terça-feira, 16 de abril de 2013

Passos acusado de ignorar o partido.



Passos acusado de ignorar o partido

Por Margarida Gomes in Público
17/04/2013

Conselheiros nacionais do PSD temem o pior dos cenários nas eleições autárquicas deste ano. A célebre frase de Pedro Passos Coelho "que se lixem as eleições" não foi mencionada no último Conselho Nacional do PSD, mas o presidente do partido deixou muitos conselheiros preocupados quando disse que os autarcas que encabeçam candidaturas com mais de três mandatos "sabiam dos riscos jurídicos que corriam". O líder do partido, que é também primeiro-ministro, referiu que o PSD tem uma posição muito clara em relação à Lei de Limitação de Mandatos, mas não perdeu a oportunidade de dizer que os "candidatos estavam totalmente conscientes dos riscos jurídicos" pelo facto de encabeçarem candidaturas que violam a lei e que isso lhes foi explicado de uma forma muito clara, deixando a ideia de que ninguém foi forçado a candidatar-se.
Numa altura em que o partido viu recusadas pelos tribunais as candidaturas autárquicas de Fernando Seara, em Lisboa, e de Luís Filipe Menezes, no Porto, "Passos Coelho lava as mãos" e afirma que os "candidatos sabiam dos riscos que corriam ao assumir as candidaturas", disse ao PÚBLICO um conselheiro nacional, que acusou o líder de "não ter nenhuma relação com o partido".
A questão da recente remodelação governamental ainda não foi digerida por muitos dirigentes nacionais, que não entendem as razões que levaram o primeiro-ministro a "escolher quatro professores da Universidade de Direito de Lisboa para ocupar pastas governamentais". "Esta remodelação não serviu para nada e o Governo é cada vez mais sulista, elitista e liberal", atirou um conselheiro nacional, fazendo jus a uma frase de Luís Filipe Menezes que ficou para a história.
Vários conselheiros com quem o PÚBLICO falou não poupam Passos, acusando-o mesmo de estar "exclusivamente centrado na governação". "Mas o país não é só governação", contrapõem as mesmas fontes, que afirmam não entender por que é que o primeiro-ministro entregou a coordenação política do Governo ao novo ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro. E perguntam: "Como é que Poiares Maduro vai impor qualquer coisa a Miguel Macedo ou a Paula Teixeira da Cruz?".



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