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A nova Diáspora Portuguesa. Milhares e Milhares partem de novo.
Junto ao Sacrifício / Desafio Humano, além da questão Demográfica, trata-se também da fuga de milhares de Jovens formados e preparados como Investimento para o Futuro do País pelo pós-25 de Abril.
Um Intervalo de Vazio irá forçosamente sentir-se no Presente e Futuro de Portugal.
Isto terá que ser associado também à questào da Imagem/ Prestígio Internacional .
Quando parecia que estávamos libertos da “mala de cartão”, síndroma associado à Ditadura, eis que num País que se pretendia maduro e auto-suficiente, somos reduzidos de novo a esta condição.
António Sérgio rosa de Carvalho.
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Famílias espalhadas pelo mundo: "É como se o país estivesse em guerra"
Por Maria João Lopes in Público
16/06/2013
São cada vez mais as famílias divididas por vários pontos do mundo. Não se reúnem à volta da lareira, mas do Skype
Mariana Faria tem 29 anos, é analista financeira e vive em Londres. O irmão está em São Paulo, no Brasil, a mãe em Lisboa. Elisabete Galvão tem 34 anos e foi para os Estados Unidos com a filha, de 17 meses, quando o marido rumou a Angola. Os exemplos de famílias que têm membros espalhados pelos vários cantos do mundo por questões profissionais são inúmeros.
Há núcleos familiares em que o pai está em Luanda, a mãe em Lisboa, o filho mais velho no Rio de Janeiro, o mais novo em Amesterdão. Há quem tenha os pais a viver entre o Brasil e Portugal, mas more em Inglaterra. Há ainda quem, como Sofia Maul, viva em Lisboa, mas tenha o irmão na Malásia.
Neste caso, Sofia Maul, de 40 anos, que é, entre outros ofícios, contadora de histórias, terapeuta da fala e tradutora, tem o pai na Madeira, a mãe no Algarve, o irmão na Malásia e os sogros no Senegal. Natural da Madeira, mora em Lisboa há 16 anos. Com ela vivem o marido, senegalês, e a filha, Bali, de quatro anos. "Decidimos ficar por Lisboa porque sou apaixonada por esta cidade e ele também. A família do meu marido ainda está toda no Senegal, mas sei que ele sonha em ter o seu próprio negócio para poder trazer para cá os irmãos", conta.
Se com os parentes que estão no Senegal mantêm pouco contacto, por dificuldades tecnológicas, com os que estão na Malásia fazem os possíveis por saber e dar notícias. O Skype é, para todas estas famílias, uma ferramenta indispensável. Sofia Maul conta que a filha, Bali, tem bastante contacto com os primos na Malásia: "Eles conversam e partilham as coisas de que gostam, conhecem-se e falam uns dos outros no dia-a-dia, ou por causa do brinquedo que têm igual ou porque a esta hora os primos já estão a dormir. Todos os dias, eles estão nas nossas vidas e devemos isso ao Skype. Tenho imensa pena que tal não seja possível com os primos no Senegal", conta, admitindo, porém, que, apesar da intensidade dos laços que vai construindo com os parentes espalhados pelo mundo, gostava que a filha crescesse "com fortes ligações à família, sem ser por Skype".
Mariana Faria, analista financeira de 29 anos a trabalhar em Londres, também não passa sem o programa que permite comunicar gratuitamente à distância através de voz e imagem. Quando lhe perguntamos, por email, como é gerir o afastamento quando a mãe está em Lisboa e o irmão em São Paulo, responde-nos a brincar: "Skype forever." Depois, a sério, acrescenta: "É uma situação muito difícil do ponto de vista emocional que todos temos de enfrentar todos os dias."
Justifica que as escolhas, tanto dela como do irmão, se pautaram por aquilo que seria "melhor" para o futuro deles, acreditando que, ao sair de Portugal, estariam a criar "oportunidades" de vida mais sólidas. Ainda assim, e apesar de convicção com que apresenta estes argumentos, admite ser "triste querer estar com as pessoas" de quem se gosta e "não haver condições para tal": "É como se o país estivesse em guerra", diz a analista financeira, que divide casa com amigos desde Novembro de 2011 na capital britânica.
Tristes e corajosos
Mariana Faria partiu porque em Portugal lhe faltaram perspectivas profissionais. Quis ir à procura de novas oportunidades: "Acredito que a situação económica do país não irá melhorar pelo menos nos próximos dez anos", lamenta. O irmão foi para São Paulo também por motivos profissionais. Surgiu-lhe uma "proposta de trabalho com boas condições", com "boas oportunidades de progresso na carreira, num país dinâmico e em crescimento".
A analista financeira conhece cada vez mais portugueses, em Inglaterra e no Brasil, que deixaram Portugal à procura de melhores condições de vida. No último jantar de Natal que fizeram em Londres havia dez portugueses, metade dos quais, frisa, têm doutoramento e são "uma referência" na sua área de trabalho. Diz que são "pessoas extraordinárias", lutadores e corajosos, mas, ao mesmo tempo, tristes: "Tristes e descrentes mas lutadores e corajosos, pois não ficaram a lamentar a certeza da decadência moral e económica do pais que tanto estimamos." Mariana Faria "adorava" regressar um dia ao seu país, mas não pensa fazê-lo tão cedo.
A mesma ideia vaga sobre um hipotético regresso a Portugal tem Elisabete Galvão, uma desempregada de 34 anos a viver nos Estados Unidos com os pais e a filha, enquanto o marido, engenheiro civil, está em Angola: "No futuro próximo, tencionamos ir para outro país onde consigamos ter as condições necessárias para criar a nossa filha e ter uma oportunidade de emprego", diz, por email. E acrescenta: "Regressar a Portugal será sempre o objectivo, mas não sabemos quando..."
Elisabete Galvão decidiu ir até aos Estados Unidos ter com os pais quando se viu sozinha com a filha de 17 meses em Portugal. "O meu marido é engenheiro civil e como em Portugal não há oferta nesta área foi para o Huambo em trabalho", conta. Reconhece que gerir a distância e as saudades é complicado: "Não é nada fácil, principalmente quando há crianças tão pequenas como é o caso da minha filha, separada do pai. Vivemos na expectativa das férias para nos podermos reencontrar."
Ainda assim, faz questão de ressalvar que os laços familiares não se rompem devido a esse afastamento: "Temos de nos adaptar. Cada vez tenho mais amigos que emigraram em busca das oportunidades que o nosso país não nos dá."
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