CDS ataca taxa turística de Costa
em Lisboa e no Parlamento Europeu
SOFIA RODRIGUES
05/05/2015 - PÚBLICO
Eurodeputado Nuno Melo quer saber
a que sanções Portugal estará sujeito.
O CDS-PP vai
atacar o líder do PS, António Costa, em duas frentes – Lisboa e Bruxelas - a
propósito da taxa turística aeroportuária anunciada enquanto presidente da
Câmara Municipal de Lisboa, que acumulava com a liderança do PS. Os centristas
lembram que, se a taxa municipal vier a ser considerada ilegal pela Comissão
Europeia, será o Estado português o alvo das sanções e não a autarquia.
Num pedido de
esclarecimento ao actual presidente da Câmara, Fernando Medina, o vereador do
CDS João Gonçalves Pereira coloca a questão de ser o Estado o responsável por
um eventual incumprimento das leis comunitárias. “Pode o país vir a pagar pela
teimosia de dois políticos que tenham entendido não acautelar devidamente o
interesse da cidade e do país aquando da criação mal preparada e apressada
destas duas taxas?”, questiona o vereador.
João Gonçalves
Pereira pergunta se Fernando Medina está preparado para “assumir a
responsabilidade e as consequências dos eventuais prejuízos internos e
externos, caso venham a ser aplicadas penalizações ao país em virtude de uma
decisão errada, precipitada e egoísta”.
As perguntas – a
que o PÚBLICO teve acesso – surgem pouco mais de uma semana depois de ser
pública a resposta da comissária europeia da Justiça, Vera Jourová, à
eurodeputada do PSD Cláudia Aguiar sobre a aplicação da taxa aeroportuária
anunciada em Novembro de 2014 pelo anterior presidente da câmara, António
Costa. A comissária disse dispor apenas de informação que foi publicada na
imprensa, mas considerou que “em termos gerais, a legislação da União Europeia
proíbe a discriminação em razão da nacionalidade” e lembrou que a proliferação
de taxas turísticas tem “efeitos negativos” sobre a competitividade.
Na sequência
desta resposta ao PSD, o CDS-PP quer apurar qual o regime sancionatório a que
Portugal pode estar sujeito. É nesse sentido que o eurodeputado Nuno Melo irá
interpelar a mesma comissária europeia. “António Costa, já sendo
secretário-geral do PS, acusa o Governo de austeridade, e querendo ser
primeiro-ministro, a primeira medida que toma é onerar por via tributária
turistas que são responsáveis pelo maior sucesso dos últimos anos”, apontou o
vice-presidente do CDS.
Em causa,
prossegue Nuno Melo, está não só o que considera ser uma ilegalidade, como está
em risco a imagem do país. “Esta decisão de António Costa dá um sinal muito
errado para o exterior”, afirma o eurodeputado.
A nível interno,
o vereador centrista de Lisboa critica que Fernando Medina ainda não tenha
ouvido o departamento jurídico da autarquia sobre a taxa turística e defende
que devia ser pedido um parecer. “A Câmara não pode ficar de braços cruzados”,
afirma, lembrando que o departamento jurídico tem “qualidade técnica e
imparcialidade na defesa dos interesses da cidade”. No caso da isenção de taxas
ao Benfica, um parecer negativo por parte do departamento jurídico da Câmara
levou o ex-presidente António Costa a retirar a proposta.
Anunciada no
âmbito do orçamento camarário para 2015, a taxa aeroportuária deveria ser cobrada
a cada turista que entrasse em Lisboa pelo aeroporto e porto da cidade, mas foi
a gestora de aeroportos ANA que assumiu o pagamento desse valor (no máximo 4,4
milhões de euros) até ao final deste ano, à luz de um protocolo assinado pelas
duas partes. A administração da ANA vai ser ouvida esta quarta-feira, no Parlamento,
a pedido das bancadas da maioria PSD/CDS-PP.
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