quinta-feira, 4 de abril de 2013

Esta cidade não é para velhos ... Largo Trindade Coelho.

 O artigo que se segue publicado no Público relata o desespero dos proprietários a despejar ... mas, não se refere a esta tasca precisamente na esquina ... Embora o proprietário, no passado, sem dúvida pressionado pela Asae e a "Brigada do Inox" ( http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2012/07/brigada-do-inox-opiniao-de-antonio.html , referente a outro espaço a despejar no bloco do Corpus Christi, a "Adega dos Lombinhos") já tivesse substituido os balcões originais sem dúvida de madeira com tampo de mármore por Híbridos em Inox, a magnifíca estrutura original com compartimentos privados ainda lá está ...
Enquanto as revistas vanguardistas anunciam a criação de novas tascas revivalistas e "vintage"e apoia-se também com reconhecimento e entusiasmo ( e acertadamente) os "revivalismos" da "Vida Portuguesa" e os quiosques de Catarina Portas ... entretanto vai destruir-se este interior ?
Apregoa-se reconhecimento para a "Estrela da Sé" ( http://www.facebook.com/#!/estreladase.restaurante?fref=ts ) e para o "Faz Frio" e não se reconhece ... precisamente ... as mesmas características neste interior ameaçado ?
A fórmula Salgado impõe-se progressivamente ... e a Identidade e Autenticidade Locais ?
Não serão estes Autênticos Estabelecimentos Tradicionais que garantem o tal "Charme" que se reconhece como fonte de atracção para Nacionais e Estrangeiros ?
Habitação ? ... Ou mais residências Turísticas ?
António Sérgio Rosa de Carvalho.




"Sou homem para me acorrentar à porta" no dia em que tiver que sair da Olisipo, afirma José Vicente, o proprietário da livraria, que recebeu a carta referente à denúncia contratual em Janeiro. "Fixámos o valor da renda pela lei e quinze dias depois recebi uma carta do senhorio a dizer que ia fazer profundas obras de remodelação", conta.

"A lei é cega", afirma Augusto Silva, do Restaurante Expresso, que assume: "Comigo vai dar guerra até à última".


"Percebo que o senhorio faça aquilo que a lei permite. Vai ser bastante prejudicial para o comércio na cidade", afirma Luís Gomes proprietário da Livraria Artes e Letras.


Na Artes e Letras, as prateleiras já começaram a ser esvaziadas.

Despejo ameaça duas livrarias emblemáticas do Chiado

Por João Pedro Pincha in Público
04/04/2013

As livrarias Olisipo e Artes e Letras, no Chiado, correm o risco de fechar definitivamente em Agosto. Os proprietários culpam a nova Lei das Rendas e prometem lutar até ao fim para salvar os estabelecimentos
Os comerciantes de um prédio do Largo Trindade Coelho, na zona do Chiado, em Lisboa, receberam cartas a anunciar o fim dos seus contratos de arrendamento e, até ao fim de Agosto, os cinco espaços comerciais deverão encerrar portas. Entre eles estão as livrarias Olisipo e Artes e Letras.
"Sou homem para me acorrentar à porta" no dia em que tiver que sair da Olisipo, afirma José Vicente, o proprietário da livraria, que recebeu a carta referente à denúncia contratual em Janeiro. "Fixámos o valor da renda pela lei e quinze dias depois recebi uma carta do senhorio a dizer que ia fazer profundas obras de remodelação", conta.
A Livraria Olisipo existe desde 1983 e dedica-se à venda de livros antigos e de gravuras. "Esta casa foi pensada e viabilizada para o turismo. Fidelizei os meus clientes. Agora, perco 30 anos de trabalho", diz José Vicente, para quem a nova Lei das Rendas "é uma lei selvagem". Tudo porque, no âmbito da actual lei, aprovada em Agosto do ano passado, os inquilinos apenas têm direito a 12 meses de renda como indemnização em caso de obras no edifício. Na anterior lei, de 2006, o valor da indemnização não podia ser inferior a 24 meses.
José Vicente recebeu uma proposta de indemnização de cerca de 4000 euros, o que, diz, não dará para pagar as indemnizações de despedimento às três pessoas que trabalham na Olisipo.
Também a Livraria Artes e Letras (igualmente dedicada à venda de livros antigos), situada no mesmo edifício, terá de fechar portas até Agosto. O proprietário, Luís Gomes, está actualmente em negociações para se mudar para outro espaço, mas não deixa de dizer que a lei "foi feita com os pés". "Percebo que o senhorio faça aquilo que a lei permite. Vai ser bastante prejudicial para o comércio na cidade", afirma.
Além de ter de sair do espaço onde está há 25 anos, Luís Gomes está igualmente preocupado com os clientes por correspondência que foi angariando. "Uma livraria demora anos a fazer, a criar clientela, a conquistar confiança. A nova lei não tem em conta os estragos feitos ao nome e à reputação de uma casa."
No mesmo prédio, além das duas livrarias, funcionam ainda dois restaurantes, no rés-do-chão, e uma pensão, no último andar. Também estes estabelecimentos receberam a notificação de cessação do contrato em Janeiro. "A lei é cega", afirma Augusto Silva, do Restaurante Expresso, que assume: "Comigo vai dar guerra até à última". Aqui, serão dois os funcionários - além de Augusto - a perderem os seus empregos.
Mais abaixo, dez funcionários irão para o desemprego com o fecho da Adega de S. Roque, cuja entrada fica na Rua da Misericórdia, onde foi proposta aos actuais proprietários - que exploram o espaço desde 1993 - uma indemnização "à volta de 10 mil euros".
Jorge Carrera, dono da Pensão Estrela d"Ouro juntamente com a mulher, paga 280 euros de renda mensal, pelo que terá uma indemnização na casa dos 3300 euros quando fechar, a 1 de Setembro. O senhorio, garante, "nunca fez aqui um tostão de despesa".
O proprietário do edifício preferiu não fazer declarações ao PÚBLICO, garantindo apenas que o processo está a decorrer dentro da legalidade e que as obras se destinam à criação de habitação, mantendo-se o piso térreo para espaços comerciais.
José Vicente, que até já falou pessoalmente com a ministra Assunção Cristas sobre o seu caso - "não vi abertura da parte dela" para mudanças à lei, diz -, enviou uma carta aos deputados da Assembleia da República, o que garante ser "o início da luta".
Todos os comerciantes estão a estudar cenários com advogados.

Uma lei pouco consensual


Senhorios e inquilinos em pólos opostos
A Presidente da União das Associações de Comércio e Serviços (UACS), Carla Salsinha, pensa que "o que devia ter sido feito" na Lei das Rendas era "fazer sentar as partes para tentar chegar a uma solução equilibrada e justa para todos", o que, afirma, não aconteceu e tem provocado casos de pânico dos inquilinos face à lei. Carla Salsinha diz que têm sido muitos os associados a contactarem a UACS "com este drama, a pedir ajuda" e que "deslocalizar uma empresa significa muitas vezes encerrá-la", prevendo mais encerramentos no futuro. Na semana passada, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, também se mostrou preocupado com a lei, que diz estar a ser "desastrosa" e avisa que "a missa ainda nem saiu do adro". Já Francisco Silva Carvalho, advogado do senhorio do edifício do Largo Trindade Coelho, diz que "os proprietários andaram décadas a ser mecenas dos comerciantes", devido às baixas rendas que pagavam. A ministra afirmou, em Fevereiro, ser "prematuro mexer na lei".








 

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