Lisboa
investe 25 milhões de euros para requalificar 21 bairros municipais
“Estou
a pagar as favas da falta de intervenção”, diz a vereadora da
Habitação, lastimando que haja bairros que nunca tiveram obras
Reabilitação
urbana Inês Boaventura / 26-6-2015 / PÚBLICO
A Câmara de Lisboa
vai investir, até 2017, 25 milhões de euros na realização de
obras em 21 dos 70 bairros municipais da cidade. “É um projecto
ambicioso que urgia há muito tempo”, diz a vereadora da Habitação,
reconhecendo que, “se houvesse mais dinheiro”, não faltariam
“mais sítios onde fazer intervenções”.
É no Bairro do
Condado (também conhecido como “Zona J” de Chelas), que fica na
freguesia de Marvila e foi construído nos anos 80 do século
passado, que vai ser feito o maior investimento: 2,6 milhões de
euros vão ser usados para intervir nas zonas comuns, coberturas e
empenas. Já no Bairro da Horta Nova, construído na década anterior
e localizado em Carnide, estão previstas obras no valor de 2,5
milhões de euros, em coberturas e empenas.
Na lista dos 21
bairros que vão ser objecto de obras nos próximos anos segue-se a
Alta de Lisboa, que se divide entre as freguesias de Santa Clara e
Lumiar. Aí vão ser usados 2,4 milhões de euros, igualmente em
coberturas e empenas. De acordo com dados da câmara, este é na Alta
de Lisboa que se encontra o bairro municipal mais populoso da cidade,
residindo nele mais de oito mil pessoas.
Numa informação
escrita distribuída aos jornalistas, a vereadora da Habitação,
Paula Marques, nota que embora o conjunto dos bairros municipais seja
“bastante heterogéneo”, “as patologias” detectadas nos lotes
que vão agora ser alvo de intervenção “são comuns a quase todos
eles”, verificando-se que em muitos casos houve “erros de
projecto e erros de construção”. Olhando para as empreitadas
previstas em cada aglomerado verifica-se que em quase todos haverá
obras nas coberturas e empenas.
Em dois bairros
(Rego e Alfredo Bensaúde) vai haver uma aposta na arte urbana.
Noutros dois haverá um “fecho de escadas” (Quinta do Ourives e
Ameixoeira) e num (2 de Maio) serão substituídas janelas. Este
último bairro será também alvo de uma intervenção nas zonas
comuns, que se repetirá nos bairros Eduardo Bairrada (o único
aglomerado em que vai também haver “reabilitação de fogos”),
Bom Pastor, Quinta do Ourives, Condado e Flamenga.
“É um projecto
ambicioso que urgia há muito tempo”, diz Paula Marques, cuja
expectativa é concretizar a totalidade das intervenções “até
2017”. Esta quarta-feira a proposta que prevê o estabelecimento de
um contrato-programa com a empresa municipal Gebalis com vista à
concretização destas obras foi aprovada, com a abstenção do PSD e
CDS. O documento segue agora para a Assembleia Municipal de Lisboa,
onde se espera que possa ser discutido a 7 de Julho.
“Há bairros
municipais que não têm intervenção desde que foram construídos”,
lamenta a vereadora, frisando que por essa situação foram
responsáveis “vários” executivos municipais e conselhos de
administração da Gebalis, a empresa que gere os bairros municipais.
“Estou a pagar as favas da falta de intervenção”, conclui Paula
Marques.
“É evidente que
não podemos agradar a gregos e a troianos”, admite a autarca dos
Cidadãos por Lisboa, referindo-se ao facto de as obras agora
anunciadas irem deixar de fora 49 bairros camarários. Também por
isso, Paula Marques faz questão de publicitar quais foram os
critérios, “claros e transparentes”, em que assentaram as opções
feitas, opções que foram sujeitas à apreciação das juntas de
freguesia da cidade entes de serem fechadas.
Entre esses
critérios, explicou aos jornalistas, estão a análise técnica
feita da necessidade das intervenções e a “perigosidade” de não
as realizar, a avaliação dos custos de não intervenção nas
“condições de habitabilidade” e o registo das reclamações
feitas ao longo dos anos por residentes, associações de moradores e
juntas de freguesia. Também teve peso na decisão a “dispersão”
dos bairros pelo território e foi dada preponderância àqueles que
são “100% propriedade municipal”, em detrimento dos que têm
fogos já alienados. “Estamos cientes de que, se houvesse mais
dinheiro, naturalmente teríamos mais sítios onde fazer
intervenções”, reconhece Paula Marques.
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