Pelo menos 15 jornalistas ficaram feridos durante cobertura de protesto em SP.
SABINE RIGHETTI / http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1295433-pelo-menos-15-jornalistas-ficaram-feridos-durante-cobertura-de-protesto-em-sp.shtml
DE SÃO PAULO
Pelo menos 15 jornalistas ficaram feridos durante a cobertura do protesto contra a alta da tarifa de transporte em São Paulo nesta quinta-feira (13). O levantamento é da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
Na lista de agressões sofridas pelos jornalistas estão tiros de bala de borracha, golpes de cassetete, bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e até atropelamento por viatura da Polícia Militar.
Além disso, dois jornalistas --da revista "Carta Capital" e do portal Terra-- foram detidos durante a cobertura da manifestação.
O caso mais grave é do fotógrafo Sérgio Silva, da Futura Press, atingido no olho por uma bala de borracha.
Ele passou ontem por uma cirurgia para reparação do globo ocular no Hospital de Olhos Paulista. O boletim médico sobre o estado de Silva será divulgado hoje.
Por enquanto, as chances de que Silva recupere sua visão seguem abaixo de 5%.
Ele estava na rua da Consolação, próximo a rua Maria Antônia, quando foi atingido pelo disparo. O fotógrafo foi socorrido por um professor que o acompanhava durante a manifestação.
TIRO NO ROSTO
Dos 15 jornalistas feridos, sete são da Folha. Dois deles foram atingidos por bala de borracha no rosto -- o fotógrafo Fábio Braga (que também foi atingido na virilha) e a repórter Giuliana Vallone, atingida na região do olho.
A jornalista voltou a enxergar na manhã desta sexta-feira. Ela está internada no hospital Sírio Libanês desde ontem e deve receber alta no sábado.
Também ficaram feridos dois repórteres do jornal "O Estado de S.Paulo", uma jornalista da rede "Brasil Atual", e mais dois do jornal "Metro".
Um dos casos chama especial atenção. De acordo com a Abraji, Vagner Magalhães, do portal Terra, foi atacado pela PM quando estava sentado na mureta sob o MASP, na avenida Paulista.
Erundina defendeu diálogo com manifestantes em São Paulo e criticou Haddad e Alckmin
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Haddad devia abrir o diálogo, diz Luiza Erundina sobre manifestações em SP
Deputada, que tentou implantar o passe livre quando foi prefeita da capital paulista, criticou postura ambígua do prefeito e o uso da PM de Alckmin para resolver 'problemas sociais'
Brasil Econômico - Pedro Venceslau
14/06/2013 14:11:54 /
Quando era prefeita de São Paulo no fim dos anos 80, Luiza Erundina encampou o Passe Livre como o carro chefe de sua gestão. A ideia era simples, mas parecia ao mesmo tempo promissora, factível e revolucionária: diluir o preço das passagens no IPTU. O projeto acabou não vingando por falta de apoio na Câmara Municipal e na opinião pública, mas se transformou na semente teórica por trás do movimento que tem ocupado a cidade as capas dos jornais.
Haddad: "Maneira como as coisas são conduzidas não constrói uma solução"
“O passe livre é uma solução criativa, ousada e que precisa ser adotada”, disse Erundina, hoje deputada federal do PSB, ao Brasil Econômico. Nessa entrevista exclusiva, ela critica duramente a postura do prefeito Fernando Haddad - de quem desistiu de ser vice nas eleições passadas após a aliança do PT com o partido de Paulo Maluf - e a violência da PM do governador Geraldo Alckmin.
Vídeo: Veja imagens e personagens do confronto desta quinta-feira em SP
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Repórter é baleada no olho com bala de borracha durante protesto em São Paulo
Haddad diz que valor da passagem será mantido e repudia violência dos protestos
Brasil Econômico: A senhora foi prefeita e conheceu por dentro as finanças de São Paulo. É possível acabar com a cobrança da tarifa de ônibus?
Luiza Erundina: O Passe Livre é uma solução criativa, ousada e necessária. Quando eu era prefeita, o projeto consistia em diluir o valor do custeio do sistema de transporte no IPTU. Seria criado um Fundo do Transporte. Isso socializaria o custo do serviço público. Uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) de minha autoria que tramita na Câmara abre caminho para isso. Ela reconhece institucionalmente o transporte como direito social, assim como saúde e saneamento.
Brasil Econômico: Por que não conseguiu implantar o Passe Livre em seu governo?
Luiza Erundina: Faltou apoio político da base aliada e do próprio PT. Eu era prefeita do partido, mas o partido nunca assumiu meu governo como sendo dele.
Brasil Econômico: Como avalia a postura do prefeito Fernando Haddad (PT) em relação às manifestações?
Luiza Erundina: Haddad adotou uma postura muito conservadora. Diz que apoia a liberdade de expressão, mas defende a repressão policial. Sua posição é ambígua e isso me preocupa. Outra coisa foi sinalizada por ele na campanha, por isso o apoiei. O prefeito devia também estar mais aberto ao diálogo. Devia chamar os líderes do movimento para um conversa de igual para igual. O governo dele não é democrático.
Brasil Econômico: E o governador Geraldo Alckmin?
Luiza Erundina: A postura dele é a mesma de sempre: chamar a PM para resolver problemas sociais.
Ministro da Justiça brasileiro critica actuação da polícia nos protestos em São Paulo
Por PÚBLICO
15/06/2013 - 00:37
José Eduardo Cardozo diz que houve violência sem justificação.
Houve “excesso de violência da Polícia Militar de São Paulo” e a prova disso é a abertura de um inquérito à actuação policial. A declaração é do ministro da Justiça brasileiro, José Eduardo Cardozo, sobre a forma como as autoridades policias lidaram com a manifestação contra o aumento dos preços dos transportes em São Paulo, na noite de quinta-feira.
“Pelo que vi houve excesso de violência da Polícia Militar de São Paulo e a prova mais cabal é que a Secretaria de Segurança Pública abriu sindicância para investigar e apurar. Antes, não foi feito isso. À primeira vista, me pareceu que houve uma violência sem justificativa. A violência é inaceitável, parta ela de qualquer lado que for. Na quarta-feira, critiquei os manifestantes que agiram com actos de vandalismo”. disse o ministro, citado pelo Globo.
Também nesta sexta-feira o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, resolveu convocar o Movimento Passe Livre, que tem organizado os protestos, para uma reunião na próxima semana, na terça-feira, avança a Folha de São Paulo.
O prefeito (equivalente a presidente da Câmara, em Portugal) quer ouvir as propostas dos manifestantes, embora diga que a reunião não significa que vá reduzir o preço das tarifas de transportes.
A polícia brasileira deteve pelo menos 235 pessoas no quarto dia de protestos, numa semana, contra o aumento do preço dos transportes públicos em São Paulo. Há informações sobre dezenas de feridos, sete deles jornalistas da Folha de São Paulo.
Os confrontos, na quinta-feira, começaram quando a Polícia Militar procurou impedir cerca de 5000 manifestantes, que desfilavam em protesto contra o aumento do preço dos autocarros, de chegarem à Avenida Paulista, a principal artéria da cidade, onde lojas foram vandalizadas na terça-feira. Seguiu-se uma "noite de caos", segundo o diário brasileiro.
Sinais perigosos para o Brasil
Os protestos contra a subida dos preços dos transportes são mais um sinal da crise que ameaça o país.
Editorial / Público
Os graves protestos registados nos últimos dias na capital económica do Brasil são o sintoma de que algo deixou de correr bem no país. Mais do que o agravamento dos preços dos transportes, o que está em causa é a crescente sensação de que a economia brasileira acusa sinais de cansaço sem que o Governo seja capaz de encontrar um antídoto eficaz para relançar o surto de crescimento dos últimos anos. O Brasil passou praticamente incólume à crise financeira global desencadeada pela falência do Lehman Brothers e, em 2010, registou um impressionante crescimento de 7,5%. O problema é que o fôlego das exportações de matérias-primas e bens industriais principalmente alimentado pela forte procura da China esmoreceu e no ano passado esse ritmo de crescimento recuou fortemente para a ordem dos 0,9%. O Governo tentou superar os constrangimentos da conjuntura recorrendo a sucessivos pacotes de estímulos que chegaram à concessão de créditos bonificados para a compra de equipamentos domésticos a famílias de menores recursos. Mas essa receita não parece estar a dar resultado. No primeiro trimestre, a economia manteve-se anémica, ao mesmo tempo que os recursos orçamentais do Governo de Dilma Rousseff para manter o mesmo quadro de política fiscal recuaram para níveis perigosos. De imediato, a Standard & Poor"s baixou o rating do Brasil e os investidores internacionais começam a duvidar da solidez do gigante económico da América do Sul. Com um gigantesco plano de investimentos em curso para organizar os Jogos Olímpicos e o Mundial de futebol no próximo ano, sem que a actividade económica dê sinais de recuperação, o Brasil dá sinais de estar em vias de encerrar um ciclo. A subida dos preços dos transportes e a vaga de protestos violentos que suscitou são apenas dois sinais desse perigo para o Brasil e para a economia mundial.
Popularidade de Dilma a cair
15/06/2013 - in Público
Inflação e menor crescimento são as causas
A taxa de aprovação do Governo de Dilma Roussef é de 54,2%, dois pontos a menos do que no ano passado. A descida explica-se com a subida da inflação e com o menor crescimento do PIB, diz uma sondagem divulgada esta semana. A taxa de popularidade da Presidente brasileira - que já cumpriu dois anos e cinco meses do seu mandato de quatro anos - também desceu de 75,7% para 73,7%.
A sondagem do instituto privado MDA e realizado a pedido da Confederação Nacional de Transportes, sublinha que a popularidade de Dilma ainda é muito elevada. Mas um outro estudo de opinião, este do Datafolha, revela que a tava de aprovação do Governo está em queda mais acelerada: era de 65% em Maio e é agora de 57%.
O MDA, que ouviu 2010 pessoas nas maiores cidades do país, concluiu ainda que aumentou o número de brasileiros que consideram que o Governo está a fazer um "mau" trabalho (eram 7% há um ano, agora são 9%).
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