sexta-feira, 15 de maio de 2015

EDITORIAL / PÚBLICO À terceira e com três será de vez? / Pais do Amaral apresentou proposta para comprar a TAP


EDITORIAL / PÚBLICO
À terceira e com três será de vez?
DIRECÇÃO EDITORIAL 15/05/2015 - 21:34

Será desta que se vai entregar as chaves dos aviões da TAP a privados? Não é certo que seja.
Há mais de 15 anos foi dado o pontapé de partida para a privatização da TAP, num processo com muita turbulência, com altos e baixos, e que ainda está longe de chegar ao fim. Na altura João Cravinho tentou alienar 49% da empresa à Swissair, mas os suíços acabariam por entrar num processo de ruptura financeira e a venda foi abortada. Em 2012, depois de assumir o compromisso com a troika, e já com o actual Governo, há uma nova tentativa de privatizar a empresa, mas Germán Efromovich foi o único a dizer presente. O brasileiro/colombiano ofereceu 35 milhões pela empresa, e comprometeu-se a injectar 166 milhões no imediato e outros 150 milhões num prazo de 18 meses, tendo igualmente assumido o compromisso de ficar com a dívida de 1034 milhões. O negócio acabou por não se concretizar supostamente porque Efromovich não apresentou a garantia bancária devida.

Agora, à terceira tentativa poderá ser de vez, já que a concurso apresentaram-se três candidatos: além do habitué Germán Efromovich, também o americano David Neeleman e o empresário português Miguel Pais do Amaral. A probabilidade desta vez de o negócio não avançar é mais reduzida, já que há por onde escolher, embora ainda não se conheça o mérito e a bondade de cada uma das propostas.

Os três candidatos têm um currículo de sucesso empresarial e uma carteira de negócios onde assenta bem uma empresa com o perfil da TAP. Mas também têm fragilidades. Efromovich ficou com a imagem beliscada depois da falsa partida em 2012. Como é possível não apresentar uma garantia de 25 milhões num negócio que envolve muitos mais milhões de euros? Neeleman não tem passaporte comunitário e terá de se socorrer de um parceiro nacional para tentar contornar a limitação de Bruxelas que impede não-europeus de controlar companhias aéreas da região. E Pais do Amaral não se lhe conhece nenhuma experiência na aviação, devendo colmatar tal lacuna também com uma parceria com alguém que conhece o sector.

Um deles deverá chegar ao final deste mês com um acordo fechado com o Governo, mas o comprador só entrega o cheque ao Governo e só receberá as chaves da TAP depois de ter todas as autorizações legais, o que significa que a operação só deverá ficar formalmente concluída depois das eleições. E aqui coloca-se um outro grande ponto de interrogação neste processo de privatização. Se António Costa ganhar as eleições vai abortar a venda da companhia, como já deu a entender? O secretário-geral do PS já se mostrou contra a venda de mais de metade do capital e a resolução do conselho de ministros que aprovou o caderno de encargos dá margem ao próximo governo para, invocando o interesse público, cancelar a operação. Seria inédito, mas é mais uma incógnita com que a TAP terá de viver nos próximos meses.




Pais do Amaral apresentou proposta para comprar a TAP
RAQUEL ALMEIDA CORREIA 15/05/2015 - 16:32 (actualizado às 16:53)/ PÚBLICO

Empresário português junta-se a Efromovich e a Neeleman na corrida pela companhia portuguesa.

Miguel Pais do Amaral avançou com uma proposta de compra da TAP, em nome da Quifel Holdings, a sua holding pessoal. Junta-se, assim, a Germán Efromovich, que controla o grupo sul-americano Avianca e que regressa depois de uma primeira tentativa ter fracassado em 2012, e a David Neeleman, dono da Azul e da Jetblue, que integra no seu consórcio o empresário português Humberto Pedrosa, presidente da Barraqueiro.

Haver três ofertas de compra era o melhor cenário esperado pelo Governo, já que, como sempre sublinhou, o sucesso desta privatização depende muito do grau de competição entre investidores. Aguarda-se, neste momento, a confirmação se que não há mais nenhuma proposta pela TAP.

Nas próximas semanas, o executivo decidirá quem será o vencedor, também com base nos pareceres da administração da transportadora aérea, da Parpública (holding do Estado que controla a companhia) e da comissão de acompanhamento da venda, liderada por João Cantiga Esteves.

A intenção do Governo, que convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa nesta sexta-feira, pelas 20h, onde fará um balanço das propostas apresentadas, é escolher o vencedor e fechar o contrato até ao final de Junho. No entanto, a transferência das acções só acontecerá nos meses seguintes, já que serão necessárias as autorizações dos reguladores.

Este calendário apertado gerou fortes preocupações junto dos investidores, já que as eleições legislativas acontecerão no Outono e o secretário-geral do PS já deixou o aviso de que tudo fará para reverter o negócio se chegar ao poder. Uma cláusula inscrita no caderno de encargos dá-lhe, aliás, esse poder, ao prever a suspensão da venda até que a compra seja formalizada, se estiver em causa o interesse público.

Este foi um dos temas das reuniões que o Governo manteve na quarta-feira, com representantes de Germán Efromovich, e na quinta-feira, com David Neeleman. Nesses encontros, que decorreram no Ministério das Finanças, o executivo tentou passar a mensagem de que muito dificilmente o PS passaria a "ameaça" à prática.


Outro motivo de preocupações foi a instabilidade laboral que a TAP vive, tendo saído recentemente de uma greve de dez dias convocada pelo sindicato dos pilotos. A reduzida adesão aos protestos foi o argumento que o Governo utilizou para convencer os potenciais candidatos de que não existem grandes riscos a este nível.

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