Estrangeiros
fazem disparar
preços dos imóveis no Porto
MARISA VÍTOR
ANTUNES
07.06.2015 9h000 /
EXPRESSO / Economia
No primeiro
trimestre de 2015 foram emitidos 34 alvarás de construção — um
ritmo de quase três por semana — para obras na Baixa
Casas
nas zonas de maior procura valem quatro vezes mais que a média do
mercado
O impacto do
interesse dos estrangeiros no imobiliário português fez disparar os
preços dos imóveis de luxo em zonas apetecíveis. E não só em
Lisboa. No Porto, para onde os investidores chineses e franceses
começam agora a focar os seus radares, os valores subiram de forma
significativa nos últimos anos e uma casa de luxo na zona prime
custa hoje quatro vezes mais do que o valor médio do mercado.
Segundo o estudo “O Mercado Habitacional em Portugal 2005-2015”,
apresentado esta semana pela Prime Yield em Lisboa, uma casa de gama
alta na zona da Foz do Douro está a ser vendida a preços médios de
€4618/m2, “quase quatro vezes mais do que os €1192/m2 que
constituem o valor médio de oferta para o total do mercado
habitacional do grande Porto”.
“Esta valorização
está muito relacionada com os vistos gold, sendo que a maior parte
são chineses, mas não só. Há inclusivamente uma dinâmica
instalada no mercado em que alguns destes investidores adquirem
várias unidades, reservando uma casa para a sua residência e as
restantes para associar à rentabilidade”, resume José Velez,
diretor-executivo da Prime Yield Portugal.
A um outro nível
também relacionado com estrangeiros, mas desta vez turistas e não
potenciais residentes, está ainda todo o frenesim que se vive no
centro da Invicta para a reabilitação de prédios devolutos, alguns
em muito mau estado, para os transformar em unidades turísticas. A
Confidencial Imobiliário (empresa de consultoria especializada no
sector imobiliário) fez contas e chegou à conclusão no novo Índice
de Preços da Baixa do Porto (divulgado também esta semana) que o
mercado no centro histórico da cidade registou uma valorização
acumulada de 43% desde 2009, fruto de uma maior procura de edifícios
para reabilitação.
272 imóveis
transacionados
por ano só na zona histórica
A partir de dados
cedidos pelo Observatório da Reabilitação da Baixa do Porto (uma
iniciativa conjunta com a Porto Vivo, SRU), apurou-se que só em 2014
foram concretizadas 272 transações de imóveis na chamada ZIP –
Zona de Intervenção Prioritária, que inclui, entre outros locais,
Miragaia, Aliados ou Bonfim. Uma média de cinco por semana só nesta
área de intervenção e que envolveu um montante acumulado de €87,5
milhões. “Esses números quase duplicaram face à realidade de
2013”, diz Ricardo Guimarães, diretor-executivo da Confidencial
Imobiliário, frisando que na zona do centro histórico do Porto, ao
contrário da Foz, por exemplo, existe uma grande intervenção por
parte de investidores nacionais.
“Aqui a dinâmica
está muito associada ao fenómeno do turismo do ponto de vista do
uso dos edifícios e aos atores locais no que respeita ao
investimento feito nos edifícios reabilitados para fins turísticos”,
refere Ricardo Guimarães.
As transações de
imóveis multiplicaram-se e, consequentemente, também as licenças
de obras. Só na Baixa do Porto foram lançados no ano passado 137
alvarás de construção para obras de reabilitação, mais do que
duplicando o valor de 2013. E nos primeiros três meses deste ano
foram já emitidos 34 novos alvarás, a um ritmo médio de quase três
por semana.
Luxo em Lisboa 73%
mais caro que no Porto
Se é certo que o
aumento recente na procura de imóveis em zonas-chave do Porto fez
subir os preços das casas, estes continuam ainda muito mais baixos
em relação à capital. O estudo da Prime Yield mostra que o luxo em
Lisboa (e aqui consideraram-se os imóveis localizados na Avenida da
Liberdade e no Chiado) paga-se atualmente a um valor de €8015 o
metro quadrado, um valor seis vezes superior aos €1324/m2 a que em
média são colocadas as casas em oferta na Grande Lisboa.
“E se, em média,
as casas na Grande Lisboa apresentam preços de oferta cerca de 11%
acima do Grande Porto, numa análise para o segmento de luxo, esse
gap varia entre 73% no caso do centro das duas cidades”, conclui-se
ainda no estudo da Prime Yield.
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