Avenida
de Ceuta volta a ter um rio e no Vale de Alcântara irá nascer um
corredor verde
LILIANA BORGES
28/09/2016 - PÚBLICO
Projecto
para Lisboa foi apresentado pelo vereador dos Espaços Verdes que fez
questão de destacar que as intervenções não vão "incomodar
ninguém"
As obras em Lisboa
são para continuar e desta vez é Alcântara que vai ser alvo de
requalificação. Vão ser 13 hectares distribuídos ao longo de três
quilómetros que desenharão o novo corredor verde do Vale de
Alcântara. Antecipando potenciais críticas e questionado sobre o
impacto das intervenções no quotidiano dos cidadãos, José Sá
Fernandes fez questão de repetir que esta é uma intervenção que
“não vai incomodar ninguém” e não existirão constrangimentos
ou problemas com a circulação automóvel, “nem se estraga nada,
pois os terrenos estão vazios”. As obras terão um custo
aproximado de quatro milhões de euros, estima o vereador.
“Alcântara quer
dizer ponte, mas não tem existido uma ponte entre Campolide e
Alcântara, entre o Tejo e Monsanto”, criticou o vereador dos
Espaços Verdes da Câmara Municipal de Lisboa. Por isso, o projecto
da Câmara Municipal de Lisboa pretende corrigir as divisões, numa
obra que pretende ser “fazível e concretizável” sem ser
megalómana ou cara.
Para além de
pretender oferecer “mais e melhores pontos de atravessamento e
acesso às áreas habitacionais”, o novo corredor terá mais de 700
novas árvores, que irão ser regadas com água reciclada, o qual
terá “uma importância vital no processo de adaptação às
condições climáticas”. Ao contrário do que acontece
actualmente, “o percurso poderá passar a ser feito integralmente a
pé ou de bicicleta”. Além disso, a intervenção garantirá “mais
e melhor iluminação” e mais equipamento urbano.
E como a água é o
elemento inspirador desta intervenção, está ainda previsto um
pequeno regresso ao passado, quando o vale era um rio, criando-se um
canal de água no separador central da Avenida de Ceuta, ladeado por
faixas destinadas aos transportes públicos.
De acordo com o
vereador, grande parte das intervenções estarão concluídas no
espaço de um ano. “Daqui a um ano, por esta altura, espero estar
aqui numa sessão de abertura do corredor do Vale de Alcântara”,
confidenciou Sá Fernandes, durante a sessão de apresentação do
projecto, esta quarta-feira, na Estação de Tratamento de Águas
Residuais (ETAR) de Alcântara.
A primeira
intervenção irá ser discutida em reunião de Câmara no próximo
dia 13 de Outubro e abrange o parque urbano Quinta da Bela Flôr, que
“irá a concurso por 1,5 milhões de euros”. Segue-se depois o
Bairro da Liberdade, que concretizará a ligação com o Corredor de
Monsanto. Será construído um viaduto ciclo-pedonal e um túnel que
permite a passagem debaixo da linha. “O antes longe torna-se agora
mais perto”, propõe o projecto. Sá Fernandes mostrou-se
especialmente entusiasmado com a possibilidade de a população
passar debaixo de “um dos melhores monumentos do mundo”, o
Aqueduto das Águas Livres, junto aos pilares, algo até agora
possível apenas através de automóvel “e normalmente depressa”.
“É uma valorização patrimonial das mais importantes que se fez
nos últimos anos da cidade”, acredita o vereador.
O vereador
aproveitou ainda para fazer um balanço das restantes intervenções,
apontando a Primavera de 2017 como data de conclusão dos corredores
verdes das zonas Oriental, Ocidental e Central da cidade.
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