quinta-feira, 6 de junho de 2013

Turismo. O novo “Bezerro de Ouro" ? Por António Sérgio Rosa de Carvalho.



Últimamente os sinais de reconhecimento Internacional da beleza e potencial da Cidade de Lisboa têm-se acentuado.
Algo de positivo e de confirmativo sem dúvida também para os Lisboetas e Portugueses acossados pela crise.
Este reconhecimento traduz-se naturalmente no Turismo.
Daí a fixação e a “corrida” para este tema, de forma quase obsessiva.
Isto, traduz-se nos projectos Arquitectónicos de “Reabilitação Urbana”no Centro Histórico, dominados por uma “certa” concepção desenvolvida por Manuel Salgado de intervençào no Património Arquitectónico, e no histerismo de “oportunidades” de intervenção por um mundo Imobliário em profunda crise e pânico / e respectiva pressão.
Portanto a aposta no desenvolvimento de projectos de hóteis tem sido na ordem das dezenas e não dá sinal de abrandar … com o perigo de saturaçào, e de que a oferta ultrapasse largamente a procura. Simultâneamente, acentua-se marcadamente o desenvolvimento da Hotelaria Paralela, baseada na oferta de alojamento em já centenas e centenas de casas, andares e apartamentos particulares, fácilmente detectáveis nos “sites”especializados, e sem controle fiscal.
Além disso, não ha projecto de “Reabilitação”que não seja dedicado à habitação temporária seja ela de alto nível ou na fórmula “hostel” …
Com a nova lei das Rendas, também assiste-se progressivamente à actualização e expulsão de inquilinos e respectivas actividades, muitas delas de restauração.
Claro que a questão dos alugueres tinha que ser reformada, e nem todas as tascas distinguiam o“pitoresco”/ vernacular do gorduroso / mal educado, mas é necessário pensar também na importante e indispensável questão da autenticidade e identidade Locais, pois esta está também intrinsecamente e directamente ligada precisamente à qualidade e às características determinantes do “Produto” Turístico / Cidade.
A crise é profunda e os dramas pessoais assim o ilustram. Os Restaurantes de Qualidade sentem- no também profundamente na pele.

Seguem-se imagens do Tavares, agora novamente encerrado … e outra histórias …

Tudo isto tem que ser reflectido e estratégicamente meditado pois seguindo de forma cega, sem equlíbrio e planeamento estratégico do potencial de Lisboa, este novo “Bezerro de Ouro” , podemos estar precisamente … a matar a “Galinha” que põe os “ovos” de Ouro.

António Sérgio Rosa de Carvalho

O Tavares fechou … Temporáriamente … diz a nota afixada … oremos (!)

Com a nova lei das Rendas, também assiste-se progressivamente à actualização e expulsão de inquilinos e respectivas actividades, muitas delas de restauração.








“Estou apaixonado por Lisboa, acredito imenso no potencial da cidade para promover o país. O país está em crise mas Lisboa está na moda, toda a gente a quer visitar, por isso eu caminho muito, em tudo o que estou a fazer, para defender esse potencial da cidade”

“Os clientes estrangeiros somam hoje 35 por cento dos clientes de Avillez, um crescimento entre 15 por cento e 20 por cento em comparação com anos anteriores, segundo o ‘chef’.E a perspectiva é aumentar a presença de turistas. Avillez disse esperar que, em dois anos, 50 por cento de seus clientes sejam estrangeiros, graças à divulgação, que demora mais a atingir o exterior.”


FAUSTO AIROLDI


“Vou para fora porque em Portugal não me sinto útil”
24.04.2013 Por Alexandra Prado Coelho in Público



Depois de 30 anos a lutar pela identidade da cozinha portuguesa, o chef Fausto Airoldi vai deixar Portugal. O primeiro destino é Macau.

Fausto Airoldi está de partida para Macau. E despede-se de Portugal com um livro que é um manifesto por uma “cozinha com identidade” e, ao mesmo tempo, uma história dos seus 30 anos de carreira. Garante que não parte com mágoa, mas nesta entrevista o chef, que se assume como “cozinheiro em primeiro lugar”, faz críticas severas ao espírito das “capelinhas” que tem prejudicado o país e à forma como se tem promovido (ou não) a gastronomia portuguesa no estrangeiro.
“Vou para Macau, mas a intenção é ir para fora de Portugal, seja Macau ou onde for. Não há mágoa nenhuma, vivi muito bem aqui, não posso cuspir no prato onde comi. Mas estou com 50 anos e não vejo grande mais-valia em ficar”, explica, sentado no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, antes da segunda apresentação do seu livro Cozinha com Identidade (a primeira aconteceu durante o festival Peixe em Lisboa).
“Uma pessoa tem que ser útil onde acha que o pode ser, e aqui não me sinto tão útil como quero ser. Nunca fui pessoa de baixar os braços, sempre fui ambicioso, mas agora as minhas ambições estão viradas para outro lado”, afirma. Esse lado, é, para já, Macau – mas sobre o projecto concreto Fausto não quer falar ainda. Revela apenas que vai aproveitar para “estudar a cozinha macaense, que tem uma fusão portuguesa de muitos anos”. Pode ser que se sigam outros locais, Goa, Japão…
A cozinha portuguesa mudou muito nas últimas décadas, e Airoldi – que passou por restaurantes como A Comenda do CCB, Bica do Sapato, Quinta do Lago, o H20 na Expo 98, o Regency no Funchal, e mais recentemente, o Spot São Luiz – fez parte dessa mudança. “Sou, com Vítor Sobral, Luís Baena, de uma geração de chefs que começaram esse movimento há 30 anos. Agora temos uma série de novos chefs que também estão a tentar ter o seu espaço mas que estão a viver momentos complicados, e não sei se vão conseguir implementar aquilo que queremos, que é uma identidade na nossa cozinha”.
Essa identidade é fundamental se queremos projectar a gastronomia portuguesa no exterior, e aí Airoldi tem muito a criticar. “Quando viajamos para promover Portugal não conseguimos nem uma mala diplomática para levar produtos, temos que cozinhar com os produtos de lá. Já estive a fazer comida portuguesa com azeite espanhol ou peixe canadiano porque não consegui que me pusessem lá produto português.” Não é assim que funcionam outros países, diz. “No outro dia tivemos no Peixe em Lisboa um francês a fazer salmonetes, e os salmonetes eram de França! Ele teve o orgulho de dizer ‘estes salmonetes são nossos’. Nós não temos essa capacidade, infelizmente. Tem tudo a ver com a forma como promovemos o nosso turismo, que não é a mais eficaz”.
Não se trata, na sua opinião, de um problema de escala. “O problema de escala resolvia-se se as pessoas conseguissem trabalhar em conjunto. O problema são as ‘capelinhas’”. Portugal, diz, continua a cometer erros, e agora que tem estado mais frequentemente na China tem visto alguns desses erros. “Sabe como é que estamos a vender Portugal na China? Sol e mar. Os chineses detestam sol. Quando vem o sol abrem logo um guarda-sol. Eles adoram coisas antigas, monumentos, gastronomia, era isso que devíamos estar a vender na China, que tem milhões de pessoas. Mas estamos a vender mar e sol porque é o que vendemos em todo o lado. Custa-me ver estas contradições.”
Por que não aproveitar melhor esta ligação a pontos tão diferentes do mundo como Macau ou São Paulo? “Em Macau dificilmente consigo um bom produto português. Não consigo bons enchidos, bom queijo, o bacalhau é medíocre. Porquê? Todos os casinos são obrigados a ter um restaurante português. Porque é que não temos lá bons produtos? Em Macau há uma casa de bifanas com fila à porta todo o dia. É de uma chinesa que aprendeu a fazer bifanas. Alguém pensa que aquilo é português?”.
Tem mais exemplos. “Chateia-me ver que a CNN fez um trabalho sobre os 50 pratos mais famosos do mundo e entre eles estava o pastel de nata, atribuído a Hong Kong. Perdemos essa identidade. O pastel de nata é nosso, devíamos lutar para que o mundo soubesse que é nosso. Hong Kong vende milhares de pastéis de nata, Macau também, e nós cá ainda andamos na guerrinha do pastel de Belém ou do de Campo de Ourique”.
Não compreende, por exemplo, porque é que o Turismo resolveu fazer uma acção de promoção na Alemanha e “o chef que levam é o Chakall e aquilo que ele vai servir são salsichas argentinas”. “Não tenho nada contra o Chakall”, sublinha, “mas onde é que está a coerência? Eu já perdi um bocadinho a esperança, estou de saída. Já fiz o meu trabalho, mas faz-me pena as pessoas não terem uma visão a longo prazo. As visões são sempre a mandato, estou no poleiro quatro anos, não vou olhar para muito mais. Uma vez tive um secretário de Estado do Turismo a dizer-me ‘para quê promover a gastronomia se as pessoas comem e passado meia hora esquecem-se do que comeram?’ Eu olhei para ele, disse ‘muito obrigado’ e fui-me embora”.
A crise veio criar novos desafios. Mas Fausto Airoldi não vê isso necessariamente como mau. “Hoje todos tivemos que nos reinventar: o Vítor Sobral está numa Tasca da Esquina, o Miguel Castro e Silva está a fazer petiscos, o Baena vai abrir um restaurante em Londres, eu vou-me embora. O Avillez abre o Belcanto, com uma estrela Michelin, mas tem que abrir dois ou três conceitos que aguentem esse, uma pizzaria, um sítio mais de petiscos, uma empadaria”.
Mas os cozinheiros desta nova geração – e cita Avillez, mas também Henrique Sá Pessoa, Henrique Mouro – “se calhar vão ser melhores profissionais porque conseguiram ultrapassar uma crise, e vão trazer outros valores que se estavam a perder, porque havia muito desperdício, muitos preços altos que não se justificavam.”
Espera é que toda a evolução se faça a partir do tal “perfil de gosto português” que é, afinal, a identidade da nossa cozinha. O seu contributo – para além de 30 anos de carreira e da “luta pelo reconhecimento da profissão de cozinheiro” à frente da Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal – é também o livro que acaba de lançar e onde, em português e inglês, revisita técnicas básicas da cozinha portuguesa (açordas, migas, escabeche, torricados, suados, à brás, feijoadas, etc.) para mostrar como é possível inovar a partir da tradição. “A minha ideia foi sempre mostrar que a nossa cozinha tem uma identidade, mas que pode evoluir e ser contemporânea”.

Chefs encerram restaurantes e aderem a descontos
21/01/2013 in Público

Chef Augusto Gemelli: pressão sobre a restauração é insuportável

_Manifesto, Gemelli e Tombalobos fecharam portas. Abrir novos espaços para clientelas menos selectas é uma das saídasA crise e o aumento do IVA na restauração têm levado chefs de alta cozinha a fechar os seus restaurantes, a apostar em negócios no estrangeiro, a baixar os preços ou a aderir a vouchers de descontos.
Luís Baena prepara-se para abrir um restaurante no bairro londrino de Notting Hill. No Verão passado, fechou o Manifesto, em Lisboa. "Não há milagres", observa, numa alusão ao aumento do IVA na restauração para 23%. "Quem seja sério, não fará face. Quem não for, vai fugir aos impostos", avisa. As margens de lucro "são cada vez mais reduzidas". Mesmo assim, prepara a abertura de um restaurante de petiscos, perto do Arco do Cego, e de um espaço para catering.José Júlio Vintém também garante que não virou as costas a Portugal. Há poucas semanas, o responsável do Tombalobos, em Portalegre, fechou as portas do restaurante e dedicou-se ao seu espaço no Brasil. No Facebook, explicou a decisão: "Tentei conciliar os dois projectos, mas, neste momento, com as regras do jogo que estão definidas em Portugal, acho mais sensato hibernar o Lobo. Vou radicar-me em Recife com a família, por uma questão de logística e estabilidade familiar. Virei a Portugal regularmente e estou mais que disponível para continuar a colaborar com a gastronomia nacional".
Foi também nesta rede social que Augusto Gemelli anunciou, há dias, o encerramento do restaurante que dirigia há 13 anos, perto do Parlamento. Afirma que a "pressão exercida desde 2008 sobre a indústria da restauração e o mundo do turismo chegou a um limite insuportável e o reflexo disto é a autêntica razia que está a levar ao encerramento de tantos restaurantes de bom nível em todo o país". O italiano quer continuar a viver em Portugal, "mas só o bom desenvolvimento" de novos projectos o permitirá. Formações, serviços de catering e jantares temáticos são algumas das suas ideias. Gemelli chegou a oferecer refeições mais baratas, através de sites de descontos - solução também usada no Largo do Paço, em Amarante, restaurante com uma estrela Michelin que se mantém em funcionamento.
Henrique Sá Pessoa faz as contas: paga mais 250% de impostos que há um ano, mas a facturação baixou cerca de 30%. O seu restaurante Alma "cada vez mais sobrevive à custa de clientes estrangeiros". No Natal, também aderiu a um site de descontos, que oferecia uma refeição sem vinhos e um livro seu por 39 euros. No final de Fevereiro, abrirá outro estabelecimento em Lisboa, com o preço médio das refeições a rondar os 20 euros.
Já este ano, o Spot São Luiz, igualmente em Lisboa, encerrou as portas, sem justificações do chef Fausto Airoldi. Vítor Sobral, esse, mantém os seus dois restaurantes na capital, mas não arrisca previsões: "Neste momento, penso aumentar a minha actividade em Portugal, mas amanhã não sei se posso dizer o mesmo". Lusa.

5 estrelas lideram perdas da hotelaria lisboeta em Janeiro

4 de Março de 2013 às 18:01 por Tiago da Cunha Esteves in http://www.publituris.pt/2013/03/04/5-estrelas-lideram-perdas-na-hotelaria-lisboeta-em-janeiro/

A hotelaria lisboeta teve uma performance geral negativa no primeiro mês do ano, com o segmento de luxo a liderar as perdas
De acordo com o Observatório do Turismo de Lisboa, nas unidades de cinco estrelas da cidade de Lisboa a queda na ocupação foi de 16,4%, face a Janeiro do ano passado. Já nos hotéis de quatro e três estrelas registou-se uma descida de 1,2% e 9,1%, respectivamente.
No indicador relativo ao preço médio por quarto vendido verificou-se uma subida de 1,2% no segmento de três estrelas, mas descidas de 4,6% e 4,2% nas unidades de cinco e quatro estrelas, respectivamente.
Já no preço médio por quarto disponível registaram-se quedas de 20,2% nos cinco estrelas e de 5,4% e 8% nos de quatro e três estrelas.
Se forem analisados os resultados da Grande Lisboa, não se verificam grandes alterações. “No período em análise, o desempenho da hotelaria na Grande Lisboa esteve em sintonia com o comportamento demonstrado na cidade. A ocupação registou, em Janeiro, decréscimos de -19,6, -2,2 e -3,2, nas unidades de cinco, quatro e três estrelas. Já o Average aumentou em 1,6% na ho telaria de três estrelas e registou ligeiras quebras nas unidades de cinco e de quatro estrelas de, respectivamente, -3,2 e -4,5%”, pode ler-se. “Quanto ao RevPar, registaram-se decréscimos de -22,2, -6,6 e -1,7%, na hotelaria de cinco, quatro e três estrelas”.

Empresários do turismo devem combater hotelaria paralela
16:30 24 Janeiro, 2013 in DN online

O combate à denominada hotelaria paralela é um dos principais desafios que os empresários do turismo em Lisboa enfrentam, numa altura em que o setor atravessa dificuldades, defendeu o presidente adjunto da Associação de Turismo de Lisboa (ATL).

"No que respeita às receitas, não conseguimos acompanhar o progresso do número de hóspedes. Não podemos ficar satisfeitos com as receitas obtidas na cidade", disse Mário Machado à Agência Lusa.

O responsável falava no final da sessão de apresentação do estudo "European Cities Hotel Forecast 2013 -- Thriving or Surviving", que compara o desempenho da hotelaria em Lisboa com o de 18 outras cidades europeias e foi realizado pela consultora PwC (PricewaterhouseCoopers) em colaboração com a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) e a ATL.
No ano passado Lisboa registou um aumento de dormidas e de hóspedes, principalmente do mercado russo, brasileiro, alemão, francês e holandês. Este crescimento foi acompanhado por uma descida dos turistas italianos e espanhóis.
Contudo, Mário Machado lamentou que a concorrência "desleal" da chamada hotelaria paralela -- arrendamento de apartamentos particulares livre de impostos -- esteja a "obrigar" os hotéis a baixar os preços para conseguirem cativar clientes.
"Crescemos em termos de dormidas internacionais, mas temos dificuldades em subir as receitas dos hotéis. Esse é um aspecto que temos de trabalhar", frisou.
Também a presidente da AHP se referiu à chamada hotelaria paralela, afirmando que "a explosão da oferta para lá da hotelaria é muito preocupante". Cristina Siza Vieira considera fundamental apostar-se num "planeamento da oferta: saber-se o que se oferece e para quem".

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