Espanha ultrapassa a barreira dos seis milhões de desempregados.
Por Luís Villalobos in Público
26/04/2013
A taxa de desemprego subiu para 27,16%, valor histórico que coloca o país perto da Grécia. França também bateu recorde
A marca dos cinco milhões de desempregados em Espanha tinha sido ultrapassada na segunda metade de 2011. Agora, cerca de um ano de meio depois, passou a barreira dos seis milhões, um valor histórico pela negativa. Ao todo, de acordo com os dados do instituto nacional de estatística espanhol divulgados ontem, há 6.202.700 pessoas que não encontram emprego.
Um valor que, como realçava o site do jornal económico Expansión, veio confirmar as piores expectativas sobre o mercado laboral e a destruição de empregos, atirando a taxa para os 27,16% da população activa (que também baixou). Em termos anuais, o FMI e a Comissão Europeia estimam que a taxa seja de 27% em 2013, calculando o FMI que desça para os 26,5% em 2014.
Para já, e enquanto rivaliza com a Grécia no topo dos países com maior desemprego (Portugal tinha uma taxa de 16,9% no último trimestre de 2012, com tendência de subida), Espanha assistiu, em um ano, à entrada de mais 563.200 pessoas no desemprego, das quais 237.400 no primeiro trimestre deste ano. Já o número de pessoas empregadas caiu 322.300, para 16.634.700. Os números ontem conhecidos, que não encontram paralelo desde a década de 70, altura em que começou a ser feita esta análise estatística, prometem aprofundar o debate sobre o ritmo da austeridade aplicada pelo Governo de Rajoy. Espanha, que conseguiu escapar a um resgate idêntico ao de Portugal, Irlanda e Grécia graças ao apoio europeu concedido para recapitalizar os bancos e à promessa de intervenção do BCE no mercado secundário de dívida pública, tem aplicado uma receita de forte contracção da despesa para manter a confiança dos mercados, mas que afecta o investimento e o consumo. Como consequência negativa surgem os respectivos impactos no mercado de trabalho, que alimentam o ciclo recessivo em que o país se encontra.
Uma das fraquezas da economia espanhola foi a aposta excessiva no imobiliário, pelo que é curioso verificar que o sector da construção ficou incólume neste primeiro trimestre, com menos 11 mil desempregados. No sentido contrário estão os serviços, com mais 86.500 desempregados. A taxa de desemprego entre os jovens está já nos 57,22%, e perto de 3,5 milhões de pessoas procuram emprego há mais de um ano. Os números mostram ainda realidades consideradas críticas do ponto de vista social, já que, como evidenciava o Expansión, o número de agregados familiares onde ninguém tem emprego subiu 72.400, atingindo 1.906.100.
Também França, não obstante o seu maior peso económico e político, se vê a braços com números-recorde. Ontem, o Ministério do Trabalho divulgou os dados de Março, que dão conta de 3.224.600 desempregados, um aumento de 11,5% em termos anuais e que remetem para segundo plano o máximo histórico de 3.195.500 que tinha sido registado em Janeiro de 1997. Numa clara divisão entre os países do Norte e os do Sul, a Alemanha tem assistido a uma descida do desemprego. Actualmente, a taxa está nos 5,4%.
Por António Ribeiro Ferreira, publicado em 26 Abr 2013 in (jornal) i online
Taxa já atingiu os 27,16% e o desemprego jovem disparou para 57,2%. Há 7 125 900 pessoas sem trabalho em Portugal e EspanhaA catástrofe social não pára em Espanha, mas também em Portugal. Os dados ontem revelados pelo Instituto de Estatísticas espanhol caíram como uma bomba numa sociedade em crise política, económica e social. A taxa de desemprego em Espanha subiu para 27,16% no final do primeiro trimestre, o pior registo em mais de 37 anos, ultrapassando pela primeira vez os seis milhões de desempregados.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) espanhol, entre Janeiro e Março deste ano o número de pessoas com emprego caiu 322 300, baixando o número de pessoas com emprego para os 16 634 700. O número de pessoas que perdeu o emprego há mais de um ano também subiu, desta feita para os 2 901 100 nos 12 meses terminados em Março, mais 111 200 que no mesmo período terminado no final do quarto trimestre de 2012. No último ano, mais de meio milhão de pessoas terão perdido o seu emprego.
57,2% DE DESEMPREGO JOVEM
O desemprego jovem (pessoas com menos de 25 anos) situou-se nos 57,22% no primeiro trimestre, mais 2,09 pontos percentuais que no quarto trimestre, elevando o número de jovens desempregados em Espanha para os 960 400. E o número de famílias com todos os seus membros no desemprego subiu ainda para 1,9 milhões.
7 125 900 NA PENÍNSULA
A catástrofe social atinge em cheio a Península Ibérica, com Portugal e Espanha a baterem sucessivamente recordes de desempregados. No conjunto, há 7 125 900 de pessoas sem trabalho, mas a realidade é bem mais negra nos dois países contabilizando os que já deixaram de procurar emprego e ficaram de fora do radar das estatísticas oficiais.
Este panorama não se vai alterar a curto prazo. As previsões para as duas economias são perfeitamente desastrosas. Em Portugal o PIB deve cair 2,3% em 2013, de acordo com as previsões oficiais, mas poderá chegar aos 2,4% de acordo com outros institutos, nomeadamente da Universidade Católica. Em Espanha o cenário também é negro. As últimas previsões apontam para uma queda do PIB de 1,3% este ano e as promessas em ambos os países de regresso ao crescimento em 2014 são isso mesmo: promessas difíceis de se concretizarem com a a zona euro em recessão.
COMPARAÇÕES
Os mais de sete milhões de desempregados em Portugal e Espanha comparam com as populações de dois paíse europeus do norte, um da zona euro e outro fora da moeda única. Na Áustria, com uma população de 8 419 000 de pessoas, o desemprego está nos 4,3% e a economia deve crescer 1% este ano e 1,8% em 2014. Já na Dinamarca, que não aderiu ao euro, com uma população de 5 574 000 de pessoas, inferior ao número de desempregados de Portugal e Espanha, o desemprego é de 8% e a economia deve crescer 0,75% do PIB este ano. Numa Europa em crise, o fosso entre o norte e o sul nunca foi tão grande, uma situação que põe em perigo não só a zona euro como o próprio projecto da União Europeia.
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