o interessante texto de opinião de
Luís Patrão, secretário nacional do PS e companheiro de estrada de
José Sócrates desde a juventude na Covilhã, que no rescaldo da
inauguração saudava efusivamente este novo museu (PÚBLICO,
24.5.2015) e afirmava ser a oposição ao mesmo fruto de uma
“ideologia da modéstia”. Ora, como foi observado em redes
sociais dos museus, qualquer procura em dicionário revelará qual o
contrário de modéstia: pretensão, pavonada, opulência, impostura,
inchação, pomposidade, aparato, extravagância, excesso,
indecência, imoralidade, desfaçatez, impudicícia, etc. Será esta
a ideologia favorecida por Luís Patrão, mesmo depois de tudo o que
hoje se sabe sobre o consulado socratista?
Enfim, tal como
R.H.S., nós próprios já tínhamos em Janeiro antecipado os
contornos eleitoralistas desta inauguração (cf. PÚBLICO,
23.1.2015) e tudo leva a crer que novos episódios sucederão nos
próximos tempos, alguns já antecipados pelo actual secretário de
Estado da Cultura, ao reduzir seraficamente a “somente” cerca de
500 mil euros o custo efectivo do novo museu, assim retirando
premência à proposta salvífica que sabe estar a ser preparada para
os lados do CCB. Relativizemos, pois, estes fogachos e aguardemos
pelo novo ciclo político. Até lá, continuaremos a viver
virtualmente por mais algum tempo. Para já e em latim, tal como
começámos, é caso para dizer ite, missa est.
Arqueólogo
Foi
você que pediu uma garagem para coches antigos?
A Opinião de
António Sérgio Rosa de Carvalho.
27/08/2011 in
Público.
Belém, espaço
simbólico da lusitanidade, é caracterizado de forma única pela
luminosidade do Tejo-Oceano, pelo tom pastel do seu edificado
vernáculo e erudito e pelo simbolismo da sua vegetação
arquetipamente mediterrânica.
Este espaço de
identidade foi criado por várias gerações, num processo
acumulativo, baseado num consenso de leitura, apreciação e
reconhecimento da sua importância. Na Praça Afonso de Albuquerque,
a elegância apropriada do estilo "Seize" do Picadeiro Real
e a erudição neoclássica dos seus interiores constituem o contexto
perfeito para a apreciação da internacionalmente reconhecida
colecção de coches.
O êxito do museu
ilustra um produto cultural consolidado, com desafios de conservação,
mas perfeito no seu conjunto.
Num processo
apressado, sem concurso público, decidido por um ministro pouco
económico (mais do que três dezenas de milhões) determinado a
deixar marca de regime através da afirmação pelo contraste e
ruptura, este projecto deixa-nos preocupados.
Acima de tudo porque
é um símbolo de um despesismo inconsciente e irresponsável,
destruidor de um equilíbrio perfeito já existente e criador de
novas despesas num futuro muito incerto de penúria e crise no
universo do património cultural e museus.
Além disso, ao o
compararmos na mesma zona com o Centro Cultural de Belém, concluimos
que o projecto do mesmo revelava preocupações de contextualização
arquitectónica com a envolvente, esta já determinada na Exposição
do Mundo Português em 1940. Volumetrias sintonizadas com a massa dos
Jerónimos, jardins suspensos para usufruto tanto do horizonte
natural como simbólico, contextualização cuidada dos materiais,
linguagem arquitectónica intemporal, monumentalidade apropriada à
gravitas e "tectónica" da zona. Além disso, apresentava
um programa de funções e de apropriação do espaço de usufruto
quotidiano muito claro na sua relação com a arquitectura.
Ora o novo Museu dos
Coches, apesar das suas promessas de valorização urbana e
pretendidas garantias de vivência turística (elevação do solo);
apesar da sua pretensão de monumentalidade minimalista, capaz de
valorizar através da imensidão abstracta e branca a exposição de
objectos de "ourivesaria" movíveis (coches), deixa-nos
muito apreensivos. Porque, apesar de todos os argumentos, é um
projecto formalista, dirigido fundamentalmente à forma e estilo do
objecto arquitectónico, ao qual a função tem que se adaptar,
afirmando-se este objecto pela ruptura, tanto em forma como em
materiais.
Enfim, receita
apropriada e aliciante para políticos que desejam deixar marca
dinástica de regime, mas altamente preocupante quando falamos do
Genius Loci de Belém e das suas características cuidadosamente
consolidadas.
O projecto
lembra-nos um modelo de garagem com rampas, saído de uma miniatura
do nosso quarto de brincadeiras, ou um espaço caricatural de um
filme de Jacques Tati.
A imensidão branca
e clínica dos seus espaços interiores (salas ou hangares [?] com
130 metros por 20 e oito de altura) vai obrigar ao restauro exaustivo
de todos os objectos, expostos agora a um escrutínio detalhado e
implacável. Os seus espaços ("praça" e rampas)
exteriores correm o risco de confirmarem a sua vocação de
"garagem", ou no place vazio, inóspito e sujeito às
correntes de ar - enquanto a elegância perfeita e erudita do
picadeiro fica condenada à subavaliação e subutilização.
Um projecto
desnecessário, como até António Costa reconheceu publicamente. No
entanto, a Associação de Arquitectos, tal como no Largo do Rato,
veio apoiar publicamente com 200 assinaturas este projecto, apesar de
ausência de qualquer concurso.
Continua a ser a
associação, tal como os seus estatutos o afirmam, uma instituição
de utilidade pública, ou transformou-se descaradamente num clube de
interesses corporativos?
Historiador de Arquitectura
Le
Corbusier plus facho que fada
Benoît PEETERS / 18
mars 2015 / LIBÉRATION / LIVRES
Cinquante ans après
la mort de l’architecte, deux ouvrages évoquent son compagnonnage
avec le fascisme.
Les spécialistes le
savaient, même s’ils tentaient parfois de le minimiser : la guerre
de Le Corbusier n’avait pas été exemplaire. Cinquante ans après
sa disparition, voici que les informations sur son parcours politique
se multiplient. Les deux livres publiés ces jours-ci, Un Corbusier,
de François Chaslin, et Le Corbusier, un fascisme français, de
Xavier de Jarcy révèlent l’ampleur de sa part d’ombre.
L’homme de la Cité
radieuse avait été l’un des modèles d’Eugen Robick,
l’«urbatecte» de la Fièvre d’Urbicande, l’un de mes premiers
albums avec François Schuiten. Dès cette époque, j’avais peu de
sympathie pour le doctrinaire. Mais je n’imaginais pas l’ampleur
de ses engagements et de ses compromissions. La tentation fasciste ne
fut pas pour Le Corbusier une simple marque d’opportunisme : ses
relations avec les idéologues de la droite nationaliste ont duré
des décennies et marqué en profondeur sa pensée urbanistique. On
pourrait dire que Le Corbusier fut à l’architecture ce que Martin
Heidegger, son contemporain presque exact, fut à la philosophie : un
géant fourvoyé.
Mépris. Né en
Suisse, à la Chaux-de-Fonds, le 6 octobre 1887, il s’installe à
Paris dès 1917, rêvant de jouer un rôle actif dans la
reconstruction. Il devra attendre une guerre de plus. En attendant,
il bâtit quelques remarquables villas, tout en multipliant les
projets radicaux. L’Esprit nouveau qu’il promeut n’est pas loin
de l’Ordre nouveau. Le Dr Pierre Winter, leader du Parti fasciste
révolutionnaire, l’avocat Philippe Lamour, rédacteur en chef de
la revue Plans, et l’ingénieur François de Pierrefeu, passionné
d’occultisme, sont ses amis les plus proches. Tous appartiennent à
la frange la plus dure de la droite française, celle qui descend
dans les rues de Paris le 6 février 1934. Un jour qui, selon Le
Corbusier, marque «le réveil de la propreté».
Classement,
hiérarchie, dignité sont pour lui les valeurs suprêmes. Inspirées
par les vues aériennes, les perspectives qu’il trace réduisent
les hommes à des silhouettes interchangeables. Champion de l’ordre,
il affirme que «l’animal humain est comme l’abeille, un
constructeur de cellules géométriques». La standardisation qu’il
prône a d’abord une valeur morale, que vient souligner l’emploi
systématique du blanc : «On fait propre chez soi. Puis on fait
propre en soi.»
Le Corbusier cache
d’autant moins son mépris de la démocratie parlementaire qu’elle
ne donne aucune suite à ses projets. Et c’est donc aux régimes
autoritaires qu’il propose ses services : eux seuls pourraient agir
à l’échelle qu’il souhaite. Mais Staline ne veut pas de lui à
Moscou. Et Mussolini ne répond pas à ses appels. L’architecte,
pourtant, ne ménage pas ses éloges : «Le spectacle offert
actuellement par l’Italie, l’état de ses capacités
spirituelles, annonce l’aube imminente de l’esprit moderne.»
Impétuosités. Le
pire est à venir. La débâcle de juin 1940 apparaît à Le
Corbusier comme «la miraculeuse victoire française. Si nous avions
vaincu par les armes, la pourriture triomphait, plus rien de propre
n’aurait jamais plus pu prétendre à vivre», écrit-il à sa
mère. Quelques semaines plus tard, il se réjouit du grand
«nettoyage» qui se prépare : «L’argent, les Juifs (en partie
responsables), la franc-maçonnerie, tout subira la loi juste. Ces
forteresses honteuses seront démantelées. Elles dominaient tout.»
Le ton de certaines lettres est plus nauséabond encore : «Nous
sommes entre les mains d’un vainqueur et son attitude pourrait être
écrasante. Si le marché est sincère, Hitler peut couronner sa vie
par une œuvre grandiose : l’aménagement de l’Europe.»
L’architecte se
persuade que son heure est venue. «Il s’est fait un vrai miracle
avec Pétain. Tout aurait pu s’écrouler, s’anéantir dans
l’anarchie. Tout est sauvé et l’action est dans le pays.» Cela
fait tant d’années qu’il voudrait construire autre chose que de
belles villas, tant d’années qu’il rêve de villes édifiées ex
nihilo. Alors, pourquoi ne pas faire confiance au Maréchal, même si
rien dans le parcours du vieil homme ne le prédispose à accueillir
ses impétuosités modernistes ?
Le Corbusier rejoint
Vichy dès la fin de l’an 40. Bientôt nommé conseiller pour
l’urbanisme auprès du gouvernement, il dispose d’un bureau à
l’hôtel Carlton et commence à écrire l’Urbanisme de la
Révolution nationale. Le 27 mars 1941, il rencontre Pétain, «celui
qui a les pleins pouvoirs pour mettre en œuvre le domaine bâti de
la France». Les publications se multiplient : Sur les quatre routes,
Destin de Paris, la Maison des hommes et la Charte d’Athènes.
Malgré les nombreuses relations que Le Corbusier compte à Vichy,
les choses ne tardent pas à s’enliser. En juin 1942, son plan
d’urbanisme pour Alger est rejeté. Début juillet, il fait ses
adieux «au cher merdeux Vichy». Rentré à Paris, il devient
conseiller technique à la fondation du docteur Alexis Carrel, le
théoricien de l’eugénisme. Il n’en démissionne que le 20 avril
1944, «l’esprit régnant là ne me convenant pas», découvre-t-il
soudain.
Amnésie. Après la
guerre, la reconversion est instantanée : «La page tourne et il
faut se décider à l’admettre !» Il n’est même pas question
d’amnistie, mais d’une pure et simple amnésie. Le Corbusier
toilette habilement sa biographie. Non content de gommer les traces
de son long séjour à Vichy, il se fait passer pour une victime des
pétainistes. Mais il restera fidèle jusqu’au bout à
quelques-unes de ses amitiés les plus douteuses, et ne reviendra ni
sur son taylorisme ni sur son mépris des «populations parasitaires»
et des «habitants stériles».
Soutenu par
Claudius-Petit, ministre de la Reconstruction et de l’Urbanisme,
admiré par Malraux qui voit en lui le plus grand architecte du
siècle, Le Corbusier peut enfin construire les tours et les barres
qu’il dessine depuis les années 20. Le fasciste d’hier est
désormais le «fada», tandis que la Charte d’Athènes devient la
bible des urbanistes. Le mythe Le Corbusier se solidifie. Le 1er
septembre 1965, quelques jours après sa noyade à Roquebrune,
Malraux salue son «vieux maître» et son «vieil ami», faisant du
bâtisseur de la Cité radieuse l’une des incarnations de la France
gaulliste…
S’ils se recoupent
sur bien des points, les deux livres qui paraissent aujourd’hui
procèdent de manière très différente. Nombreux documents à
l’appui, Xavier de Jarcy instruit avec rigueur le procès d’un
«personnage aux rêves totalitaires, au cynisme en béton armé».
Dans son ample Un Corbusier, débordant d’informations mais quelque
peu chaotique, François Chaslin propose de son côté un portrait
sans complaisance, doublé d’une évocation mélancolique du destin
des Cités radieuses.
On ne pourra plus
passer sous silence les engagements de Le Corbusier. On débaptisera
sans doute quelques rues, on effacera son image de quelques billets
de banque. Mais on n’est pas près d’en finir avec lui.
Paraît également
«Le Corbusier, une froide vision du monde», de Marc Perelman
(Michalon, 256 pp., 19 €).
Benoît PEETERS
François Chaslin Un
Corbusier Seuil, 524 pp., 24 €.
Xavier de Jarcy Le
Corbusier, un fascisme français Albin Michel, 288 pp., 20 € (en
librairie le 9 avril).
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