Menezes exorta Governo e Cavaco Silva a fazerem uma "frente nacional" contra política de Bruxelas
Por Margarida Gomes
06/06/2013
Autarca faz críticas violentas à Europa, à "receita troikiana", que "não leva a lado nenhum", e diz que "está tudo errado"
Contra a "receita troikiana, que não vai levar a lado nenhum", o conselheiro de Estado Luís Filipe Menezes desafiou ontem o Governo e os restantes órgãos de soberania, incluindo o Presidente da República, a "fazerem uma grande frente nacional de combate a Bruxelas".
"Esse braço-de-ferro com Bruxelas tem de envolver os maiores partidos do arco da governabilidade e os principais órgãos de soberania, incluindo o senhor Presidente da República", declarou o presidente da Câmara de Gaia e candidato do PSD à autarquia portuense, no final da apresentação do projecto de recuperação do Palácio de Cristal e redinamização de toda a zona verde deste espaço.
Menezes demarcou-se da receita imposta pelo FMI, BCE e CE - "Não me identifico com este programa da troika" - e criticou a "falta de senso" que existe na Europa, decretando: "Está tudo errado." "Não há bom senso em termos europeus para contrariar esta lógica [troikiana]", disse, considerando que Portugal devia fazer uma "grande frente nacional com todos aqueles que têm responsabilidades governamentais, e juntar-se a outros países europeus que estão a passar pelas mesmas agruras e fazer uma frente de combate a Bruxelas, demonstrando que isto não vai conduzir a lado nenhum".
Ficam ainda críticas ao facto de a Europa não ter evoluído para um modelo federalista. "A Europa também não se federalizou ao ponto de dar mais força a um poder económico, político e social, harmonizando políticas na Europa", criticou Menezes.
Apontando falhas ao trilho seguido por "esta Europa", que "favorece as multinacionais do centro europeu, principalmente as multinacionais alemãs", o candidato à presidência da Câmara do Porto afirmou que "esta Europa tem sobre si meia dúzia de pecados que, se não forem expurgados", levarão os portugueses "a viver décadas muito dolorosas". E concluiu apontando exemplos que, do seu ponto de vista, resultam da falta de "bom senso" da liderança europeia.
Confusão no CDS do Algarve
Já no CDS, as eleições que decorreram este sábado em Faro para a presidência da distrital podem acabar no Ministério Público. O empresário Arlindo Fernandes, que encabeçou a lista B, contesta o resultado eleitoral na concelhia de Lagoa, onde foram registados 50 votos, mas apenas 40 nomes foram descarregados nos cadernos eleitorais. Arlindo Fernandes não aceita os resultados e já fez chegar o seu protesto à secretaria--geral do partido, liderada por António Carlos Monteiro.
"As eleições em Lagoa têm de ser repetidas. Se a secretaria-geral não tiver em conta os nossos fundamentos, será apresentada queixa no Ministério Público, porque isto é um caso de polícia, e no Tribunal Administrativo de Loulé", declarou ontem ao PÚBLICO o ex-deputado nacional do CDS Arlindo Fernandes, que se assume como o novo presidente da distrital democrata-cristã de Faro.
"Eu não preciso que haja repetição das eleições para ser eleito, porque, mesmo com aqueles dez votos a mais, eu fui o mais votado no distrito, mas a questão não é essa", realçou, exigindo ao partido celeridade na resolução desta situação.
António Carlos Monteiro, secretário-geral do CDS, disse ontem ao PÚBLICO que provavelmente ainda esta semana ia tomar uma posição sobre o que se passou e que só ainda não o fez porque aguarda que lhe seja enviada a acta das eleições de uma concelhia, que não revelou qual era, para fazer a acta final do acto eleitoral.
Os ratos a abandonar o navio
Henrique Monteiro
9:22 Quinta feira, 6 de junho de 2013 / Expresso online
Muito sinceramente acho que já não me admiraria se um dia visse Miguel Relvas a afirmar que a política do Governo, da troika e da Europa está totalmente errada. Porque antes de quaisquer eleições é comum todos os ratos abandonarem um navio que não tem posses para ajudar no fontanário, no pavilhão, na variante e na autoestrada.
Olha-se à volta e é o que se vê. Carlos Abreu Amorim, em último nas sondagens, decide atacar o Governo. Luís Filipe Menezes, apertado nas sondagens, decide atacar o Governo. Uma chusma de laranjinhas ameaçados pela hecatombe que Passos diz não recear, dedicam-se de alma e coração a dizer que está tudo mal e que devia ser diferente, senão ao contrário.
Na verdade, eles nunca se opuseram a Sócrates nem a qualquer dos outros governos que gastaram o dinheiro cujos juros pagamos hoje com língua de palmo. Apenas tiveram pena que Sócrates não fosse do seu partido (ou de não serem eles, por erro de cálculo cometido no passado, do partido de Sócrates). Porque é daquilo que este povo gosta: gastem dinheiro e façam obra - depois logo se vê.
Não pretendo que está tudo bem e menos ainda que não se pode criticar o Governo e o que está errado. Apenas quero lembrar que há certas virtudes que não devem estar esquecidas. E uma delas é que é feio abandonar os amigos quando eles mais precisam.
Mas a política é assim. Reza a história que o último a espetar a faca em César, em pleno Senado, foi o seu favorito Brutus. Ora Brutus é o que neste momento mais temos.
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