No jardim, foram sinalizados
cinco lódãos para abate e mais 16 para poda
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Abate de árvores no Jardim
Cesário Verde em Lisboa motiva protestos
Presidente da junta garante que
árvores “doentes” vão ser substituídas e lembra que este ano já plantou 70
novas árvores
Marisa Soares /
5-5-2015 / PÚBLICO
As operações de
desbaste, limpeza e abate de lódãos no Jardim Cesário Verde, em Lisboa,
iniciadas na semana passada a pedido da Junta de Freguesia de Arroios, estão a
motivar protestos. Alguns moradores e outros cidadãos contestam sobretudo o
abate “inesperado” de cinco árvores e criticam a adjudicação destas
intervenções à mesma empresa que fez a avaliação do estado fitossanitário.
A junta presidida
por Margarida Martins, eleita pelo PS, adjudicou por 25 mil euros (mais IVA) à
empresa Sequóia Verde a prestação de serviços de arboricultura. A empresa ficou
responsável pela análise do estado fitossanitário das árvores nas ruas e
jardins da freguesia e, segundo a autarquia, num universo de 452 exemplares já
inspeccionados, foram detectados 43 com “defeitos considerados críticos”, como
podridão ou instabilidade das copas, apontando o abate como única solução.
Só no Jardim
Cesário Verde, na Estefânia, foram identificados cinco lódãos para abate e mais
16 para poda e limpeza. As operações começaram na semana passada para surpresa
de alguns moradores e de outros cidadãos indignados com o processo. “É
obrigatório avisar a população 15 dias antes e explicar os motivos da
intervenção, mas não foi colocado nenhum aviso sobre o abate”, garante Luís
Marques da Silva, morador na zona e membro do Fórum Cidadania Lisboa.
“Os moradores
acreditam que há interesses económicos por detrás”, acrescenta António Pinto
Soares, da Associação Lisboa Verde, que pediu a suspensão dos trabalhos e
esteve ontem no jardim a tentar parar os últimos dois abates programados. Os
contestatários têm “dúvidas” sobre o rigor da avaliação feita pelos técnicos da
Sequóia Verde, uma vez que esta é a mesma empresa encarregada do tratamento e
abate das árvores.
Além disso, Luís
Marques da Silva lembra que no jardim existe uma árvore classificada, um
cedro-de-atlas, para a qual está definido um perímetro de protecção de 50
metros. “Estive a medir, e todas as árvores abatidas estão a menos do que 50
metros. Estarão a ser cumpridos todos os procedimentos de segurança?”,
questiona.
A presidente da
junta refuta todas as críticas. Margarida Martins garante que foram colocados
cartazes antecipadamente e que a empresa contratada é “idónea”. “Já tivemos
árvores a cair sobre carros, não estamos a fazer isto de ânimo leve”,
argumenta, sublinhando que o relatório da inspecção ao arvoredo está acessível
no site da junta e que mesmo as árvores com “copas frondosas e vigorosas”
escondem por vezes “riscos de ruptura elevados”.
A autarquia
esclarece, num comunicado, que a empresa aplicou o “Protocolo VTA ( Visual Tree
Assessment)”, para avaliar o estado das árvores, e usou o “método Risk Rating
System2” para determinar a “probabilidade e gravidade de um eventual acidente”
causado pela queda total ou parcial.
Sublinhando que
“nenhuma das árvores abatidas é centenária”, Margarida Martins garante que o
objectivo é substituir os lódãos “doentes” por novos exemplares, a cargo da
junta. “Plantámos 70 árvores novas nos primeiros três meses deste ano e temos
estado a podar e a requalificar os jardins”, afirma, dando como exemplo o
jardim da Praça José Fontana e o do Campo dos Mártires da Pátria, onde nos
últimos meses caíram três árvores apodrecidas.
Para Teresa
Sampaio e para a Associação Lisboa Verde, o problema está a montante, na
reorganização administrativa de Lisboa, que transferiu para as freguesias a
manutenção da maioria dos espaços verdes. Esta tarefa “deve ser estruturante,
ou seja, deve haver uma orientação única a decidir o que é melhor para a
cidade”, defende a associação.
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