Destino
dos terrenos da antiga Feira Popular vai ser discutido em “audição
pública”
A
iniciativa deverá ter lugar em meados de Julho. Para a semana, a
câmara discute a venda dos terrenos em hasta pública
Medina
defendeu a importância de se encontrar uma solução que resolva
aquela que é “uma ferida aberta no centro de cidade”
Inês Boaventura /
17-6-2015 / PÚBLICO
A Assembleia
Municipal de Lisboa (AML) vai promover “uma audição pública”,
aberta “a todos os interessados”, sobre a proposta camarária de
alienar os terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos. Uma
ideia que mereceu a concordância de todas as forças políticas e
que deverá concretizar-se na segunda semana de Julho.
A iniciativa foi da
presidente da AML, que considera que, “por causa dos precedentes da
história” que envolve estes terrenos, existe “uma acrescida
exigência de transparência e acesso à informação”. Na opinião
de Helena Roseta, transmitida ao PÚBLICO, “neste caso específico”,
mais ainda do que noutros, é preciso “as pessoas saberem o que se
vai fazer e que isso aconteça em tempo útil”.
Nesse sentido, a AML
vai promover uma audição pública, na qual poderão intervir os
deputados municipais mas com a qual se pretende essencialmente “ouvir
os cidadãos”. Para que a discussão não seja feita no vazio, a
ideia de Helena Roseta é que ela tenha lugar depois de a Câmara de
Lisboa dar a conhecer a sua proposta concreta para a antiga Feira
Popular, mas antes de a assembleia deliberar sobre ela.
A proposta de
realização desta iniciativa, na qual se diz que dela “poderão
resultar recomendações à câmara”, foi ontem aprovada por
unanimidade. A iniciativa de levar o assunto à reunião da AML foi
do PEV, que apresentou uma recomendação na qual propunha à câmara
que promovesse “a realização de um debate público alargado de
ideias sobre a utilização a dar aos terrenos da antiga Feira
Popular”, ideia da qual o partido acabou por abdicar em nome da já
referida audição pública.
O documento, que foi
chumbado pela maioria dos deputados, propunha ainda que o município
suspendesse o processo de alienação dos terrenos “até à
conclusão do processo que decorre em sede de tribunal arbitral” e
que os considerasse “um activo estratégico para um desen-
Proposta para
audição sobre terrenos aprovada por unanimidade volvimento
urbanístico e integrado da cidade”. O PEV pretendia igualmente que
a câmara equacionasse a possibilidade de instalar no local
“equipamentos públicos de utilização colectiva”.
Em resposta, o
presidente da câmara fez saber que a proposta de realização de uma
hasta pública para a alienação dos terrenos vai ser levada à
reunião camarária que se realiza na próxima semana. “Cremos que
é o momento certo para o fazer”, justificou Fernando Medina, que
assim espera resolver “um dos maiores cancros da cidade”.
O autarca socialista
defendeu a importância de se encontrar para a antiga Feira Popular
“uma solução que favoreça um usufruto significativo de espaço
público”, que resolva “do ponto de vista urbanístico” aquela
que é “uma ferida aberta no centro de cidade” e que promova “com
integral e absoluta transparência a defesa dos interesses do
município”. Fernando Medina manifestou ainda a sua concordância
com a realização de uma audição pública sobre o tema.
Na sua intervenção,
a pretexto do trabalho desenvolvido nos meses de Abril e Maio, o
presidente da câmara anunciou que irão ser apresentadas “esta
semana” as acções principais que estão na base das providências
cautelares já interpostas contra a subconcessão da Carris e do
Metropolitano de Lisboa. Segundo Fernando Medina, foram já entregues
a impugnação da resolução do Conselho de Ministros que esteve na
base do lançamento dos concursos e a acção judicial relativa à
resolução fundamentada que foi apresentada para travar a suspensão
desses mesmos concursos.
Quanto ao Pavilhão
Carlos Lopes, o autarca garantiu que o edifício no Parque Eduardo
VII vai ser objecto de “uma recuperação integral como é, com a
sua memória e arquitectura”. Em relação à sua entrega à
Associação de Turismo de Lisboa, o presidente da câmara defendeu
que esta “é uma boa solução, que dá garantias de que a cidade
em breve vai poder usufruir do espaço”. A sua estimativa é que o
novo “espaço multiusos, muito à semelhança do que é hoje o
Pátio da Galé”, possa abrir “no final de 2016, início de
2017”.
Nesta reunião da
AML, foi aprovada, por unanimidade, uma recomendação do MPT “pela
salvaguarda do património azulejar da loja centenária da Fábrica
de Sant’Anna”. Nela propõe-se à câmara que “acompanhe o
processo entre o proprietário do imóvel e os proprietários da
Fábrica de Sant’Anna, de forma a possibilitar a permanência desta
montra de azulejaria portuguesa no seu actual local”.
Como o PÚBLICO
noticiou, a continuidade desta loja na Rua do Alecrim está em risco,
dada a intenção do Grupo Visabeira, que já entregou uma ordem de
despejo, de construir no local um hotel.
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