Activistas
põem faixa: o Parlamento foi “vendido
Assembleia
abre inquérito. Grupo Eu Não Me Vendo, ligado ao Agir, promete mais
acções. “A soberania foi vendida”, contestam
Maria João Lopes /
23-6-2015 / PÚBLICO
Um grupo de
activistas do movimento Eu Não Me Vendo colocou, ontem de manhã,
uma faixa na varanda da Assembleia da República, na qual se lê
“vendido”. O objectivo é claro: estão contra a venda ao
“desbarato” das empresas públicas, a “liquidação” do
Estado social e a “entrega da soberania política e económica dos
portugueses a interesses estrangeiros”.
Não foi difícil
colocar a faixa, garante um porta-voz do grupo, que prefere não ser
identificado, acrescentando que entraram no edifício seguindo as
normas estabelecidas e passando pela segurança (identificação,
detector de metais e raios X).
A Assembleia da
República já abriu um inquérito para averiguar o incidente. Numa
resposta enviada por email, o gabinete do secretário-geral do
Parlamento adianta que os serviços de segurança, “logo que
tomaram conhecimento da situação, procederam à recolha da faixa e
desencadearam um inquérito interno tendente a esclarecer o que se
verificou”.
O que preocupa estes
activistas — ligados ao movimento Agir, de Joana Amaral Dias e Nuno
Ramos de Almeida, que concorre às legislativas em coligação com o
Partido Trabalhista Português — é, entre outras questões, a
“perda de soberania do Estado português” e a “venda ao
desbarato das empresas públicas”. Em causa estão privatizações,
como a da TAP, por exemplo, “negociadas à porta fechada” e
“decisões que vão vincular gerações”.
É essa perda de
soberania em relação ao futuro do país que estes activistas
reclamam — trata-se de “revindicar a devolução do poder de
decisão”, perdida para os credores internacionais e instâncias
europeias, alegam. “A menos que o Parlamento tenha sido vendido ao
desbarato sem o nosso conhecimento”, ironiza o porta-voz.
O vídeo da acção
já foi colocado no site do grupo — http://eunaomevendo.pt/ —,
acompanhado de um texto no qual se lê que “o Governo vendeu tudo o
que podia, por tuta e meia”, e “prepara-se para entregar a Carris
e o Metro, depois de vender a TAP por 10 milhões de euros.”
“Tão grave quanto
as negociatas”, escrevem ainda, “para entregar todos os sectores
estratégicos da economia, o executivo de Passos Coelho entregou a
soberania nacional aos pés da chanceler alemã Angela Merkel”.
Isto significa, sublinham, que “o Parlamento português deixou de
ter autoridade sobre o Orçamento do Estado”, que “o BCE decide a
política monetária”, que “Berlim decide o nosso orçamento”.
Em suma: “A nossa soberania foi vendida, os nossos serviços
públicos destruídos, a nossa economia serve para salvar bancos”.
Mas eles não vão
ficar de braços cruzados: “Gente que não se vende tem de agir.”
Por isso, prepararam mais acções que serão conhecidas hoje e
outras pensadas para agitar a campanha para as eleições
legislativas.
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