Penalizar o petróleo
e apoiar as energias limpas é uma das soluções defendidas pelos
portugueses que participaram neste inquérito
|
Maioria
dos portugueses "muito preocupada" com alterações
climáticas
LUSA 07/06/2015 /
PÚBLICO
A maioria dos
portugueses está “muito preocupada” com as alterações
climáticas, segundo os resultados de um inquérito realizado em
Lisboa, inserido num debate global sobre o clima, que envolveu, no
sábado, cidadãos de dezenas de países.
Os resultados foram
divulgados neste domingo por Luísa Schmidt, do Instituto de Ciências
Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, que, em conjunto com Ana
Delicado, organizou o debate em Portugal.
Estes resultados
mostram que 56% dos portugueses estão “muito preocupados” com as
alterações climáticas, 43% estão “preocupados” e apenas 1%
não se mostraram preocupados.
A iniciativa,
iniciada pelo Governo francês, tinha como objectivo reunir no
sábado, em simultâneo, 100 cidadãos por 100 países para que
pessoas comuns pudessem debater e apresentar soluções para as
questões climáticas, tendo em vista a realização, em Dezembro, da
conferência das Nações Unidas sobre o clima, na qual os países
tentarão chegar a um novo acordo que substitua o protocolo de
Quioto.
Em Portugal, foram
120 os cidadãos participantes escolhidos pelo ICS, de acordo com
critérios de representatividade da sociedade portuguesa, “que
vieram de todas as regiões, de todas as idades, de quase todas as
profissões e também de todos os status sociais e graus de educação
diferentes”, explicou a investigadora.
No final dos debates
organizados por grupos, os cidadãos responderam a um inquérito
cujos resultados vão ser agora enviados ao Governo e inseridos nos
resultados globais que serão enviados aos decisores políticos
presentes na cimeira.
“A questão
interessante é que 81% os inquiridos em Portugal, ao contrário dos
outros países onde já obtivemos resultados, não sentem as
alterações como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade para
melhorar a qualidade de vida”, explicou Luísa Schmidt.
Para melhorar essa
qualidade de vida, a grande medida, escolhida por 57% dos inquiridos,
sugere que se devem dar subsídios às fontes de energia com baixa
emissão de carbono, como as energias eólica, solar, de ondas do mar
e geotérmica.
Por outro lado, 32%
sugerem que se deveriam cortar os subsídios aos combustíveis
fósseis, como o petróleo e o carvão.
Os inquiridos
defenderam também mais apoios para a investigação sobre energias
mais eficientes e a adopção de sistemas de transporte público
menos poluentes.
Do ponto de vista da
responsabilidade, 84% consideram que os resultados das negociações
do clima levados a cabo pelas Nações Unidas não foram suficientes
e que a conferência de Paris deve fazer muito mais para evitar a
subida das temperaturas.
“Quando se
pergunta o que é que acham relevante para combater este problema
desde já, os portugueses dizem que é sobretudo a criação de
programas de educação sobre alterações climáticas e a energia”,
salientou.
Cerca de 60%
reconhecem que as alterações climáticas não são uma prioridade,
mas defendem que o deveriam ser, mesmo que outros países não
assumam compromissos nesse sentido.
Em relação ao
acordo de Paris, 95% concordam que os países deveriam assumir um
compromisso forte contra as alterações climáticas e que as Nações
Unidas deveriam ter mais autoridade para fazer aplicar esses
compromissos.
De acordo com a
agência France Presse, que divulgou hoje à tarde os resultados
globais de 75 países participantes, quase 80% dos cidadãos dizem
estar “muito preocupados” com os impactos do desregulamento do
clima e mais de 71% consideram que as negociações climáticas
feitas no quadro da ONU, desde 1992, “não fizeram o suficiente”
para atacar o problema.
Sem comentários:
Enviar um comentário