O edifício
inaugurado em 1923 está encerrado desde 2003 e encontra-se "em
avançado estado de degradação"
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Câmara
entrega Pavilhão Carlos Lopes ao Turismo e admite a sua demolição
parcial
INÊS BOAVENTURA
15/06/2015 – PÚBLICO
O edifício no
Parque Eduardo VII, para o qual foram anunciados nos últimos anos
três projectos que nunca saíram do papel, vai ser entregue à
Associação de Turismo de Lisboa, que irá promover a sua
reabilitação.
A Câmara de Lisboa
quer entregar o Pavilhão Carlos Lopes à Associação de Turismo de
Lisboa (ATL), que aí pretende realizar “eventos, nomeadamente de
carácter cultural, artístico e desportivo”. O município sublinha
a obrigação de “manter inalteradas as fachadas e a cobertura”
do imóvel, mas admite a possibilidade de nelas se utilizarem “novos
materiais” e de se “demolir parcialmente o edifício”.
Desde 2008, foram
vários os destinos anunciados para o edifício no Parque Eduardo
VII, inaugurado em 1923, a começar pela instalação no local do
Museu Nacional do Desporto. Depois disso a câmara lançou um
concurso público para a exploração do espaço, do qual saiu
vencedora uma fundação, que ali queria realizar concertos,
passagens de modelos e criar uma “discoteca intimista”. Um
projecto que acabou por não se concretizar e que deu entretanto
lugar a outro que ficou também pelo caminho: a transformação do
imóvel concebido pelos arquitectos Guilherme e Carlos Rebelo de
Andrade e Alfredo Assunção Santos num centro de congressos.
A mais recente
proposta do município, que vai ser discutida em reunião camarária
esta quarta-feira, passa por entregar à ATL uma parcela de terreno
com mais de 12 mil m2, que inclui o Pavilhão Carlos Lopes. Para tal
será constituído um direito de superfície, por 50 anos, pelo qual
aquela associação pagará um valor a rondar os 3,533 milhões de
euros.
Segundo se diz na
proposta, a ATL “suportará integralmente os encargos de
projecto/construção/recuperação e manutenção” do pavilhão,
sendo que a sua reabilitação “não poderá traduzir-se na
alteração da volumetria existente, com salvaguarda dos valores da
memória e do passado novecentista do edifício”. O objectivo da
intervenção a realizar é permitir “a realização de eventos,
nomeadamente de carácter cultural, artístico e desportivos levados
a cabo pela ATL”.
Num Relatório de
Avaliação Imobiliária realizado pela Divisão de Operações
Patrimoniais da câmara constata-se que o imóvel, que foi encerrado
em 2003, está “em mau estado de conservação”, carecendo de
“obras importantes de contenção e reconstrução da cobertura”.
Nesse documento explica-se que “qualquer intervenção obriga a
manter inalteradas as fachadas e a cobertura, no que se refere à
composição geométrica e forma da estrutura”, mas acrescenta-se
que “será possível demolir parcialmente o edifício, e utilizar
na cobertura e nas fachadas novos materiais, com características
mais resistentes ao isolamento acústico e térmico”.
“Os elementos e
peças ornamentais, marcenarias, cantarias, painéis de azulejaria e
estatuária carecem também de intervenção no sentido da sua
recuperação”, acrescenta-se no relatório, no qual se lembra que
“as intervenções preconizadas, sejam remodelações, sejam
ampliações da área de construção, são passíveis de obter
aprovação pelas entidades licenciadoras CML [Câmara Municipal de
Lisboa] e IGESPAR [Instituto de Gestão do Património Arquitectónico
e Arqueológico, organismo que deu origem à actual Direcção Geral
do Património Cultural]".
Ao Pavilhão Carlos
Lopes é atribuído um valor actual de mercado de 7,067 milhões de
euros, estimando-se que esse valor possa subir para 14,659 milhões
“depois da profunda intervenção que está preconizada para o
local”. Em relação às obras a realizar, diz-se no Relatório de
Avaliação Imobiliária que elas custarão cerca de 7,592 milhões
de euros, enquanto na proposta assinada pelo vereador do Urbanismo se
fala em 8,5 milhões.
Nessa proposta,
Manuel Salgado considera que “constitui um benefício para a cidade
e seus munícipes” a “reabilitação e revitalização” do
edifício, “actualmente em avançado estado de degradação”, mas
também “a sua utilização para desenvolvimento de actividades de
interesse público, cultural, artístico e desportivo”. Quanto à
ATL, diz-se que esta “possui características ímpares, condições
e valências, nos domínios relacionados com as atribuições desta
autarquia, em matéria turística, cultural e desportiva”.
Também para a
reunião de quarta-feira foi agendada uma proposta do CDS que sugere
que a câmara possa vir a celebrar contratos de delegação de
competências com as 24 freguesias de Lisboa para que estas passem a
exercer competências em matéria de fiscalização de “grafitos,
afixações, picotagem”. Ao abrigo da Lei n.º 61/2013, que
estabelece o regime aplicável a essas e outras “formas de
alteração das características originais de superfícies exteriores
de edifícios, pavimentos, passeios, muros e outras infraestruturas”,
a fiscalização das suas disposições compete “às polícias
municipais e ou aos serviços de fiscalização municipais”.
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