Balsemão
escolhe Durão Barroso para lhe suceder em Bilderberg
MARIA LOPES
27/05/2015 - Público
Patrão
da Impresa deixa o poderoso clube internacional ao fim de 32 anos. "É
altura de dar lugar a outro português", afirmou ao PÚBLICO.
Ao fim de 32 anos,
Francisco Pinto Balsemão vai deixar o restrito clube de Bilderberg e
já escolheu o seu sucessor no steering committee, o conselho
director que organiza os encontros anuais. Será José Manuel Durão
Barroso, o ex-presidente da Comissão Europeia e antigo
primeiro-ministro português entre 2002 e 2005, que o irá
substituir, apurou o PÚBLICO.
O novo nome
português do steering committee, escolhido pelo patrão da Impresa,
terá ainda de ser aprovado pelos restantes membros. Espera-se que
Durão Barroso assuma o cargo depois da reunião anual do clube
Bilderberg, marcada para os Alpes austríacos para daqui a duas
semanas – poucos dias depois e a alguns quilómetros do local do
encontro do G7, na Alemanha.
Ao PÚBLICO
Francisco Pinto Balsemão confirmou a sua decisão de abandonar o
steering committee de Bilderberg, assim como a escolha de Durão
Barroso. “Achei que era a altura de dar lugar a outro português”,
limitou-se a justificar o também fundador do PSD, que poderá
continuar a ser convidado para participar em conferências anuais
daquele clube restrito.
Durão Barroso já
conhece os cantos à casa: foi convidado em 2003 e 2005 e manteve uma
ligação como consultor. Há dez anos que ninguém repete o convite.
Balsemão parece
gostar de escolher os seus sucessores – fê-lo no grupo de media
que fundou, a Impresa, ao passar o poder executivo para Pedro Norton
há dois anos, e agora decide abandonar o palco internacional
nomeando quem fica no seu lugar. Francisco Pinto Balsemão é membro
do steering committee há 32 anos – fez oito mandatos de quatro
anos, quando o habitual é metade –, sendo, por isso, dos mais
antigos membros daquele conselho director. Em 1999 organizou na Penha
Longa, em Sintra, a única reunião em Portugal.
Quase tudo é
decidido e discutido em segredo neste clube. O local da reunião
anual costuma ser anunciado com poucos dias de antecedência, assim
como os nomes dos convidados, e os temas abordados são divulgados
sob a forma de tópicos no site da organização. Os participantes
não podem divulgar o conteúdo das reuniões e impera o princípio
da Chatham House Rule – podem usar a informação discutida, mas
sem atribuir a sua origem. Normalmente acabam mesmo por não comentar
os encontros.
Clube
de poderosos
O steering committee
é um órgão intermédio daquela organização. Trata-se do conselho
director das reuniões de Bilderberg, que realiza habitualmente duas
reuniões por ano, e que escolhe os grandes temas e oradores da
conferência anual. É para esta conferência que os conselheiros
levam convidados do seu país de origem.
Na estrutura do
clube, e abaixo deste conselho director, existe um outro nível de
ligação a Bilderberg, constituído por personalidades que prestam
algum tipo de consultoria ao steering committee, e que podem já ter
passado (ou não) pelas reuniões anuais. Acima está o steering: é
constituído por 33 filiados no clube, entre os quais Balsemão, é
presidido por Henri de Castries, o presidente executivo do grupo Axa,
e tem o magnata norte-americano David Rockfeller como conselheiro.
Os nomes e as
referências profissionais disponíveis no site oficial – são
políticos, académicos de renome, empresários e gestores de topo e
de empresas de peso internacional – mostram a importância daquele
órgão. São os membros do steering committee que fazem os convites
aos participantes que vão mudando todos os anos.
Acima deste conselho
estará ainda um restrito advisory group, com apenas nove membros e
que Rockfeller também integra.
Convidados
portugueses de peso
Balsemão, que
entrou em Bilderberg em 1983 (acredita-se que por alguma influência
de Medeiros Ferreira, que fora ministro dos Negócios Estrangeiros),
costuma convidar uma personalidade mais à esquerda e outra à
direita. Ainda não se conhecem as duas personalidades deste ano, mas
o social-democrata tem tido dedo para a escolha de nomes que acabam
por ganhar depois relevância política na vida nacional.
Pela sua mão já
ali passaram todos os antigos primeiros-ministros (alguns antes de o
serem, como foi o caso de Pedro Santana Lopes e José Sócrates,
ambos em 2004), assim como praticamente todos os líderes do PS e do
PSD – excepto Passos, que foi convidado, mas acabou por não ir.
Mas também gestores
como Ricardo Salgado, António Borges, Vasco de Mello, Murteira Nabo,
Artur Santos Silva, Vasco Pereira Coutinho ou Miguel Horta e Costa.
Jornalistas como Clara Ferreira Alves, Nicolau Santos, Margarida
Marante ou José Eduardo Moniz. E políticos, muitos políticos –
António Guterres, Jorge Sampaio, Rui Machete, Deus Pinheiro, António
Vitorino, Ferro Rodrigues, Paulo Portas, Leonor Beleza, Rui Rio,
António Costa, Manuela Ferreira Leite, Teixeira dos Santos, Paulo
Rangel, Nogueira Leite, Luís Amado ou Jorge Moreira da Silva.
“Bilderberg vai enviar Durão
Barroso para uma nova missão”
A jornalista espanhola Cristina
Martín Jiménez investiga o clube há 10 anos e conta como Bilderbeg comanda a UE
Por Rosa Ramos e
Kátia Catulo
publicado em 21
Mar 2015 in
(jornal) i online
Investiga
Bilderberg há dez anos e acaba de publicar o quarto livro sobre o clube. Em “O
Clube Secreto dos Poderosos – os Planos Ocultos de Bilderberg”, que acaba de chegar
a Portugal, Cristina Martín Jiménez conta como a organização de elite provocou
a actual crise económica e como controla a União Europeia (UE). Numa entrevista
via email, a jornalista espanhola garante que Durão Barroso será enviado, em
breve, numa “missão” ao serviço dos Bilderberg, numa das instituições que o
clube controla. Garante também que Ricardo Salgado e José Sócrates nunca mais
serão convidados porque no clube não há amigos. Só “falsos amigos”.
Defende a tese de
que a crise foi planeada no clube Bilderberg. Em que se baseia?
Os argumentos são
explicados ao longo de todo o livro, em que exponho como eles foram escolhendo
os momentos, as pessoas e as mensagens divulgadas através dos meios de
comunicação oficiais durante toda a crise. E também conto quem beneficiou com
esta crise e como. Perderam as soberanias nacionais europeias a favor da UE,
que é controlada por eles. Os ricos são hoje 20% mais ricos que em 2007 e o
número de pobres cresceu. Será isto produto do acaso? Não. É produto de engenharia
económica e social, que se gera e combina nas reuniões Bilderberg.
Diz que Durão
Barroso é um dos mais poderosos Bilderbergs. Continuará a ter o mesmo poder
agora que deixou a presidência da UE?
Durão Barroso
deixou o cargo de primeiro-ministro em Portugal para ocupar a presidência da
Comissão Europeia, o que demonstra que Bruxelas era mais importante para ele
que o destacado cargo que tinha no governo português. Abandonou assim os
portugueses que tinham votado nele. E os políticos ainda perguntam por que
razão não confiamos neles? O clube vai enviá-lo numa nova missão noutra das
muitas entidades que controla, como a ONU, a Organização Mundial de Saúde ou do
Comércio, o FMI, o Banco Mundial, a Comissão Trilateral ou outro cargo de
destaque na UE.
José Sócrates e
Ricardo Salgado foram convidados. Agora que estão a braços com problemas
judiciais voltarão a participar?
Não vão voltar a
ser convidados. O que Bilderberg faz é usar as pessoas para o seu próprio
interesse. Estão os dois fora, especialmente Sócrates, porque o percurso de
Salgado no clube é mais antigo. O esquema de Bilderberg é actuar por cima, por
baixo e por detrás da lei. Agora os seus falsos amigos do clube não os vão
ajudar. É o que se chama falsos amigos.
Que obrigações
são exigidas aos convidados das reuniões?
No que toca às
reuniões, é exigido silêncio. Não se pode falar sobre o que acontece lá dentro
com ninguém, e especialmente com a imprensa livre. Se os potenciais convidados
superarem o exame do clube, serão apoiados para conseguir atingir a presidência
de um país, por exemplo. Ou da NATO, da UE, da ONU, que são
organizações-satélite. Por isso, e uma vez lá dentro, há que cumprir as ordens
do clã superior, das hierarquias, dos círculos concêntricos. O núcleo duro dita
as ordens e as directrizes que chegam, a conta-gotas, aos peões, sem que eles
saibam na realidade de onde vêm.
Começou a
investigar o clube há dez anos. O que a move?
Sou jornalista de
vocação. E creio que essa é a principal razão. Em 2004 ouvi falar de uma
reunião anual onde uma série de pessoas decidiam o destino do mundo actual,
onde se idealizara a criação da UE e do euro e onde se tomavam decisões à
revelia dos parlamentos democráticos. Uma associação elitista em que se
escolhiam candidatos presidenciais e outros cargos relevantes, onde se
planeavam crises e guerras. O jornalismo que habita em mim fez o resto. Quis
saber se era realidade ou mito e descobri que era verdade.
Teve problemas
durante a investigação?
Os problemas têm
sido uma constante. A minha irmã costuma dizer-me que no dia em que eu escrever
a minha biografia será um bestseller. Talvez decida fazê--lo um dia, quando for
velha. Uma prova é que o meu terceiro livro desapareceu inexplicavelmente do
mercado. Há leitores que o procuraram em toda a parte e não o encontram.
O que responde a
quem a acusa de veicular teorias da conspiração?
Eu não fomento
teorias da conspiração. Sou licenciada em Ciências da Comunicação, sou
jornalista. As teorias da conspiração existem desde o princípio do mundo,
sobretudo quando o que está em jogo é o poder e o dinheiro. A única coisa que
faço é o meu trabalho: demonstrar, através da metodologia da ciência
jornalística, as conspirações do mundo contemporâneo. O facto de os meus livros
irritarem e incomodarem quem protagoniza essas conspirações é a razão pela qual
se tenta desprestigiar o meu trabalho e a minha pessoa. Isso acontece sempre
que a imprensa desvenda a corrupção do poder. O que eles pretendem é uma
imprensa submissa e subjugada, por isso tentam comprar--nos. Mas não estamos
todos à venda, felizmente. E isso irrita-os. Mas somos muitos jornalistas em
todo o mundo, cada um na sua especialidade, a desmontar as teias do poder, e
não podem calar-nos a todos. São ídolos com pés de
barro.
O critério de
escolha para entrar no restrito clube é simples: personalidades que tenham
influência ou possam vir a tê-la. Com excepção de Passos Coelho, que chegou a
ser convidado mas nunca participou, nos últimos 20 anos todos os
primeiros-ministros foram convidados: António Guterres, Durão Barroso, Pedro
Santana Lopes e José Sócrates. Os participantes são, regra geral, figuras com
peso no PSD e no PS ou influência no mundo dos negócios. Nesta lógica, Marcelo
Rebelo de Sousa, António José Seguro, Manuela Ferreira Leite e António Vitorino
já foram também convidados por Francisco Pinto Balsemão. Mas a lista não se
fica pela política: o banqueiro Ricardo Salgado, que foi tido como um dos
homens mais poderosos do país, participou duas vezes e o fundador destes
encontros era amigo da família.
Senhor Steering. Balsemão, o
porteiro de Bilderberg
O patrão da SIC faz parte do
clube desde os anos 80 e integra o exclusivo comité que organiza as reuniões
Por Rosa Ramos
publicado em 21
Mar 2015 – in (jornal) i online
É o único membro
permanente português do clube e raramente fala sobre Bilderberg, mas, numa entrevista à SIC, no programa “Quem
diria”, Francisco Pinto Balsemão garantiu que só quem “acreditar em livros”
pode achar que a conferência anual é um palco de congeminações secretas. “Cada
membro do comité director... e eu sou o português do comité director, temos
critérios, e portanto procuramos convidar pessoas que ou já têm importância ou
que nós entendemos que poderão vir a ter relevância política, social,
cultural”, acrescentou.
Antes, em
Novembro de 2005, numa entrevista ao espanhol “Abc”, Balsemão já tinha tocado
no assunto. Acusou de “inveja” os que os criticam por fazer parte do clube e
tentou explicar em que consiste Bilderberg. “É um grupo da sociedade civil que
junta uma vez por ano norte-americanos, canadianos e europeus para falar a alto
nível sobre os problemas actuais, que tanto podem ser as relações entre os dois
continentes como a guerra no Iraque ou a economia da China. Está muito bem
organizado e, ao não estar lá a imprensa, não pode haver conclusões nem
comunicados finais, as pessoas podem falar de forma muito livre. Muita gente
que o critica gostaria de fazer parte dele.”
O patrão da SIC
faz parte do clube pelo menos desde 1988, ano em que está identificado pela
primeira vez como membro permanente. Na altura tinha deixado o cargo de
primeiro-ministro e estava centrado na empresa de comunicação social. Não se
sabe ao certo quem o convidou para integrar Bilderberg, mas em 2010 Medeiros
Ferreira deu a entender, no seu blogue, que terá sugerido o nome de Balsemão no
final dos anos 70. “Fui convidado duas vezes, em 1977, quando era ministro dos
Negócios Estrangeiros, e em 1980, quando já o não era. Nessa última vez, alguém
do steering committee perguntou-me que nomes eu sugeriria, de outras correntes
políticas em Portugal, para futuras reuniões. Lembrei-me de Francisco Balsemão,
entre outros [...] Não sei se foi por isso, se por mera coincidência, o certo é
que o futuro primeiro-ministro acabou por ser o grande cooptador dos
portugueses que participam nas reuniões”, escreveu o antigo dirigente
socialista. Balsemão viria mesmo a integrar o steering (comité directivo),
órgão encarregado de definir a lista de temas a debater e as personalidades a
convidar para os encontros anuais.
As ligações do
dono da Impresa a Bilderberg já lhe valeram polémicas. A primeira a seguir ao
encontro do clube em Sintra, de que foi anfitrião em 1999. “O Independente”
escreveu que a Sojornal – empresa que detém a maioria das acções do semanário
“Expresso” e “Visão” – recebeu 40 mil contos (200 mil euros) do Ministério dos
Negócios Estrangeiros para organizar a conferência no Hotel da Penha Longa. A
Sojornal viria a explicar que o dinheiro não podia ser encarado como um
“subsídio”, mas antes como um “patrocínio”.
Mais
recentemente, no Processo das Secretas, Bilderberg surge no relatório apreendido ao ex-espião
Silva Carvalho: “Balsemão tem-se revelado, ao longo dos anos, um agente de
influência, sabe-se lá ao serviço de quê e controlado por quem. A sua
participação em encontros de Bilderberg é disso exemplo”, escreveu o ex-espião
no documento em que descrevia o dono da SIC. E acrescentou: “Trata-se de uma
organização nada transparente e que, por isso mesmo, muitos rumores e teorias da
conspiração tem suscitado, mas que, independentemente dos objectivos
específicos, é um concentrado de gente com claras ambições de controlo de tudo
o que de importante se passa no globo, sem que se conheçam as suas motivações,
nem objectivos, sabendo-se apenas que são os seus objectivos particulares que
os movem. Aos encontros de Bilderberg, Balsemão, que funciona como porteiro
português do grupo, tem levado inúmeras personalidades.” O i enviou um conjunto
de perguntas sobre o clube a Balsemão, que não respondeu por não ter
“disponibilidade”.
Escolhidos. Os portugueses
convidados para o clube Bilderberg
O i revela 15 personalidades que
foram aos encontros de Bilderberg, o que faziam antes e o que fizeram a seguir
Por Luís Claro
publicado em 21
Mar 2015
José Sócrates
Foi convidado em
2004, pouco tempo antes de ser eleito para a liderança do PS com 80% dos votos.
No ano seguinte chegou a primeiro-ministro e ocupou o cargo durante seis anos. Quando
foi convidado por Balsemão já era influente dentro do PS e apontado por alguns
como sucessor de Ferro Rodrigues, que enfrentou grandes dificuldades na
liderança devido ao caso Casa Pia. Actualmente,
José Sócrates
está preso preventivamente por suspeitas de fraude fiscal, corrupção e
branqueamento de capitais.
Paulo Portas
Portas é um dos
raros convidados do mundo da política que não pertencem nem ao PSD nem ao PS. O
líder dos centristas foi convidado em 2013, juntamente com António José Seguro
(Portugal tem, no máximo, três representantes no encontro). Portas foi ao
encontro quando era ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
António Costa
O actual líder do
PS foi convidado para o encontro que junta a elite mundial em 2008. Um ano
antes tinha sido eleito para a presidência da Câmara de Lisboa em eleições
intercalares. No currículo já tinha os cargos de ministro da Justiça e da
Administração Interna, entre outros. Há muitos anos que o seu nome é falado para a liderança do PS, mas Costa só
avançou em 2014. O mais provável, de acordo com as sondagens, é que seja o
próximo primeiro--ministro. Curiosamente, Costa foi convidado juntamente com
Rui Rio, que era presidente da Câmara do Porto. A proximidade entre os dois tem
alimentado especulações de que no futuro se poderão vir a entender para criar
um governo do bloco central.
António José Seguro
Foi convidado em
2013. Era líder do PS há dois anos e na altura era forte a possibilidade de vir
a ser o próximo primeiro--ministro. Mas, ao contrário de que muitos previam,
não foi o governo a cair mas sim o líder do PS, que nunca conseguiu ultrapassar
as divergências com alguns sectores dentro do PS. Um ano depois, após a vitória
nas eleições europeias, foi desafiado por António Costa para disputar a
liderança e foi derrotado.
Saiu da liderança
do PS e abandonou o lugar de deputado. Desde que deixou de ser líder do PS que
não tem intervenção pública.
Paulo Macedo
O actual ministro
da Saúde foi convidado por Francisco
Pinto Balsemão no ano de 2014. Paulo Macedo ganhou notoriedade como
director--geral dos Impostos, tendo conseguido bons resultados no combate à
evasão fiscal. Foi também vice-presidente do conselho de administração
executivo do Millennium BCP.
Foi sempre um dos
ministros mais populares deste governo e era até o preferido de alguns sectores
da maioria, nomeadamente do CDS, para ministro das Finanças quando Vítor Gaspar
se demitiu.
Marcelo Rebelo de Sousa
Foi convidado em 1998, quando liderava o PSD. Deixou
a liderança dos sociais-democratas no ano seguinte, depois de entrar em ruptura
com Paulo Portas, o que ditou o fim da aliança entre o PSD e o CDS. Não deixou,
porém, de ter influência, sendo o comentador político mais ouvido do país. Quase
20 anos depois, Marcelo admite voltar à política, mas como candidato à
Presidência da República, um dos candidatos mais fortes na área da direita. Marcelo
contou à TVI, uns anos depois de ter participado no encontro, que não viu nada
de “anormal” nessas reuniões. Descreveu o encontro como “muito interessante”,
já que lhe permitiu “conhecer figuras importantes dos Estados Unidos da América
e da Europa”. O professor está, porém, convicto de que destes encontros não
resulta uma rede de ligação. “Eu não notei que tivesse ficado. Não tenho essa
visão conspiratória.”
Vítor Constâncio
Foi governador do
Banco de Portugal e participou no encontro em 1988, quando era secretário-geral
do PS, e em 2010, ano em que deixou o Banco de Portugal para ocupar o cargo de
vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), onde é responsável pela
supervisão bancária.
Teixeira dos
Santos Teixeira dos Santos foi convidado quando era ministro das Finanças de
José Sócrates. Um ano depois, o agora professor universitário entrou em ruptura
com José Sócrates, quando decidiu acabar com as resistências do
ex-primeiro-ministro à vinda da troika e assumiu que o país precisava de pedir
ajuda externa. Actualmente é professor da Faculdade de Economia do Porto.
Ricardo Salgado
O banqueiro
esteve duas vezes nos encontros de Bilderberg, em 1997 e 1999, quando a
conferência se realizou no Hotel da Penha Longa, em Sintra (foi até hoje a
única vez que se realizou em Portugal). O fundador destes encontros, Bernardo
da Holanda, conta o livro “O Último Banqueiro”, das jornalistas Maria João Babo
e Maria João Gago, era “visita assídua em casa de Manuel Espírito Santo, o
tio--avô de Ricardo Salgado, que liderou o BES até 1973. Os convites a Salgado
foram feitos por Balsemão “antes de as relações” entre os dois “se
deteriorarem”, revela ainda o livro sobre o ex-presidente do BES.
Paulo Rangel
O eurodeputado do
PSD participou na reunião em 2010. No mesmo ano foi candidato à liderança do
partido, mas foi Passos Coelho quem ganhou. Actualmente, Paulo Rangel é deputado
ao Parlamento Europeu.
Durão Barroso
Durão Barroso
participou três vezes nas conferências do Bilderberg. A primeira foi em 1994
quando era ministro dos Negócios Estrangeiros. O cavaquismo estava a dar as
últimas e já se começava a discutir o sucessor do homem que mais tempo governou
o país. Um ano depois de entrar no restrito clube mundial, Durão candidatou-se
à liderança do partido, mas perdeu para Fernando Nogueira. Não desistiu e em
1999 foi eleito líder do partido. Não demorou muito tempo a chegar ao governo. António
Guterres demitiu-se e em Março de 2002 foi eleito primeiro-ministro. Foi nessa
qualidade que, no ano seguinte, voltou a ser convidado para o encontro da elite
mundial. Não foi a última vez.
Santana Lopes
Pedro Santana
Lopes esteve no encontro em Junho de 2004. A reunião aconteceu três semanas antes da
crise política em Portugal. Durão Barroso demitiu-se do governo, mas não partiu
para o novo cargo na Comissão Europeia sem escolher o seu sucessor:Santana
Lopes. O “enfant terrible” do PSD chegou a primeiro-ministro pouco tempo depois
de ter participado no encontro, as nem um ano esteve na liderança do governo. Santana
ainda concorreu nas legislativas, mas o vencedor foi José Sócrates, que também
tinha participado no encontro de Bilderberg no mesmo ano. Santana não está
actualmente na política activa, mas poderá ser candidato à Presidência da
República nas próximas eleições. Actualmente é presidente da Santa Casa da
Misericórdia.
Manuela Ferreira Leite
Era presidente do
PSD quando foi convidada para participar na conferência do clube de Bilderberg,
em 2009. Ao contrário de outros líderes da oposição, que já participaram nestas
reuniões, nunca chegou à liderança do governo. Em Abril de 2010, após a derrota
nas legislativas contra José Sócrates, Manuela Ferreira Leite deixou a
presidência do PSD e foi substituída por Passos Coelho. Participou em vários
governos, mas um dos cargos mais importantes que ocupou foi o de ministra das
Finanças, no governo liderado por Durão Barroso. Actualmente Ferreira Leite
está afastada da política activa, mas não deixa de ter influência através dos
seus comentários políticos, que muitas vezes se traduzem em críticas ao governo
de Passos Coelho. Foi um dos nomes falados para a Presidência da República, mas
curiosamente a hipótese foi lançada pelo socialista Pedro Adão e Silva. Um
desafio que Ferreira Leite dificilmente aceitará.
Inês de Medeiros
Foi convida em 2014 juntamente com Paulo Macedo. É deputada do PS. A actriz e
realizadora está ligada no parlamento à área da cultura.
Rui Rio
Foi convidado em
2008, quando era presidente da Câmara do Porto, um cargo que exerceu até às
últimas eleições autárquicas, em 2013. Desde essa data que está afastado da
política activa, mas nem por isso deixou de ter uma intervenção pública permanente.
O futuro poderá passar por uma candidatura à Presidência da República ou por
uma candidatura à liderança do PSD, se Passos Coelho perder as próximas
eleições legislativas. O ex-autarca do Porto participa com frequência em
debates políticos e em conferências e é um adepto do bloco central. “Não será
possível reformar o país sem consenso político e sem o entendimento, pelo
menos, dos dois maiores partidos portugueses em matérias de regime”, defendeu
Rio, numa biografia publicada no final do ano de 2014. Balsemão já admitiu que
Rui Rio é o seu candidato preferido para Belém.
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