Manifestantes se concentram no largo da Batata antes de partir para marcha contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo
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Manifestantes se concentram no largo da Batata antes de partir para marcha contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo
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Manifestantes ocupam a ponte Octavio Frias de Oliveira, na marginal Pinheiros, durante protesto contra o aumento da tarifa de ônibus
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Protestos alastram depois de carga policial contra manifestantes em São Paulo.
Por Ana Fonseca Pereira in Público
18/06/2013 -
Activista acredita que manifestação de ontem poderá ser "momento de viragem" na contestação
Contra o aumento dos preços dos transportes, os gastos com o Mundial de Futebol, a corrupção ou simplesmente contra a violência policial, o Brasil foi nos últimos dias palco de protestos que a imprensa chegou a comparar à revolta na Turquia. Em São Paulo, onde a contestação nasceu e dezenas de pessoas foram feridas quinta-feira durante uma violenta carga policial, uma multidão era esperada ontem à noite para a maior manifestação até ao momento.
Na origem dos protestos estão 20 centavos de real (sete cêntimos) e a distância entre o que a prefeitura de São Paulo diz ser um aumento abaixo da inflação dos bilhetes de autocarro e metro na cidade e uma subida que o Movimento Passe Livre, organizador dos protestos, diz ser suficiente para afastar milhares de pessoas dos transportes públicos. Os primeiros protestos, depois de o prefeito Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores) ter anunciado o aumento das tarifas, juntaram alguns milhares de pessoas e terminaram em confrontos com a polícia e autocarros incendiados. Políticos e imprensa repudiaram a violência, culpando "grupos de baderneiros" pelo vandalismo, mas o tom dos discursos alterou-se depois dos confrontos de quinta-feira, nos arredores da Avenida Paulista.
A resposta da polícia "teve um grau de violência que há muito não era visto em São Paulo", disse André Aquino, do Movimento Passe Livre em declarações por telefone ao PÚBLICO, lembrando as balas de borracha disparadas pela polícia e os jornalistas agredidos. Num cenário que poderia ser Istambul, dezenas de pessoas foram feridas e mais de 60 detidas, algumas apenas por transportarem garrafas de vinagre, um antídoto contra o gás lacrimogéneo.
A contestação, que nas ruas e nas redes sociais não se limitava já aos preços e à má qualidade dos transportes, estendeu-se a dezenas de cidades e os protestos do fim-de-semana no Rio e em Brasília junto aos estádios que em 2014 vão acolher o Mundial de Futebol mostraram que esta é uma revolta com muitas causas. A Presidente, Dilma Rousseff, que não tem sido directamente visada na contestação, foi vaiada na cerimónia de abertura da Taça das Confederações.
"O Governo diz que não tem dinheiro para a Saúde, Educação e Segurança, mas tem dinheiro para a construção de estádios", diz Ana Azevedo, paulista e administrativa que enviou um email ao PÚBLICO para dizer que os protestos não têm a ver com o aumento dos transportes mas com a corrupção política, a violência policial e a insegurança. "Desta vez é a força do povo brasileiro que acordou e não aguenta mais políticos corruptos, presidentes que dizem não saber de nada", acrescenta.
André Aquino reconhece que há muitos grupos que se juntaram entretanto aos protestos e que muita gente decidiu sair à rua apenas depois de ver a repressão policial, mas insiste que a contestação tem de continuar centrada no aumento dos transportes. "De que serve ter um hospital público se não dá para chegar lá?", pergunta o activista, no dia em que o jornal A Folha revelou que os preços dos transportes em São Paulo e no Rio de Janeiro estão entre os mais caros do mundo, quando comparados com os salários médios dos utentes - em média um paulista tem de trabalhar 14 minutos para comprar um bilhete, enquanto um parisiense precisa de pouco mais de seis minutos.
Horas antes da manifestação de ontem, agendada para o final da tarde, 200 mil pessoas tinham anunciado no Facebook que iriam participar e as autoridades prometiam contenção. "Hoje vai ser o dia da viragem", previa André Aquino, dizendo acreditar que perante tal mobilização o preço das tarifas "vai ter de baixar".
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