segunda-feira, 29 de abril de 2013

Sindicato dos Jornalistas "muito preocupado" com suspensão de jornalista da TVI.



Sindicato dos Jornalistas "muito preocupado" com suspensão de jornalista da TVI

Por Mariana Oliveira in Público
29/04/2013

"Estou muito preocupado que esta situação seja vista internamente como um sinal de repressão dissuasor dos direitos dos jornalistas da TVI",

Alfredo Maia receia que caso que envolve Ana Leal esteja a "criar ambiente de intimidação na redacção" da estação de televisão

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, afirma estar a acompanhar o processo que levou à suspensão da jornalista da TVI Ana Leal com "enorme preocupação, não só em relação à visada como também em relação à redacção" da estação de televisão. Alfredo Maia sublinhou ontem ao PÚBLICO que este caso é inédito e precisou que "em 36 anos de profissão nunca viu um jornalista ser alvo de um processo disciplinar por exercer um direito".
"Estou muito preocupado que esta situação seja vista internamente como um sinal de repressão dissuasor dos direitos dos jornalistas da TVI", realçou. E acrescentou: "Receio que esteja a ser criado um ambiente de intimidação na redacção da TVI." A suspensão, notificada na sexta-feira a Ana Leal, seguiu-se a uma participação da jornalista feita em Fevereiro ao Conselho de Redacção pedindo esclarecimentos sobre a retirada de uma notícia sua do alinhamento do Jornal das 8 de 26 de Janeiro, pela subdirectora Judite Sousa.
Contactado pelo PÚBLICO, o presidente não executivo da Media Capital, Miguel Pais do Amaral, não quis comentar o caso em concreto, nem as palavras do sindicalista. Mas insistiu que a TVI "nunca foi tão credível, tão séria e tão independente como agora". Pais do Amaral fez ainda duras críticas à anterior "linha editorial do canal", dizendo que "não era informação credível e séria", sem nunca referir nomes. O presidente não executivo da Media Capital referiu-se a Ana Leal e a outros colegas como "jornalistas apoiantes dessa linha" e enfatizou ter uma "grande admiração por José Alberto Carvalho e Judite Sousa", que formam a Direcção Editorial.
O PÚBLICO começou a noticiar este caso em Fevereiro, tendo tido cada vez mais dificuldade em contactar com elementos da redacção da TVI. Vários profissionais recusaram-se a falar com o PÚBLICO pelo telefone, temendo represálias internas.
Em causa, na notícia de Ana Leal, estava o facto de o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), então dirigido por Cândida Almeida, ter chamado a si um inquérito sobre a forma como foi adjudicado o polémico Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), mas depois ter optado por não reabrir o caso.
A notícia dava conta deste recuo do DCIAP numa altura em que se aproximava a eventual renovação da comissão de serviço de Cândida Almeida (que acabou por ser afastada pela nova procuradora-geral da República) e deveria ter sido emitida a 26 de Janeiro, a par de uma outra do jornalista Carlos Enes. Esta última dava conta do não funcionamento do SIRESP, que custou mais de 500 milhões ao Estado, durante a vaga de mau tempo em Janeiro.



Sem comentários: