Presidente
do Conselho Europeu: “Não há mais tempo para jogos”
11/6/2015,
OBSERVADOR
Presidente
do Conselho Europeu parece ter perdido a paciência e diz que a
Grécia e os credores têm de se entender, e rápido. Ao Governo
grego diz que tem de ser "um pouco mais realista".
O presidente do
Conselho Europeu lançou hoje um aviso à Grécia e aos credores,
dizendo que “não há mais tempo para jogos” e que nesta altura é
necessário tomar decisões, e não mais negociações. Ao Governo
grego diz que tem de ser “um pouco mais realista”.
Não é hábito
ouvir o polaco Donald Tusk, que substituiu há alguns meses Herman
Van Rompuy na liderança do Conselho Europeu, fazer comentários
sobre temas da atualidade e o próprio disse isso mesmo esta
quinta-feira, na conferência de imprensa no final da cimeira entre
os chefes de Estado e de Governo da União Europeia e os países da
América Latina e Caraíbas. No entanto, também para este
responsável europeu, a paciência parece ter acabado.
“Mantive-me
discreto, moderado e neutro todo este tempo, mas a minha reflexão
sobre a reunião de ontem [quarta-feira, entre Alexis Tsipras, Angela
Merkel e François Hollande] é: é para mim óbvio que agora
precisamos de decisões, não de negociações. É minha opinião que
o Governo grego tem de ser um pouco mais realista. Não há mais
espaço para jogos, não há mais tempo para jogos”, disse o
responsável, no final da conferência de imprensa.
Donald Tusk foi
ainda mais longe e dramatizou o estado das negociações, dizendo que
o tempo acabou e que as decisões têm de ser tomadas agora.
“Receio que alguém
diga o jogo acabou. Não temos mais tempo. Tenho a certeza absoluta”,
disse.
Os comentários
surgiram na mesma altura em que o primeiro-ministro grego Alexis
Tsipras se reúne com Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão
Europeia.
Moody’s:
A zona euro está a convergir enquanto a Grécia está a deslizar
11/6/2015,
OBSERVADOR
Um
índice da Moody's revela que as condições financeiras estão a
normalizar na zona euro, para níveis de 2010. Mas a Grécia é, cada
vez mais, um caso à parte que não está a contagiar os restantes.
A crise da dívida
europeia, que começou em 2010, gerou uma fragmentação financeira
acentuada nos países da zona euro, o que se traduziu, por exemplo,
em custos incomparáveis quando uma empresa alemã e outra portuguesa
ou espanhola (com as mesmas características) procuravam
financiamento na banca ou nos mercados de capitais. Nesta fase, com a
União Bancária, o regresso ao crescimento e os estímulos do BCE,
um índice da agência Moody’s revela que essa fragmentação está
nos níveis mais baixos desde 2010. A exceção é a Grécia, que
está a seguir em sentido contrário. Pelo menos para já, contudo,
não está a contagiar os outros países.
Nos primeiros quatro
meses de 2015, a Grécia foi o único país onde a fragmentação
financeira se agravou, afirma a Moody’s em nota a que o Observador
teve acesso. Em todos os outros, as condições financeiras
normalizaram-se, quando se analisa a homogeneidade de custos de
financiamento e outros indicadores.
O agravamento das
condições financeiras na Grécia manifestou-se num aumento das
taxas de juro da dívida soberana, saída de depósitos da banca e
desequilíbrio dos balanços (TARGET2) entre os vários bancos
centrais nacionais (um reflexo de fuga de capitais da Grécia). “No
entanto, não tem havido contágio significativo da Grécia aos
outros países da zona euro”, diz a Moody’s, acrescentando que em
abril de 2015 “a fragmentação tinha descido ainda mais, para os
níveis mais baixos desde 2010″.
No gráfico acima, a
linha azul reflete o índice de fragmentação excluindo a Grécia,
que está claramente em trajetória descendente nestes primeiros
meses. Incluindo a Grécia, o índice não alivia tanto e está perto
dos máximos de início de 2014.
O crescimento
económico na zona euro acelerou no primeiro trimestre, com uma
subida de 0,4% face ao trimestre anterior, com surpresas positivas em
Itália e França a compensarem um desempenho abaixo das expectativas
da Alemanha. Já a Grécia registou uma contração da economia de
0,2% entre janeiro e março, depois da perda de 0,4% do PIB no quarto
trimestre, também em cadeia, segundo dados publicados esta
quarta-feira pelo Eurostat a 13 de maio. Atenas voltou, portanto, à
recessão técnica.
Sem comentários:
Enviar um comentário