Há
seis mil lojas chinesas em Portugal. E estão a mudar
Conhecidas pela
oferta de produtos baratos com baixa qualidade, a concorrência e a
crise levou os negociantes chineses a apostar em lojas mais
sofisticadas.
Graças à crise que
moderou o consumo, o número de ‘lojas do chinês’ em Portugal
está a diminuir, mas ainda há cerca de seis mil estabelecimentos em
todo o país, disse Man Hin Choi, decano da comunidade chinesa em
Portugal.
Em entrevista ao
Expresso, Man Hin Choi revela que os principais negócios da
comunidade chinesa continuam a ser as lojas e os restaurantes, mas já
se encontram outros serviços como advocacia, agências de viagens,
contabilidade e imobiliário, parte deles alavancados pelos vistos
gold.
A grande mudança no
paradigma das tradicionais lojas do chinês é, no entanto, a
emergência de grandes armazéns, com apresentação mais cuidada,
produtos mais caros e de maior qualidade. Passam recibo e até já
contratam trabalhadores fora da estrutura familiar habitual nestes
negócios.
“A concorrência
entre lojas chinesas é muito forte e os donos perceberam que tinha
de evoluir”, explicou ao mesmo jornal o presidente da Liga dos
Chineses, Y Ping Chow.
10:00 - 13 de Junho
de 2015 | Por Notícias Ao Minuto
OPINIÃO
A
cabeça da serpente e o rabo do boi
ANTÓNIO SÉRGIO
ROSA DE CARVALHO 14/12/2014 – PÚBLICO /
http://www.publico.pt/portugal/noticia/a-cabeca-da-serpente-e-o-rabo-do-boi-1679314
Será
que Portugal se tornou já na “porta dos fundos” da Europa?
Repentinamente e
finalmente aconteceu. No contexto da longa batalha que os moradores
dos bairros históricos travam contra o ruído e anarquia da
“animação” nocturna estimulada e licenciada pelo “zé”,
finalmente, veio o anúncio da futura proibição nocturna de venda
de bebidas alcoólicas, depois das 22 horas.
Isto leva-nos de
imediato ao debate desenvolvido por Raquel Varela no contexto da
entrevista de Y Ping Chow em nome da comunidade chinesa, onde a
professora se refere não apenas às Lojas Chinesas, mas também às
mercearias asiáticas.
Chow, sem
hesitações, define de imediato a sua comunidade não como um grupo,
um povo, mas como uma raça empreendedora, isto em contraste com as
características hesitantes, passivas ou mesmo indolentes dos
portugueses.
Para isto, e na
melhor tradição da simbologia chinesa, ele remata que esta raça
“prefere ser a cabeça da cobra a ser o rabo do boi”.
Cada vez que a
questão da invasão saturante das lojas chinesas e a questão da
qualidade dos seus produtos é levantada, de imediato neutraliza-se
de forma inibidora o ritmo e a natural capacidade de discernimento do
evidente, com o argumento da etnicidade.
Recusa-se a
discussão do facto que a estratégia do Urbanismo Comercial da
Câmara Municipal de Lisboa tem sido inexistente, que estas lojas
usufruem de isenção fiscal por cinco anos, que não estão sujeitas
a horários de trabalho nem a visitas de Inspecção de Trabalho. Que
são entrepostos de escoamento de produtos inferiores, produzidos em
verdadeira escravatura e agências estratégicas de obtenção de
divisas.
As cíclicas
mudanças de ramo ou de local, mantêm as isenções fiscais.
Ora, muito
recentemente fomos confrontados com um escândalo nas chefias do
Estado, difícil ainda de definir, mas fácil de classificar, como
Imoralidade, na sua forma encoberta e indirecta de atribuição de um
preço para o direito de circulação no espaço Schengen, e para a
nacionalidade portuguesa.
Segundo o próprio
Chow, andamos portanto a dormir, e esta impressão é confirmada na
recente entrevista de Miguel Neves no PÚBLICO, que afirma: “A
Europa está passivamente a olhar para o investimento chinês. É
claro que este dá um contributo no imediato, é capital que entra e
permite ajudar o financiamento de algumas grandes empresas, mas, a
prazo, tem outras consequências que não estão a ser antecipadas,
nem há uma estratégia de resposta.”
E aqui não se trata
apenas da EDP e REN, ou de exemplos da Fidelidade ou a ES Saúde, mas
trata-se de uma estratégia concertada onde o crescente interesse da
China na Plataforma Atlântica Portuguesa (Açores), nos seus
recursos naturais, tanto ao nível dos subsolos como das pescas, além
da importante plataforma estratégica das Lajes.
A China no seu
expansionismo tornou-se no campeão da globalização. Mas o seu
conceito de concorrência não é baseado numa sociedade aberta, mas
num capitalismo de Estado, totalmente controlador e intervencionista,
enquanto o nosso está determinado pela liberdade e por direitos
individuais, tanto nas ideias como na organização do trabalho e
justiça, fundamentais, e adquiridos com muito esforço e luta.
Será que Portugal
na sua profunda e omnipresente crise, na sua desesperada necessidade
de dinheiro, no seu atordoamento passivo e letargia, se tornou já na
“porta dos fundos” de fácil penetração, na fortemente
fragilizada, mas ainda, mais do que atractiva Europa?
E, entretanto, entre
as brumas, nas neblinas da impotência, os ressentimentos
indefiníveis crescem e amontoam-se... e o fio condutor explosivo e
irracional do populismo espera, aguardando a sua oportunidade.
Historiador de
Arquitectura
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