Delegação
grega desloca-se no sábado a Bruxelas para entregar contraproposta
LUSA / 12/6/2015, OBSERVADOR
Uma delegação do Governo
grego vai deslocar-se este sábado a Bruxelas para apresentar uma
contraproposta aos credores internacionais com vista a um acordo
sobre o financiamento do país.
Uma delegação do Governo
grego vai deslocar-se este sábado a Bruxelas para apresentar uma
contraproposta aos credores internacionais com vista a um acordo
sobre o financiamento do país, disse hoje fonte do executivo
helénico.
Fonte do Governo helénico,
citada pela agência France Presse, afirmou que as duas partes “estão
cada vez mais perto de alcançar um acordo” e referiu que o
primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e o presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, discutiram hoje ao telefone “os
próximos passos da negociação”.
Após um fim de semana de
tensão, a Grécia retomou na terça-feira as negociações com os
credores europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que na
quinta-feira anunciou a sua retirada da equipa técnica das
negociações.
O porta-voz do FMI Gerry Rice
afirmou que persistem divergências importantes entre a Grécia e os
credores internacionais e que um acordo ainda está longe,
acrescentando que as autoridades gregas estão a preparar novas
propostas.
Fontes comunitárias, citadas
por vários órgãos de comunicação social, assinalaram também na
quinta-feira que Bruxelas tinha estabelecido um prazo de 24 horas
para que a Grécia apresentasse um novo plano.
A Grécia enfrenta problemas
de liquidez e vai ter de pagar perto de 1,6 mil milhões de euros ao
FMI a 30 de junho.
Afinal,
há um plano B. Bruxelas prepara-se para incumprimento na dívida
grega
EDGAR CAETANO/
12/6/2015, OBSERVADOR
Impasse
nas negociações faz com que Bruxelas admita que, daqui para a
frente, há três cenários possíveis. Um deles passa por planear o
que será feito se a Grécia falhar com um pagamento de dívida.
Altos responsáveis
da Comissão Europeia estão a preparar-se para a possibilidade de a
Grécia incumprir com um pagamento de dívida nas próximas semanas.
A Reuters escreve esta sexta-feira que, perante o arrastar das
negociações, os responsáveis já incluem nos cenários possíveis
um cenário em que a Grécia protagonize o primeiro default (falha de
pagamento) de um país na História da zona euro. O BCE, o FMI e
vários Estados-membros estão “extremamente céticos” de que
poderá haver um acordo a tempo, pelo que agora se admite,
abertamente, que pode ser necessário um “plano B”.
“Pela primeira vez
houve uma discussão sobre um ‘plano B’ para a Grécia”, disse
uma das fontes citadas pela Reuters, uma informação corroborada por
todas as outras fontes contactadas pela agência. Até agora, vários
responsáveis têm negado a existência (e a necessidade) de
discussões sobre um “plano B”, isto é, o que fazer se a Grécia
incumprir com a dívida por não chegar a acordo com os credores e
como o país pode permanecer na zona euro se isso acontecer. Em
Bruxelas, essa ideia tem sido tabu, mas pelo menos desde abril que,
segundo a imprensa alemã, Berlim discute como se poderá reagir a um
default sem que isso leve à saída do euro.
A Grécia pediu ao
FMI para não pagar os reembolsos de dívida de 5 de junho, o
primeiro de quatro este mês, aglutinando todos os pagamentos de
junho para o final do mês. Será um total próximo de 1,6 mil
milhões de euros. O fim do mês de junho é, também, o prazo-limite
para a conclusão das negociações relativas ao segundo resgate, que
foram estendidas por quatro meses em fevereiro.
Neste contexto, os
responsáveis em Bruxelas estão a admitir três cenários:
Acordo. Segundo a
Reuters, os responsáveis consideram que é um cenário cada vez
menos provável, mas ainda se admite que as posições dos credores e
da Grécia se aproximem a tempo de a Grécia receber os 7,2 mil
milhões de euros que estão suspensos (além de outros recursos) e
usá-los para evitar o default.
Nova extensão do
programa. Admite-se, também, que se faça uma nova extensão do
segundo resgate, o que, ainda assim, obrigaria a medidas no sentido
de dar algum oxigénio à tesouraria da Grécia. A extensão poderia
ser, por exemplo, até final de setembro. Ainda assim, na
segunda-feira o porta-voz do Governo grego, Gabriel Sakellaridis,
recusou que esteja em cima da mesa a extensão do atual programa de
ajuda à Grécia (“não é o que a economia precisa”), assim como
a proposta feita à Grécia pela troika. O objetivo das negociações
em curso é, ao invés, conseguir resolver o problema de
financiamento “de médio prazo”, assim como os “problemas de
liquidez” do Estado grego, disse o porta-voz.
Aceitar que a Grécia
não pague. Os responsáveis de Bruxelas concordaram que é pouco
provável que se chegue a um acordo sobre as reformas na Grécia que
permita uma conclusão do segundo resgate. Para isso, “seriam
necessários progressos em poucos dias que não foi possível obter
em várias semanas“, disse uma das fontes, acrescentando que existe
um “ceticismo extremo” entre os responsáveis do BCE, do FMI e de
alguns Estados-membros.
Neste terceiro
cenário, os responsáveis concordaram que, muito provavelmente,
teriam de ser aplicados controlos de capitais para evitar que os
bancos sofressem uma corrida aos depósitos e que Atenas se visse
obrigada a começar a imprimir moeda própria. Poderia ser um
primeiro passo para um processo que poderia ser muito rápido e levar
a Grécia a sair da união monetária. A este respeito, o Observador
questionou, recentemente, “Do default à saída do euro quantos
dias são?“.
Sem comentários:
Enviar um comentário