Ninguém quer ver
passar imigrantes de um país para outro...
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UE
tenta acordo voluntário para redistribuir 40 mil migrantes
Já
chegaram mais pessoas à Grécia do que a Itália desde o início do
ano em busca de asilo, diz a agência Frontex
A
Frontex contabiliza em 153 mil os imigrantes chegados já este ano à
Europa. “É um aumento de 149% em relação ao período equivalente
em 2014
Clara Barata /
25-6-2015 / PÚBLICO
Os imigrantes
africanos que acampam nas rochas da costa em Ventimiglia, impedidos
pela polícia de passar a fronteira de Itália pelas autoridades
francesas, para daí continuarem o caminho até outros países do
Norte da Europa, mostram como a imigração se tornou um problema de
toda a União Europeia. O plano da Comissão Europeia para distribuir
cerca de 40 mil migrantes pelos Vinte e Oito, que está para
aprovação na cimeira europeia que começa hoje, enfrenta grandes
resistências.
O plano devia ser
obrigatório e não deverá passar de voluntário, pois os países da
Europa de Leste e Espanha opõem-se à ideia de redistribuir cerca de
40 mil pessoas, entre sírios e eritreus (26 mil transferidos de
Itália e 14 mil da Grécia) pelos vários países europeus, de
acordo com critérios como o PIB de cada país, a taxa de desemprego,
a população e o número de pedidos de asilo já registados. O
primeiroministro húngaro classificou o plano como “roçando a
insanidade”.
Mas a Irlanda e a
Dinamarca, que beneficiam de uma isenção no domínio da imigração,
tal como o Reino Unido, podem estar dispostos a participar, escreve o
Libération. O mesmo acontece com a Suíça, a Noruega e o
Liechtenstein, que fazem parte do Espaço Económico Europeu.
As resistências, no
entanto, são grandes. Ninguém quer ver passar imigrantes de um país
para outro. Por isso foi o caos esta semana em Calais, onde alguns
dos milhares de imigrantes que esperam uma oportunidade para cruzar o
mar de França para Inglaterra se lançaram para camiões em
movimento no túnel da Mancha, tentando apanhar uma boleia. O
primeiro-ministro David Cameron anunciou que pode vir a reforçar os
controlos fronteiriços.
Estes acontecimentos
são reflexos secundários do que se passa nas costas italianas e
gregas, onde chegam a maior parte dos imigrantes sem documentos que
cruzam o Mediterrâneo. Segundo a Frontex, a agência responsável
pelas fronteiras exteriores da UE, até ao fim de Maio, 48.015
pessoas chegaram à Grécia, a maioria vindas da Síria (27.275)
através da Turquia. A Itália chegaram um pouco menos: 47.008, quase
todos africanos (10 mil da Eritreia), e cujo último porto de origem
é a Líbia.
A Frontex
contabiliza em 153 mil os imigrantes que chegaram à Europa já este
ano. “É um aumento de 149% em relação ao período equivalente em
2014.”
Neste momento, no
entanto, a UE apenas tem uma acção concertada para salvar os
imigrantes que chegaram a Itália — e isso após um naufrágio em
que morreram 900 pessoas, e os líderes europeus se viram forçados a
reforçar a missão Tritão. Esta semana, começou uma segunda fase,
a missão Navfor Med, que visa as redes de tráfico de imigrantes na
Líbia. Com cinco navios de guerra, dois submarinos, dois aviões,
dois drones e três helicópteros, esperam recolher informações —
sem entrar em águas líbias, pois não têm luz verde nem do
Conselho de Segurança da ONU nem do governo líbio reconhecido
internacionalmente (há dois, neste momento).
Mas o país europeu
onde mais cresceu o afluxo de imigrantes foi a Hungria: mais de 50
mil imigrantes até 31 de Maio. É um aumento de 880% em relação a
2015. Este caminho é feito por migrantes que entraram na UE através
da Grécia e da Bulgária e tentam chegar à Alemanha ou aos países
nórdicos.
Esta pressão
inesperada levou o Governo de Budapeste a afirmar que deixaria de
receber os imigrantes que a Áustria mandasse para trás. Mas isso
violaria os acordos de Dublin sobre a imigração, e Viena ameaçou
repor os controlos fronteiriços, enquanto Bruxelas pediu explicações
imediatas. Budapeste voltou atrás.
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