Alunos de 10 e 11 anos agredidos
nos Pupilos do Exército
CLARA VIANA
05/12/2014 - PÚBLICO
Instituição abriu "processo
de averiguações", mas não sabe quando estará concluído. Dois dos agredidos
já voltaram às aulas.
Três alunos do
6.º ano do Instituto dos Pupilos do Exército, com idades entre os 10 e os 11
anos, foram agredidos na quinta-feira, “após o período normal das aulas”, por
colegas seus, confirmou esta sexta-feira ao PÚBLICO o porta-voz do Estado-Maior
do Exército, major Góis Pires. O instituto é tutelado pelo Exército. Agredidos
e agressores estão em regime de internato na escola de Lisboa.
Um dos rapazes
agredido teve de receber assistência hospitalar, mas segundo aquele responsável
do Exército “já se encontra de convalescença em casa”. O estado deste aluno foi
assim descrito pelo pai, em declarações à Rádio Renascença: tinha graves
hematomas na cara e uma orelha quase solta. A mesma estação adianta que ficou
com um tímpano perfurado e que as lesões poderão ser irreversíveis.
Os outros dois
rapazes que foram agredidos já foram esta sexta-feira às aulas, refere o major
Góis Pires, que se escusou a pronunciar sobre o tipo de ferimentos infligidos. Também
não indicou qual a idade dos alegados agressores, apenas confirmando que são
alunos da instituição. Segundo o pai de uma das vítimas, aqueles terão 16 anos
e teriam entre os seus encargos a vigilância dos mais novos durante a noite.
O PÚBLICO
contactou o gabinete de direcção do instituto que indicou "não ter
qualquer conhecimento do assunto", remetendo qualquer esclarecimento para
o gabinete de relações públicas do Estado-Maior do Exército. Segundo o
porta-voz deste órgão, os encarregados de educação dos estudantes agredidos
foram informados “logo que as agressões foram detectadas”. O pai que se queixou
à Renascença alegou que não foi contactado pelo instituto.
“Os factos
apurados até agora são os que transmiti”, insistiu Góis Pires, acrescentando
que o Instituto dos Pupilos do Exército “abriu um processo de averiguações
quando soube da situação”. Deste procedimento poderão resultar sanções que vão
da repreensão à expulsão. Quanto à data provável para a conclusão deste
inquérito, Góis Pires também não arrisca apontar uma, embora saliente que “têm
todo o interesse em esclarecer tudo o mais rapidamente possível”.
A escola tem
cerca de 300 alunos do 2.º ciclo ao secundário.“Não tenho registo de situações
semelhantes no Instituto dos Pupilos do Exército”, acrescentou.
Alunos do Colégio
Militar condenados
Em Fevereiro
passado, oito ex-alunos do Colégio Militar, cuja tutela pertence também ao
Ministério da Defesa, foram condenados a pagar um total de 18.650 euros em
indemnizações por danos morais a três seus antigos colegas mais novos que
agrediram no interior da instituição. Uma das vítimas ficou com o tímpano
perfurado na sequência de uma chapada.
Dos oito réus,
três foram ainda condenados ao pagamento de multas entre os 300 e os 1050 euros
por crimes de ofensas à integridade física, que o Tribunal Criminal de Lisboa
deu como provados. Os jovens, que na altura das agressões tinham entre 17 e 22
anos, estavam acusados de crime de maus-tratos contra três colegas com 11 a 13 anos, um crime com uma
moldura penal mais pesado do que aquele pelo que três acabaram condenados.
O tribunal
insistiu na altura que os rapazes agredidos estavam à guarda do Colégio Militar
e não dos seus colegas mais velhos, acrescentando que os castigos físicos eram
prática “reiterada e generalizada” na casa, situação que “era conhecida” e a
que ninguém se opunha.
As agressões
ocorreram entre o ano lectivo 2006/2007 e o princípio de 2008. Um ano depois os
ministérios da Defesa e da Educação ordenaram uma inspecção extraordinária ao
funcionamento do Colégio de Militar e dos Pupilos do Exército. Na sequência das
situações detectadas nesta inspecção, o Ministério da Defesa pediu que o
Exército, que tutela ambas as instituições de ensino, adoptasse medidas
urgentes para salvaguardar, “a todo o momento”, “ a integridade física dos
jovens alunos confiados à guarda do Estado”.
Sem comentários:
Enviar um comentário