sábado, 6 de junho de 2015

Lisboa ganha dia 17 um jardim que vai da Graça à Mouraria


Lisboa ganha dia 17 um jardim que vai da Graça à Mouraria
por Inês Banha / 6-6-2015 / DN online

Espaço com quase dois hectares, cuja abertura chegou a ser anunciada para 2011, dispõe de relvado e de um quiosque com esplanada. Paisagem é elogiada ainda antes da abertura.
Julieta Silva percorre quatro vezes por dia a Calçada do Monte e não contém a satisfação por ter passado a usufruir de uma vista sobre Lisboa desde que o muro que ali existia foi demolido, para a construção do Jardim da Cerca da Graça. "Só por isso já vale a pena", acrescenta a comerciante, que prefere esperar pela abertura do espaço, no próximo dia 17, para avaliar se se justifica o investimento de mais de 900 mil euros ali feito pela Câmara Municipal de Lisboa. A data foi anunciada na quarta-feira pelo vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, numa reunião do executivo destinada exclusivamente a ouvir os munícipes.
"É talvez o maior espaço verde do casco velho da cidade", frisou o autarca, acrescentando que se está "só à espera" que o verde cresça para ficar "um bocado mais bonito". O relvado é apenas um dos elementos que dão forma ao parque com quase dois hectares e que se estende por uma encosta que vai desde a Graça à Mouraria e que terá entrada pela Rua Damasceno Monteiro, pela Calçada do Monte e pelo Caracol da Graça. Esta última, junto Quartel da Graça, não abrirá para já, por faltar uma autorização do Ministério da Defesa, ressalvou.
Com projeto aprovado em 2009 pelo executivo municipal então liderado por António Costa, a conclusão da transformação da cerca do antigo Convento da Graça num jardim público chegou a ser anunciada para 2011, mas o prazo foi sendo sucessivamente adiado. As obras acabariam por começar apenas em 2013 e, desde então, têm sofrido diversas "contrariedades".
Logo no início dos trabalhos, explicou em março à Lusa José Sá Fernandes, foram encontradas ossadas, tendo a obra - à data com fim previsto para setembro daquele ano - sido interrompida. Em janeiro de 2014, o autarca adiantou ao jornal online O Corvo que o espaço verde abriria em abril seguinte, mas só em setembro a empreitada foi retomada. Em março deste ano assegurou então que seria inaugurada até ao início de maio. "A obra está praticamente concluída. Se eu quisesse concluí-la para a semana, concluía", garantiu à Lusa. Por fim, anunciou, na quarta-feira, que o jardim vai "finalmente" abrir ao público no dia 17, pelas 17.30.
Dejetos dos cães preocupam
Joana Moreira e Gonçalo Silva trabalham na Graça e, ontem, aproveitavam já para almoçar com vista para o Castelo de São Jorge nas pequenas mesas instaladas no exterior do Jardim da Cerca de Graça. "Espaços verdes fazem sempre falta na cidade", salienta o jovem, enquanto a colega lembra que se trata também de uma mais-valia numa zona procurada por turistas. Julieta Silva concorda, principalmente devido à paisagem revelada.
"Enche o olho. Estamos num sítio com muitos turistas e ajuda", explica a comerciante de 59 anos, que refreia o entusiasmo ao antever qual poderá ser a utilização do espaço verde que inclui, além do relvado, um quiosque com esplanada e hortas urbanas (ver caixa). Uma eventual proliferação de dejetos caninos é uma das possibilidades que a preocupa. E não está sozinha.
Há cerca de um mês, um grupo de residentes lançou uma petição dirigida à presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta, a requerer "intervenção para que o novo Jardim da Cerca da Graça seja um lugar limpo e seguro", onde possa levar "tranquilamente" os filhos a passear e brincar.
"A responsabilidade de cada dono apanhar o cocó do seu cão tem-se revelado claramente ineficaz e por isso a grande maioria dos pais e moradores vive com a preocupação constante de não pisar ou mesmo evitar que uma criança pegue ou ingira cocó. Isto acontece também, e sobretudo, em todos os jardins e parques infantis da zona da Graça, prejudicando o direito de as crianças terem espaços higienicamente adequados às suas necessidades", lê-se no abaixo-assinado, cujo tema foi abordado na reunião descentralizada de quarta-feira por vários moradores.
Na resposta, o vereador da Estrutura Verde reconheceu que é um dos "problemas pendentes", a par do acesso pelo Caracol da Graça. "Vamos ver como vai ser o comportamento dos donos dos cães", afirmou José Sá Fernandes, ressalvando que se trata de um espaço aberto a todos, incluindo cães, desde que quem os vá passear o faça com trela e apanhe os seus dejetos.

O autarca adiantou ainda que vai ser instalada sinalética e admitiu que, caso tal não seja suficiente, será equacionada a hipótese de se adequar o espaço. No Jardim do Campo Grande, por exemplo, foi construído, no âmbito da sua requalificação, um parque para cães. A convivência começa no dia 17.

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