Costa vê “com naturalidade”
dirigentes socialistas na campanha de Nóvoa
CARLOS DIAS
03/05/2015 - PÚBLICO
O socialista diz que o PS será
uma “alternativa” à política deste Governo e critica o executivo por precipitar
decisões de privatização no fim da legislatura. Sobre a TAP, defende que
Governo deve ter capacidade de diálogo na gestão do conflito e procurar
consenso alargado.
Apesar de reafirmar que só no
“momento próprio” o PS se irá pronunciar sobre a candidatura que pretende
apoiar nas eleições presidenciais, o secretário-geral do partido, António
Costa, disse neste domingo em Beja que encara “com naturalidade” a presença de
dirigentes socialistas na campanha de Sampaio da Nóvoa.
Costa foi parco
em explicações sobre as presidenciais, na deslocação que fez neste domingo à
Ovibeja. Mantém apenas o que tem vindo a dizer nos últimos tempos — que o
partido irá pronunciar-se "no momento próprio" e agora está
"concentrado nas eleições legislativas".
Mas também sobre
as legislativas, limitou-se apenas a observar que a “direita está a fazer um
enorme esforço para travar o PS”: "Aquilo que verifico é que a direita faz
um enorme esforço de coligação para travar a força do PS, mas nós estamos com
muita confiança, porque sabemos que a nossa força é a força dos cidadãos que
querem uma mudança e uma alternativa e é isso que nos dá força", afirmou.
Críticas a
privatizações em final de mandato
Um dos assuntos
que mereceu mais declarações de Costa foi a TAP. Em Beja, o socialista admitiu
estar “muito apreensivo” em relação a um processo que tem sido “muito
negativo”, criticando a decisão do Governo de pretender a privatização da
empresa a 100% e no final da legislatura, sem que antes procurasse um “consenso
político alargado”.
A TAP, prossegue
o secretário-geral socialista, é uma empresa que “garante a soberania
nacional”. Perder esse valor “é um risco enorme para o futuro do país”,
sentencia. A dimensão do conflito exige que Governo “procure o consenso
político que deveria começado por procurar”, observa ainda. Simultaneamente,
defende, o Governo deveria desistir da 2ª fase da privatização e encontrar uma
solução que “devolva a paz social” à empresa e que permita “parar uma greve”
que está a ser “negativa” para o conjunto da economia nacional.
"Era
essencial que o Governo revelasse capacidade de diálogo político e social, que
não tem revelado, e não esgotasse estes últimos tempos desta legislatura com a
precipitação de decisões [de privatização], seja nos transportes urbanos, na
TAP, no sector das águas, que são decisões muito gravosas para o país e que
Governo algum em final de legislatura devia sentir-se legitimado para tomar. É
um erro que está a ser pago duramente pela economia nacional", afirmou.
A solução
alternativa foi “há muito tempo apresentada pelo PS”: “É incompreensível que
não se tenham esgotado todos os esforços na comissão europeia para que se
procedesse à capitalização pública da TAP”. Ao contrário do que tem sido dito
pelo Governo, assinalou, “não é verdade que a União Europeia não permita
capitalização pública, ainda recentemente isso foi permitido”.
E mesmo que não
houvesse recursos do Estado para fazer essa capitalização, a solução deveria
ter sido “aumentar o capital da empresa por via da sua dispersão em bolsa”,
recusando o caminho seguido pelo Governo de aceitar perder a posição
maioritária que o Estado detém no capital da empresa, concluiu Costa.
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