BE. Maria Luís Albuquerque a gerir "swaps" é como “entregar julgamento a um dos arguidos”
Por Agência Lusa
publicado em 18 Jun 2013 – in (jornal) i online
O BE acusou hoje o Governo de "branquear o envolvimento" da secretária de Estado do Tesouro no caso dos contratos ´swap' e considerou que confiar-lhe o processo de renegociações é como "entregar um julgamento a um dos arguidos".
Numa declaração política no Parlamento, a deputada do BE Ana Drago criticou a manutenção no Governo de Maria Luís Albuquerque, ex-responsável financeira da REFER, quando já foram demitidos "com estrondo" outros dois secretários de Estado que anteriormente participaram na gestão de empresas públicas.
"Há uma secretária de Estado que resiste, continuando sentada ao lado do ministro Vítor Gaspar, tendo responsabilidades diretas nesta história", afirmou a parlamentar bloquista.
Drago referiu que "quando o Governo tomou posse foi avisado" sobre os "contratos de seguro de risco assumidos por empresas públicas", que "tinham caraterísticas tóxicas altamente especulativas", e ao longo de um ano e meio "nada fez para travar a bola de neve", já "superior a 3000 milhões de euros".
"Um ano e meio de inação de Vítor Gaspar tornou-se rapidamente numa única e deliberada ação, proteger a face do Governo, separar Maria Luís Albuquerque dos restantes gestores públicos, dois dos quais ocupavam entretanto lugar no Governo", acusou.
A deputada do BE, que integra a comissão de inquérito aos contratos ´swap', considerou que "entregar a condução do processo a Maria Luís Albuquerque é como entregar o julgamento a um dos arguidos", acusando o executivo de "ligeireza no acautelamento do dinheiro dos cidadãos" e de não seguir recomendações do IGCP para uma "ação mais musculada".
"Como o que começa torto tarde ou nunca se endireita, em fevereiro, Maria Luís Albuquerque solicita à Inspeção-Geral de Finanças uma auditoria ao Metro de Lisboa, Metro do Porto, Carris, CP, STCP, EGREP, mas não pede nenhuma à REFER, a mesma REFER, recorde-se, cuja pasta financeira havia sido ocupada por Maria Luís Albuquerque", assinalou.
Após a declaração da deputada bloquista, a vice-presidente da bancada do PSD Teresa Leal Coelho sublinhou que o inquérito parlamentar a estes contratos de alto risco foi proposto pela maioria e acusou o BE de querer "fazer arruaça política" antes de as conclusões serem conhecidas.
"Se estivesse interessada nas conclusões da comissão de inquérito não vinha no início dos trabalhos trazer para a praça pública esta intervenção intempestiva, não faz nenhum sentido falar disto antes de ter conhecimento de causa sobre o assunto", advogou Leal Coelho.
Ana Drago ripostou que se o PSD está "interessado em apurar a verdade" deve "contribuir para que haja respostas" e lamentou que o Governo esteja a renegociar estes contratos "à revelia da comissão de inquérito".
A bloquista disse ainda que há três contratos "que desapareceram" do relatório enviado para o Parlamento: "Há oito contratos em vigor e cinco no relatório, queríamos saber o que aconteceu a esses três".
As bancadas do PS e do PCP associaram-se às críticas feitas pelo BE à gestão feita pelo Governo do processo das ´swap'.
"O PS entende que o Governo tem estado muito mal neste processo, conduzido com total opacidade", afirmou o socialista Filipe Neto Brandão.
O deputado do PCP Paulo Sá defendeu que o executivo deve explicações e criticou a linha "assumida na negociação" destes contratos.
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