“Estilhaços” ...
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Jean-Marie Le Pen ameaça criar
nova formação política
RITA SIZA
11/05/2015 - PÚBLICO
Suspenso de todas as funções na
Frente Nacional, o partido que fundou nos anos 70, o patriarca da
extrema-direita francesa garante que vai continuar a bater-se "enquanto
tiver forças".
O fundador e
líder histórico da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, anunciou esta tarde aos
microfones da Radio Courtoisie que está a ponderar lançar “uma nova formação
política”, mas garantiu que não tenciona criar um partido para concorrer pelo
eleitorado de extrema-direita francês contra a sua filha Marine.
“Quero criar uma
estrutura [política], que não será um partido, mas antes um pára-quedas contra
o desastre, que possa amparar aqueles que estão indignados pela linha actual da
Frente Nacional”, explicou Jean-Marie Le Pen, que está há uma semana
oficialmente suspenso da Frente Nacional, e poderá perder o cargo de presidente
honorário numa assembleia-geral extraordinária convocada para alterar os
estatutos do partido.
O seu objectivo,
prosseguiu, é “contribuir para o restabelecimento da linha política” que
defende há várias décadas. “Sou como um peixe lutador japonês, não deixo de me
bater enquanto tiver forças”, comparou o eurodeputado francês, de 86 anos.
Alguns dos
antigos aliados e correligionários de Le Pen, como por exemplo o antigo
vice-presidente da FN, Bruno Gollnisch, confirmaram a intenção do patriarca da
extrema-direita francesa. “Jean-Marie falou-me de qualquer coisa, uma fundação
ou uma associação”, declarou à France Info. Segundo o Le Figaro, o movimento
poderá chamar-se “Associação dos Amigos de Jean-Marie Le Pen” e atrair outros
dirigentes da extrema-direita como Carl Lang, do Partido da França, ou Yvan
Benedetti, da Obra Francesa.
As declarações de
Le Pen vêm acrescentar uma nova frente na guerra que mantém com a sua filha e
sucessora na presidência da Frente Nacional. Marine não hesitou em tomar
medidas para sancionar o antigo líder do partido depois de novas declarações
anti-semitas proferidas pelo pai à revista de extrema-direita Rivarol. Desde
2011, Marine tem procurado desviar o partido da linha mais intolerante e
controversa defendida pelo pai, numa tentativa de trocar o antigo rótulo de
xenófobo e racista pelo de eurocéptico e anti-imigração — uma estratégia que
Jean-Marie não aceita.
Depois reagir
violentamente contra a filha, detonando a sua candidatura presidencial em 2017,
Le Pen acabou por emendar a mão e suavizar o discurso, sublinhando que Marine é
uma mulher de “enorme valor e muitas qualidades” mas está sob a “influência
nefasta” de Florian Philippot, o número dois da Frente Nacional, e que
Jean-Marie trata como um inimigo político. “Creio que ela não se dá conta de
que está refém de Florian Philippot. Tenho de reconhecer que o homem tem
talento, soube tornar-se indispensável. Quando ela se der conta, já estará
totalmente prisioneira do seu colaborador”, disse ao programa Libre Journal.
“Não desejo que a
Frente Nacional se converta num movimento como o do [italiano] Gianfranco Fini,
uma asa direita da maioria, para que o senhor Philippot e uns tantos como ele
possam chegar a ministros”, criticou Le Pen. A emergência do seu novo movimento
político até poderá servir para “libertar” Marine, que na sua opinião “anda
enganada” e “um pouco sozinha”, dando-lhe uma oportunidade para “aclarar as
suas ideias” e “escolher entre a linha do seu pai e a de Philippot”.
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