Câmara de Lisboa promove debate
sobre Monsanto em Setembro
O vereador Sá Fernandes promete
para breve a apresentação daquilo que o município pretende fazer no antigo Aquaparque
e no terreno onde funcionou um campo de tiro
Inês Boaventura /
6-5-2015 / PÚBLICO
A Câmara de
Lisboa vai promover “um grande debate” sobre Monsanto em Setembro. O anúncio
foi ontem feito pelo vereador José Sá Fernandes. O autarca defendeu que o
concurso que levou à entrega a um privado de vários espaços no parque florestal
“foi transparente” e deixou a garantia de que “não há nenhuma intenção de
impermeabilizar nada em Monsanto”
O vereador da
Estrutura Verde falava na Assembleia Municipal de Lisboa, numa sessão de
perguntas à câmara durante o qual o seu pelouro teve particular destaque. Além
da concessão da Casa do Presidente, do Moinho do Penedo e da Quinta da
Pimenteira, Sá Fernandes foi questionado sobre o antigo Aquaparque e sobre a
descontaminação do terreno do antigo campo de tiro, todos localizados em
Monsanto. Ao autarca foram ainda dirigidas perguntas sobre o abate de árvores
na cidade e o piso do jardim do Príncipe Real.
A ideia de
promover um debate público sobre Monsanto foi avançada pelo PEV, que em meados
de Abril apresentou na assembleia uma recomendação nesse sentido, que foi
aprovada por unanimidade. Sá Fernandes fez saber que essa proposta vai por
diante, com o objectivo de serem “debatidos em conjunto todos os projectos e
iniciativas” para Monsanto, que o autarca entende que se deve “preservar como
uma matamodelo e ser mais usufruída”.
Respondendo ao BE
e ao PSD, o vereador defendeu a transparência do concurso que foi lançado no
Verão passado e que gerou grande polémica, nomeadamente devido ao seu impacto
sobre três campos de basquetebol existentes junto ao Moinho do Penedo. Agora,
Sá Fernandes reiterou que esses campos não serão afectados, “a não ser em
quatro eventos [anuais] permitidos”, e prometeu que em breve entregará aos
deputados “um documento” em que tal ficará formalizado.
O bloquista
Ricardo Robles levantou várias dúvidas sobre o negócio, nomeadamente sobre a
capacidade financeira da empresa que ficou com a concessão e sobre o porquê de
ter havido uma única entidade a concorrer. Já o social-democrata Magalhães
Pereira criticou a “desastrosa ideia de concessionar para um hotel a Quinta da
Pimenteira” e a “concentração de grandes eventos” em Monsanto.
Cláudia Madeira,
do PEV, quis saber “em que moldes” vai ser feita a descontaminação do terreno
do antigo campo de tiro, qual a sua calendarização, quem assumirá os encargos
com essa operação e qual será o uso futuro do espaço. De Sá Fernandes obteve
respostas vagas: “Estamos a fazer um levantamento dos edifícios e algumas
limpezas de chumbo. Em breve apresentaremos aquilo que pretendemos fazer”,
disse.
Também suscitada,
por John Baker, do MPT, foi a questão do antigo Aquaparque. Em relação a isso,
Sá Fernandes disse que foram já desenvolvidos “trabalhos de grande
envergadura”, de “retirada dos elementos aquáticos” e colocação do
“revestimento vegetal”. Neste momento, acrescentou, está a ser feito “um
levantamento do edificado existente”, após o que será apresentada “uma ideia
para o local”, que incluirá a decisão sobre se a vedação hoje existente é ou
não para manter.
Quanto à
prometida substituição do piso do Jardim do Príncipe Real, questão que foi
levantada por Sobreda Antunes, do PEV, o vereador da Estrutura Verde reconheceu
a existência de um problema e a demora na sua resolução.
Segundo Sá
Fernandes, essa demora deveu-se à necessidade, só agora satisfeita, de obter um
parecer da Direcção-Geral do Património Cultural. Finalmente, em relação ao
abate de árvores, que tem motivado queixas em várias freguesias de Lisboa, o
autarca informou que a câmara está “a preparar um regulamento próprio” sobre o
assunto.
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