Degelo
do permafrost liberta milhões de toneladas gases com efeito de
estufa
9/6/2015, LUSA /
OBSERVADOR
As
emissões resultantes do degelo do permafrost, sob a forma de dióxido
de carbono ou metano, aceleram o ritmo do aquecimento global, que por
sua vez intensifica o degelo.
Cientistas
preveniram nesta terça-feira em Bona para o círculo vicioso que
representaria, para as alterações climáticas, o degelo do
permafrost, os solos gelados em permanência que retêm milhares de
milhões de toneladas de gases com efeito de estufa. “Existem 1,5
biliões (milhão de milhões) de toneladas de gases com efeito de
estufa congeladas e retidas no permafrost”, que representa um
quarto da superfície terrestre no Hemisfério Norte, afirmou a
investigadora Susan Natali, do Woods Hole Research Center, à margem
das negociações que decorrem em Bona para preparar a conferência
sobre o clima da Organização das Nações Unidas, prevista para
novembro/dezembro, em Paris.
Aquele volume,
acumulado há milhares de anos, é “cerca de duas vezes mais
importante do que o já está na atmosfera”, realçou, em
declarações à comunicação social. “Podem, portanto, imaginar
que, quando o permafrost derreter e uma parte, mesmo pequena, desse
gás com efeito de estufa for libertado na atmosfera, isso possa
causar um aumento importante das emissões globais” destes gases,
acrescentou.
As emissões
resultantes do degelo do permafrost, sob a forma de dióxido de
carbono ou metano, aceleram o ritmo do aquecimento global, que por
sua vez intensifica o degelo, explicou Natali, descrevendo o círculo
vicioso. “Segundo as nossas estimativas, 130 a 160 giga toneladas
de gases com efeito de estufa poderiam ser libertadas na atmosfera
até 2100” em razão deste degelo, quantificou Natali.
As zonas do
permafrost cobrem cerca de 25% da terra do Hemisfério Norte. Até ao
final do século, devem diminuir entre 30% a 70%, conforme a dimensão
das emissões dos gases com efeito de estufa. “Nos cenários de
emissões fracas, prevemos uma perda de 30%”, número este que pode
subir para os 70% nos cenários mais negros, indicou a cientista,
coautora de um estudo publicado na revista ‘Nature’ em abril.
A estimativa mais
baixa supõe uma redução drástica destas emissões, para que se
possa atingir o objetivo de limitar o aquecimento global a dois graus
centígrados (2ºC) em relação ao período anterior à Revolução
Industrial que a comunidade internacional fixou. A estimativa mais
alta corresponde a um cenário em que as emissões não estão
sujeitas a qualquer controlo.
A conferência de
Paris vai procurar concretizar um acordo parta que o aquecimento
global fique abaixo dos 2ºC. Até ao seu início, os países têm de
apresentar os seus objetivos de redução da emissão destes gases.
“As ações que decidirmos agora sobre as nossas emissões devidas
às energias fósseis vão ter um impacto importante”, sublinhou
Natali. “Sabemos que as fugas de gases com efeito de estufa do
permafrost vão ser importantes e irreversíveis” e que elas “devem
ser tomadas em conta se quisermos atingir os nossos objetivos em
termos de emissões”, preveniu ainda a cientista.
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