Estado
liberta-se da dívida da TAP, garante Pires de Lima
MIGUEL SANTOS /
11/6/2015, OBSERVADOR
A
dívida de mais de mil milhões de euros da TAP "assumida pela
TAP SGPS, não vai ser transferida para o Estado". Foi esta a
garantia deixada por Pires de Lima, em entrevista à TVI.
António Pires de
Lima, ministro da Economia, garantiu esta quinta-feira que a dívida
da companhia aérea portuguesa – superior a mil milhões de euros –
vai ser assumida pela TAP SGPS, neste caso a empresa que será
vendida aos empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa. O
governante fez, assim, questão de desmentir as notícias que davam
conta de que o Estado ficaria ligado à negociação da dívida
antiga, mesmo depois de o negócio estar concluído.
“Ao contrário do
que eu vi veiculado”, começou por dizer Pires de Lima, “esta
dívida é assumida pela TAP SGPS, não vai ser transferida para o
Estado”. “Só em condições absolutamente excecionais – se a
propriedade da empresa fosse revertida – é que o Estado poderia
funcionar como garante de uma parte da dívida”, acrescentou o
ex-presidente da Unicer.
Em entrevista a
Judite de Sousa, na TVI, Pires de Lima fez ainda questão de
sublinhar que a injeção de capital era “fundamental” para que a
TAP pudesse “crescer” e “assegurar emprego e a sua função de
interesse estratégico nacional”. De outra forma, o futuro da
empresa passaria necessariamente pelo “saneamento muito agressivo,
tanto do número de pessoas que trabalham na TAP, como do número de
aviões e rotas”, afirmou o ministro.
Pires de Lima não
poupou, de resto, elogios à proposta de Neeleman e Pedrosa,
descrevendo-a como a “melhor alternativa, tanto do ponto de vista
da capitalização” da empresa, como do ponto de vista da segurança
que o consórcio Gateway oferece no que diz respeito à “defesa dos
interesses do Estado”.
Além disso, os
futuros donos da TAP vão entrar logo com 269 milhões de euros assim
que a transação ficar definitivamente fechada, fator que pesou de
forma considerável na decisão do Governo. Num primeiro momento, o
Estado vai ganhar dez milhões com a venda do capital da TAP, mais
seis milhões pelo restante da empresa a pagar no futuro. Além de
assumir a dívida da empresa, o consórcio vai injetar 269 milhões
de euros logo em 2015, “mais 68 milhões ao longo de 2016″,
revelou Pires de Lima. A oferta poderá chegar a 488 milhões de
euros, em função da performance da companhia em 2015, e
considerando já o encaixe potencial máximo para o Estado, num
cenário em que a transportadora vai para a bolsa, como explicou a
secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco.
Em relação a
eventuais despedimentos de trabalhadores da companhia aérea, o
ministro da Economia fez questão de lembrar que, de acordo com o
caderno de encargos desenhado com os sindicatos que representam os
funcionários da TAP, os novos “acionistas estão impedidos de
fazer despedimentos coletivos por três anos”. O que não significa
que seja possível “assegurar que não há despedimentos em nenhuma
circunstância”, reconheceu Pires de Lima. “Podem acontecer
reajustes na empresa, desde que seja por acordo dos próprios
trabalhadores”.
Sobre as declarações
do Partido Socialista, que tem vindo a terreiro prometer que iria
reverter a venda de 66% das ações da TAP, se e caso chegasse a São
Bento, Pires de Lima respondeu de forma clara: “Quanto mais o PS
diz que vai reverter e destruir aquilo que este Governo está a
procurar construir e fazer, eu acho que menos provável é que o
próximo primeiro-ministro seja do PS”.
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