EDITORIAL PÚBLICO
O
feitiço virou-se contra o feiticeiro
DIRECÇÃO EDITORIAL
13/05/2015
O país parou para
ver um vídeo de 13 minutos no qual vemos um adolescente ser agredido
por duas raparigas com idades próximas sob o olhar passivo dos
amigos. A intenção de quem o divulgou no Facebook terá sido a de
prolongar, com um só gesto, tanto a humilhação da vítima como o
espírito lúdico e o espectáculo no qual o grupo quis transformar o
que não é mais do que um acto injustificável e incompreensível de
violência. Mas a publicação nas redes sociais teve um
surpreendente efeito pedagógico. O FB acabou por contribuir para a
censura social e colectiva da violência entre os adolescentes. Uma
vez publicado, o vídeo gerou uma inédita onda de indignação e
ajudou a sublinhar o que nem sempre é óbvio entre os jovens: este
tipo de violência é errado e é crime. Neste caso, os agressores
saberão o que estão a fazer: sempre que alguém passa param de
bater. Esperariam eles um momento de heroísmo digital ao publicarem
o vídeo na Internet? Se foi esse o plano, não correu bem: a vítima
está a receber mensagens de solidariedade de todo o país e os
agressores vão provavelmente ser levados a tribunal. O feitiço
virou-se contra o feiticeiro.
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