PS
nervoso com sondagens que dão coligação à frente
19/6/2015,
OBSERVADOR
O
PS está "impaciente" com as sondagens e com o pouco tempo
para convencer os indecisos, mas dizem estar preparados para o
combate difícil. Mas não tão difícil como se está a verificar.
A tranquilidade não
mora no Largo do Rato. Os socialistas dizem que já esperavam um
“combate difícil”, não tanto como se está a verificar e prova
disso foi verem pela primeira vez uma sondagem A dar a coligação
PSD/CDS na frente da corrida às legislativas. O estudo de opinião
para o DN/JN deixou o Largo do Rato mais apreensivo. Mais
“impaciente”, como conta um dirigente. Costa desvalorizou, disse
que o que conta são as sondagens das urnas, mas o semblante era
carregado e os seguristas lembram que, afinal, Costa não está a
fazer tão diferente do que pedia a António José Seguro.
António Costa
aproveitou para reforçar esta sexta-feira, com as sondagens
desfavoráveis ainda frescas na tinta dos jornais, que o que quer não
é só ganhar, mas ganhar com maioria absoluta. Olhando para os
números, este é um objetivo que por agora é uma miragem, o que
leva um dirigente a dizer, em conversa com o Observador, que “para
se ter maioria absoluta não basta dizer-se”. É preciso fazer. A
questão é como? Costa assentou que o discurso será o de mostrar
que as contas do PS são contas certas e repete à exaustão a
“credibilidade” e a confiança nas propostas socialistas. Mas foi
exatamente depois do período de apresentação do programa do
partido – que coincidiu com a apresentação da coligação PSD/CDS
– que os dois partidos do Governo subiram nas sondagens.
“Existe alguma
impaciência com esta aproximação da coligação”, conta um
dirigente ao Observador, que acrescenta que não é “considerado um
terramoto, nem obriga a uma alteração de estratégia” da direção
socialista, mas que os números são olhados com apreensão até
porque faltam poucos meses para convencer os eleitores e a linha nas
sondagens do PS não tem subido. “Não há uma condenação a esta
distância”, acredita o mesmo dirigente que aponta para “fatores
conjunturais” que levaram a que a maioria capitalizasse intenções
de voto. A saber: a indecisão na zona euro e a postura de um governo
alternativo à austeridade europeia – o grego – que pode criar
“incerteza e desconfiança” mesmo para com outras propostas
alternativas diferentes da do Syriza, diz a mesma fonte. Ora para os
socialistas a questão grega tem sido “explorada pelo Governo e
pelo Presidente da República para acicatar esses sentimentos”.
Já o secretário
nacional João Galamba tenta desvalorizar os resultados nas sondagens
e acredita numa melhoria com o tempo: “Sabia-se quer ia ser uma
disputa difícil até ao fim, mas a margem de progressão do PS é
maior do que a da coligação PSD/CDS”. E porquê? O deputado
lembra a taxa de rejeição e de popularidade de Passos Coelho e de
Paulo Portas que podem ditar a cruz no PS na hora do voto. As
eleições vão-se “decidir na reta final: na hora do voto as
pessoas vão lá pôr a cruzinha”, diz outro socialista.
Nos últimos tempos,
na direção do PS tem sido acentuada a ideia de que há que
mobilizar os indecisos, que ainda são muitos e que permanecem
“desiludidos”. Foi assim que lhe chamou Manuel Alegre quando
disse a Costa na Convenção socialista para aprovação do programa
eleitoral que as eleições não estão ganhas e que são esses
eleitores “que tem de convencer e que tem de despertar”.
Mas a tarefa não é
fácil. E há quem relembre um passado bem recente quando o atual
líder socialista exigia mais da anterior direção. António
Galamba, que fez parte do Secretariado Nacional do partido, ficou
“sem palavras”, escreveu no Facebook. Mas não foi o único
segurista a ficar a olhar para as sondagens e lembrar-se das palavras
do próprio António Costa depois do resultado das eleições
europeias, quando disse que a vitória do PS sabia “a poucochinho”.
“É um descalabro previsível”, diz ao Observador outro
ex-dirigente do partido. Do lado da direção não há dúvidas: “Se
fosse com António José Seguro era bem pior, porque não tinha um
discurso autónomo, de alternativa”, diz um membro próximo de
Costa.
Se agora Costa já
tem um discurso (e um programa) na mão – o que resolve o problema
do discurso autónomo – na ala segurista há quem lembre que o
líder socialista tem duas condicionantes externas que o estão a
impedir de descolar mais do que esperava. “A Grécia e Sócrates
são as duas condicionantes que vão decidir as eleições”, diz
outro dos membros próximos do antigo líder do partido.
Mas se nos
bastidores os olhares dos seguristas são desconfiados, estes
garantem que não pretendem fazer oposição ao líder socialista até
às eleições e preferem mostrar que o partido está unido.
“A chave para se
ganhar a confiança dos eleitores é falando a verdade, com
razoabilidade nas propostas e nas promessas”, defende o
ex-dirigente socialista Álvaro Beleza quando questionado se o
discurso de António Costa é um dos motivos para que o PS apareça
agora atrás do PSD e do CDS. Beleza foi um dos homens próximos de
António José Seguro e chegou a ser apontado como candidato a líder
contra António Costa, mas por agora prefere garantir que o partido
está unido para enfrentar as legislativas: “O PS tem de estar
unido para ganhar as eleições”.
O PS não desce, mas
PSD e CDS valem mais juntos
Não desce, mas
também não sobe. A análise é do especialista em sondagens Pedro
Magalhães que ao analisar a evolução das diferentes sondagens
chega à conclusão que os socialistas se mantêm com uma perspetiva
de voto estável desde antes das eleições europeias. “Podemos
gastar os rios de tinta e os biliões de píxeis que quisermos sobre
a ‘descida’ do PS, mas até agora não se infere descida alguma”,
escreveu esta sexta-feira no seu blogue.
Por outro lado, o
especialista em estudos de opinião diz que “é cedo para dizer se
a coligação está a subir” nas sondagens, mas que uma coisa é
certa: PSD e CDS valem mais juntos do que em separado. “A nossa
última estimativa separada de PSD e CDS, de meados de abril,
dava-lhes 27,9% e 6,8%, respetivamente. Somados, 34,7%. Logo, à
pergunta. ‘Vale a coligação menos que a soma dos seus membros?’
a resposta parece ser um claro ‘Não'”
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